Planejamento urbano como atração turística

Profissionais da área de Turismo analisam estrutura de Curitiba como um destino turístico

Folha de Londrina | 10 de outubro de 2008

Um grupo com mais de 40 pessoas de vários estados do Brasil e de alguns países da América Latina observando pontos turísticos e a rotina de Curitiba. Quem passa por perto imagina que se trata de um grupo em um passeio turístico. Mas não é. Muito pelo contrário, são estudantes e profissionais da área do Turismo que passaram ontem por vários pontos do centro de Curitiba para analisar as estruturas do planejamento urbano e ambiental da Capital.

Guiados pelo professor José Manoel Gonçalves Gândara, coordenador do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o grupo analisou como o planejamento urbano e ambiental influencia a determinação da cidade como um destino turístico. Gândara apresentou estruturas criadas para a população local e que fazem de Curitiba uma referência para visitantes de outros municípios do Brasil e do Exterior. ‘’São fatores que conformam a cidade, antes sem muitos atrativos, a um maior reflexo de planejamento para a população’’, explica o professor.

Tais fatores são percebidos no cuidado com o meio ambiente, no saneamento básico, nas áreas de lazer, no sistema de transporte e nos instrumentos direcionados para o turismo, como as linhas de ônibus específicas, centros de informação e mesmo os pontos turísticos. Gândara afirma que o planejamento direcionado para o meio ambiente começou na década de 1970. Já a preocupação com a atividade turística iniciou-se em meados de 1990, com uma campanha para fortalecer a identidade local junto à população e a participação de diversos setores da sociedade. ‘’É o orgulho de ser curitibano e de determinadas etnias’’, diz.

O grupo passou a pé por pontos importantes da cidade como o Bosque do Papa, Largo da Ordem, Praça Tiradentes, Rua XV de Novembro e Praça Eufrásio Correia, que unem vários fatores de planejamento urbano e ambiental. Em cada parada, conheciam um pouco da história do local e faziam comparações com as suas cidades. Quando perguntados sobre a diferença entre a terra de origem e Curitiba, a resposta é unânime: falta planejamento para a cidade deles e a população também não exige melhorias. ‘’O curitibano também é mais crítico’’, analisa Gândara.

Municípios não têm estratégias
Além da comparação com o município de origem, é natural nos visitantes a provocação de tentar desenvolver estratégias em suas cidades, sempre articuladas com os demais setores municipais. Daniela Caruza, 21, estudante de Turismo da Universidade Estadual do Piauí, veio de Teresina e acredita que, para valorizar ainda mais a cidade onde mora é preciso melhorar a imagem local junto à população. ‘’Lá não tem estratégias’’, afirma. Sara Sumie Muranaka, 21, futura turismóloga da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, acredita que ainda falta estrutura para a população e reivindicações por parte da comunidade.

Outros municípios que se destacam no planejamento urbano e ambiental como destinos turísticos são Belo Horizonte, Aracajú e Campo Grande. ‘’Esse planejamento sempre parte da cidade para os moradores e depois tornam-se referências turísticas’’, ressalta o professor José Manoel Gonçalves Gândara.

A atividade fez parte do X Seminário Internacional de Turismo (SIT), realizado em Curitiba até amanhã. O tema do evento é ‘’Tecnologia e Turismo - ciência, pesquisa e inovações tecnológicas em benefício do turismo’’ e discute as tecnologias para a área de Turismo, com a participação de estudiosos de todo o mundo, apresentações de trabalhos e oficinas. O seminário é realizado na Universidade Positivo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário