Pinguins visitam Litoral paranaense

Centro de Estudos do Mar precisa de recursos para montar área de recuperação de animais

Folha de Londrina | 26 de julho de 2008

No inverno, os pingüins que habitam o Sul da Argentina saem em bandos pelo oceano em busca de comida e água quente para a reprodução. Eles pegam carona com a corrente das Malvinas e chegam ao Sul do Brasil. Todos os anos, nos meses de junho e julho, é comum a visita de pingüins no litoral do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, que, quando se perdem do grupo, chegam até o litoral do Sudeste e Nordeste. Junto com eles viajam baleias, aves e lobos marinhos.

Em média, o Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Pontal do Sul (Litoral), recebe pelo projeto Proamar – Projeto de Recuperação de Aves, Mamíferos e Répteis – 20 Pingüins de Magalhães, que chegam até a praia porque estão fracos ou mortos. Só neste ano foram recolhidos 20 animais e cinco ainda estão em tratamento. ‘‘Eles chegam aqui muito debilitados e petrolizados, pois atravessam manchas de óleo no oceano’’, conta o coordenador do CEM, Maurício Camargo.

Diferente de outros animais que também chegam ao litoral paranaense, como as aves e lobos marinhos, os pingüins são mais resistentes e a taxa de recuperação é alta, chega a 92%. Depois que são recolhidos, os animais passam por um tratamento veterinário, de limpeza e recebem alimentação.

Além do tratamento dos pingüins, os pesquisadores do centro realizam o monitoramento de animais mortos na praia e dos grupos que estão em alto mar. Nesta semana foram encontrados nos oito quilômetros da praia de Pontal do Sul 25 animais mortos. Em 2002, o índice de morte de animais por contaminação de óleo foi o mais alto registrado – 160.

O professor e pesquisador do CEM, Ricardo Krul, diz que a taxa de pingüins jovens encontrados mortos na praia é maior do que a de adultos e chega a 90%. ‘‘Eles morrem porque são jovens, não têm a experiência do adulto. Acabam se enroscando em redes de pesca e são mais suscetíveis para a contaminação por óleo’’, diz. Em outro monitoramento realizado nesta semana pelos pesquisadores foi encontrado um grupo de cem pingüins vivos em frente à Ilha do Mel e 50 animais a aproximadamente 100 quilômetros da costa.

Uma equipe de oito voluntários é responsável pelo acompanhamento dos visitantes, que depois de aproximadamente um mês são devolvidos para o mar. Mesmo curto, o período de convivência é suficiente para que os profissionais conheçam os pingüins de perto, a ponto de reconhecê-los

Os pesquisadores contam também com a ajuda da comunidade e dos pescadores, que contribuem muito para a hospedagens dos pingüins. Eles fazem doações de dinheiro, alimentos e dão uma carona para a equipe quando os animais são devolvidos para o mar, muito longe da costa.

Estrutura
O CEM, na condição de um centro de pesquisa, não possui a estrutura adequada para receber todos os animais que chegam ao litoral paranaense. ‘‘Nossa estrutura é mínima’’, diz Camargo. O centro conta apenas com uma pequena piscina e poucos recuros para a compra de alimentos e medicamentos. Mesmo assim, recebeu há pouco tempo uma autorização do Ibama para cuidar da reabilitação dos visitantes.

Os pesquisadores escreveram um projeto de captação de recursos para o desenvolvimento das atividades, que prevê a construção do centro, remuneração da equipe, compra de alimentação e estrutura para realização de pesquisas de campo, resgate e devolução dos animais na praia.

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