Tecnologia a serviço do ensino

Com óculos especiais para ver em terceira dimensão, alunos ganham interatividade para aprender conteúdos

Folha de Londrina | 21 de novembro de 2008

O processo da reprodução humana todo mundo já conhece. Sabemos que milhões de espermatozóides percorrem as tubas uterinas até encontrarem o óvulo e apenas um deles consegue fecundá-lo. A divisão celular e a acomodação do óvulo fecundado no útero permite o desenvolvimento do feto que irá nascer dali a nove meses.

Isso aprendemos na escola, com a leitura dos livros didáticos e a narração dos professores de Biologia. Mas alguém já conseguiu assistir a esta cena em três dimensões, da maneira como ocorre?

A resposta é sim. Com óculos especiais, alunos de uma escola particular de Curitiba participaram ontem da aula inaugural de uma nova tecnlogia pedagógica implantada na instituição. A ferramenta didática, chamada projeção estereoscópica, popularmente conhecida como 3D e amplamente utilizada em parques de diversões, permite aos alunos visualizarem conteúdos em três dimensões e possibilita a interatividade com os objetos de estudo. "É a primeira vez que essa tecnologia é usada com o foco educacional. Transformamos algo para a diversão ao processo educacional", afirma o diretor geral do Grupo Educacional Dom Bosco, Durval Antunes Filho.

Na prática, são produzidos vídeos sobre diversos assuntos, que retratam principalmente informações com as quais os alunos têm contato pelos livros, imagens ou narração dos professores e se concretizam apenas na imaginação dos estudantes. A proposta pretende também atrair o aluno para as atividades em sala de aula, porém, sem esquecer de valorizar o papel dos professores, fundamentais para todo o processo.

Até a aula inaugural de ontem, a professora de Biologia e analista pedagógica da instituição, Anna Thereza Ferreira, guardava com carinho uma fita VHS em que acreditava ter a representação mais fiel do processo de reprodução humana. "Uma loucura", define. Ela, que há 23 anos trabalha em sala de aula, aprovou a nova tecnologia para mostrar aos estudantes conteúdos que são difíceis de passar para a realidade. "(Com a aula 3D) o aluno entra no que está sendo explicado, o que antes era feito por analogias", conta.

Na avaliação do neuropediatra Nelson Guerchon, que atua na neurologia do aprendizado, a iniciativa favorece a prática do ensino porque estimula outros sentidos além da audição. Ele afirma que a estrutura de aprendizado atual ainda é a mesma que foi definida durante a Revolução Industrial, apoiada na fala e na escrita.

Ruídos do meio ambiente prejudicam a concentração do aluno em sala de aula e desviam sua atenção do professor. A partir desse contexto, surge a necessidade de outras tecnologias para ampliar a transferência do conhecimento, como filmes e a utilização de computadores. Para Guerchon, a tecnologia 3D aproxima ainda mais os alunos dos conteúdos. "Uma coisa é falar sobre o Complexo de Golgi (uma das estruturas de nossas células), outra é entrar na estrutura", afirma.

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