Banco de leite humano precisa de doadoras

Hoje é Dia Nacional de doação; Hospital Evangélico necessita dobrar número de doadoras

Folha de Londrina | 1º de outubro de 2008

O Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (HUEC) recebe metade da quantidade de leite necessária para atender os bebês que estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Do total recebido, metade não pode ser utilizado devido à má conservação ou por contaminação no momento da coleta. Com a quantidade de leite muito inferior ao ideal, o hospital consegue atender apenas os casos mais graves.

Em média, o Banco de Leite do HUEC conta com 60 doadoras e recebe de 90 a 95 litros de leite por mês. "O ideal seria pelo menos o dobro (de doadoras e de leite recebido). Dos 90 litros que recebemos, utilizamos apenas 50 litros", alerta a nutricionista e coordanadora do BLH, Fernanda Villela Mesa. Entre as doadoras, 90% são as chamadas externas, ou seja, mulheres que não frequentam o hospital e fazem as coletas em casa. Outras colaboradoras do banco são mães que estão com seus filhos na UTI Neonatal e fazem a doação quando há quantidade de leite maior do que a necessária para seu filho. Em muitos casos, o stress de ter seu filho na UTI dificulta o processo de produção do leite, mas a enfermeira obstetra do banco, Rosane Silva, 45, explica que todas as mães produzem leite.

Ainda se adaptando com o processo de coleta de leite, a operadora de caixa Bianca Sabrini Silva, 21, faz a doação pela primeira vez. Sua filha Emanuella nasceu há seis dias e está na UTI Neonatal porque nasceu com 37 semanas. "Vou dar meu leite para a minha filha e para os amiguinhos dela que precisam. É como dizem, o leite é o sangue branco, é vida também", diz. Bianca, que nunca pensou na possibilidade de doar leite, percebeu o quanto a prática é importante e diz que pretende continuar a doar depois que sua filha sair da UTI e puder mamar no peito. "Depois que pega o jeito é uma delícia. Eu não sabia que poderia doar. Só depois de três dias que minha filha nasceu é que soube. Eu ainda nem tinha tocado no seio", conta. Assim como Bianca, a vendedora Celia Regina Plautz Silva, 38, nunca havia pensado em doar seu leite e afirma que durante os exames pré-natal não foi orientada a fazer a doação. Por enquanto, ela coleta o leite apenas para sua filha Vitória Regina, de quase duas semanas. "Quero continuar salvando a vida da minha filha e de outros."

Fernanda, que também é doadora há seis meses, conta que entre as 1,2 mil mulheres que realizam o pré-natal no Hospital Evangélico, 25% são saudáveis e têm condições de realizar a doação. Em muitos casos, as mulheres são moradoras da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e não têm condições de encaminhar a doação ao hospital. Em outros, as mães afirmam que não têm leite ou tempo para se dedicar ao processo. Porém, o tempo de coleta varia de acordo com a habilidade da mãe e a quantidade de leite que ela produz. "Quanto mais estímulos, mais a mama produz leite. A amamentação traz vários benefícios. É um alimento completo, contém todos os nutrinetes necessários e transfere organismos de defesa para os bebês, que é fundamental para aqueles que estão na UTI Neonatal, que estão com baixa imunidade", afirma a coordenadora. Para isso, a equipe do banco de leite realiza diversas orientações sobre o processo correto de amamentação e a possibilidade de doar leite.


Estrutura também é desafio
Além da falta de doadoras de leite, o Hospital Universitário Evangélico de Curitiba sofre com a falta de estrutura para a coleta do material. O diretor técnico do hospital, Celso Fiszbeyn, acredita que a parceria com empresas poderia solucionar o problema. "Algumas mães poderiam doar mais, mas não temos como transportar e buscar o leite", diz.

Ele afirma que a doação de um veículo resolveria o problema. "Não precisa passar o carro para o hospital, apenas disponibilizá-lo e a nossa equipe fica responsável por fazer as coletas. Quanto mais sensibilizarmos, menor será a mortalidade neonatal e a morbidade, ou seja, as doenças entre os recém- nascidos. O leite é um só, ele não fica mais fraco ou mais forte e mesmo quando a mãe está desnutrida, ela consegue amamentar, que é fundamental", explica.

Enquanto isso, a voluntária Neyde de Queiroz Salles, 70 anos, ajuda o Banco de Leite com o seu trabalho. "Gosto muito de criança. Tive só um filho, mas quero continuar a minha missão de mãe", conta.

Como ajudar
O Banco de Leite do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba atende pelo telefone (41) 3240-5117. As doações podem ser feitas o ano inteiro, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas.


A COLETA DO LEITE:
1. Iniciar a coleta depois da mamada do bebê ou quando as mamas estiverem muito cheias
2. Armazenar em frascos de vidro com tampa plástica
3. Higienizar a aréola (parte escura da mama) e o mamilo com o próprio leite
4. Massagear toda a aréola utilizando a mão contrária à mama, em movimentos circulares. Depois, coloque o dedo polegar acima da linha onde termina a aréola e o indicador abaixo. Firme os dedos para trás, em direção ao corpo. Tente aproximar a ponta dos dois dedos até sair o leite

Dicas importantes
- Despreze os primeiros jatos do leite, eles contêm uma substância que azeda todo o leite coletado
- Mantenha o leite em temperatura ambiente por no máximo 20 minutos. Depois disso, deixar no congelador por no máximo 10 dias
- Identifique o frasco com o nome da doadora, data do início da coleta, data de nascimento do bebê e com quantas semanas nasceu

Orientações para as mães:
- Aumente o consumo de frutas, verduras e alimentos integrais
- Evite alimentos ricos em cafeína
- Consuma mais líquidos - Evite fumar e consumir bebidas alcóolicas
Fonte: Banco de Leite do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba

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