Fogos de artifício: perigo e diversão

Apenas neste mês foram registrados 20 procedimentos no Evangélico. Homens são as maiores vítimas

Folha de Londrina | 31 de dezembro de 2008

Muito além de colorir e animar as festas de final de ano, os fogos de artifício podem causar problemas sérios quando utilizados de maneira incorreta. São lesões, queimaduras e até amputações, que prejudicam o começo do novo ano e às vezes deixam marcas pelo resto da vida.

Na passagem do dia 31 de dezembro do ano passado para 1º de janeiro deste ano, os acidentes decorrentes de fogos de artifício foram responsáveis por 27 atendimentos nos hospitais Evangélico (HE) e do Trabalhador (HT), que atuam na recuperação de queimaduras e lesões ortopédicas, respectivamente. Apenas neste mês foram 20 procedimentos no Evangélico, e, do dia 24 a 30 de dezembro, 17 atendimentos.

"São várias lesões: feridas, queimaduras por todo o corpo, perda ocular e auditiva. O que mais acontece são queimaduras e perda da mão inteira", explica o médico ortopedista, especialista em cirurgia da mão do Hospital do Trabalhador, Ricardo Klempp Franco. O diretor-geral do hospital, Geci Labres de Souza Júnior, complementa que o perfil predominante das vítimas são os jovens do sexo masculino.

Os acidentes mais comuns acontecem quando o usuário segura o artefato com a própria mão, sem fixá-lo em um suporte seguro, ou ainda não respeita a distância recomendada. Franco alerta ainda para os fogos de artifício caseiros, produzidos de forma amadora. "Alguns não têm controle de fabricação e estão fadados a explodir. Outros acidentes acontecem em casa, quando tentam modificar ou abrir e (os fogos de artifício) estouram", afirma.

O consumo de álcool é um fator que aumenta os riscos de acidentes. Para que isto não aconteça, o presidente da Associação Industrial e Comercial de Fogos de Artifício do Paraná, Rodolpho Aymoré Júnior, sugere a eleição do "fogueteiro da rodada", pois é fundamental que a pessoa a manusear os foguetes não tenha consumido bebidas alcóolicas. "A pessoa precisa estar lúcida e tranquila", afirma. "Seguindo as instruções de uso, não tem como se machucar. A maioria dos acidentes ocorre por mau uso dos produtos", ressalta.

Os primeiros atendimentos aos feridos com fogos de artífico são poucos, como explica Franco. "É muito importante não ter acidentes. Por uma bobagem a pessoa fica incapacitada pelo resto da vida", diz. Ele conta que, em 2006, esteve de plantão durante a virada do ano e realizou seis atendimentos a feridos por fogos de artifício. Destas, três perderam a mão e as demais perderam alguns dedos. "Os seis não voltaram ao trabalho, se aposentaram."

O médico recomenda que a área ferida seja envolvida com um pano limpo e a vítima seja encaminhada imediatamente ao hospital. Ele afirma que não devem ser passadas pomadas no local do ferimento e que a pessoa não seja alimentada, o que prejudica o efeito da anestesia. Se a queimadura ocorrer nos olhos, é necessário lavar o local com água corrente para ser removida a pólvora. As crianças jamais devem manusear o produto.

Campanha
Para alertar a população sobre os riscos do uso incorreto dos fogos de artifício, o Hospital do Trabalhador lançou uma campanha de prevenção. Estão disponíveis no sistema de transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana 1,5 mil cartazes informativos.


Compras também exigem cuidados
Assim como na hora da festa, a segurança é indispensável no momento da compra dos fogos de artifício. Além de adquirir produtos licenciados, as lojas que vendem estes materiais devem ser especializadas.

Um levantamento da Associação Industrial e Comercial de Fogos de Artifício do Paraná aponta que 80% das lojas que comercializam fogos de artifício são clandestinas. Na Capital, são 35 estabelecimentos licenciados e aproximadamente 1,4 mil sem licença. "Este é um grande problema. Os consumidores não devem comprar em lojas clandestinas, de fundo de quintal, em que os funcionários não têm treinamento e não dão nenhuma instrução ao cliente", alerta o presidente da associação, Rodolpho Aymoré Júnior.

Ele afirma que, neste ano, o cenário para a venda de fogos de artifício é positivo. As vendas cresceram 6% em relação ao ano passado e a maior procura (70% das vendas) é pelos foguetes de cor, mais seguros que os foguetes de tiro. De acordo com o Aymoré, a venda só não foi maior devido às chuvas em Minas Gerais, maior produtor de fogos de artifício do Brasil. Além dos produtos mineiros, o presidente da associação afirma que os fogos de artifício chineses são os mais seguros e com efeitos mais bonitos.

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