Cardíacos precisam de tratamento rigoroso

Controle de fatores de risco e hábitos saudáveis devem ser adotados pelos pacientes

Folha de Londrina | 29 de maio de 2009

As doenças cardiovasculares não têm cura, mas são controláveis. As complicações desses problemas podem ser evitadas quando se consegue a adesão dos pacientes. Em todo o mundo, são 17,5 milhões de vítimas fatais a cada ano.

Entre as doenças mais preocupantes estão o infarto -com altos índices de mortes súbitas-, a hipertensão arterial e as alterações no colesterol, chamadas pelos especialistas de dislipidemia. A partir dos 40 anos de idade, os casos passam a ser mais frequentes e o tratamento desses males exige mudança na rotina.

O controle de fatores de risco, como o sobrepeso, a prática de atividades físicas ou dietas saudáveis possibilitam a normatização do quadro clínico sem o uso de medicamentos. Em casos moderados ou graves, os remédios são necessários com a combinação de medidas preventivas.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia -Regional Paraná, José Carlos Moura Jorge, a principal dificuldade está na adesão dos pacientes. Ele exemplifica com os casos de hipertensão arterial, em que aproximadamente 40% dos brasileiros têm o diagnóstico da doença, mas apenas 15% realizam o tratamento adequado.

Jorge ressalta que, por não terem cura, as doenças cardiovasculares precisam ser controladas. O êxito do tratamento também depende do diálogo entre os médicos e os pacientes, para que não abandonem o acompanhamento. "Os pacientes não têm a cultura de cuidar das doenças crônicas e têm o conceito de que as coisas são finitas. Os médicos precisam conversar muito com o doente, senão não tem adesão. Em alguns casos, a conversa é mais importante que o remédio", observa.


Prevenção pode reduzir mortes em dois terços
A prevenção pode reduzir em dois terços a mortalidade por doenças cardiovasculares. Merecem atenção o controle da obesidade, diabetes, colesterol alto, tabagismo, sedentarismo e estresse, que, controlados, inibem a ocorrência das doenças e, em muitos casos, não apresentam sintomas. O histórico familiar dessas doenças também causam predisposição ao problema.

"Às vezes, o infarto do miocárdio não dá a segunda chance. Causa morte súbita, sem sintomas", alerta Jorge. A partir desse quadro, o cardiologista orienta aos pacientes atenção e rapidez na procura de atendimento nas primeiras dores no peito, uma vez que a demora no atendimento compromete gradativamente a recuperação.

"Existe sempre a negação, (os pacientes) dizem que não é nada, é um mal estar passageiro e deixa de ir a um hospital. O infarto é relacionado ao tempo, quando mais rápido o atendimento, mais preserva o músculo. Se não for nada, ótimo, mas se for o início do infarto podem salvar uma vida", orienta.

Congresso de Cardiologia
Até sábado, Curitiba é sede de três eventos sobre doenças cardiovasculares. O 1º Fórum de Prevenção de Morte Súbita, o XII Congresso Sul Brasileiro de Cardiologia e o XXXVI Congresso Paranaense de Cardiologia discutem, com profissionais do Brasil e do exterior, casos da doença em todo o mundo. Os encontros ocorrem no Estação Embratel Convention Center. No local, equipamentos de última geração também foram apresentados aos médicos.

Leitura para toda a família

Sacola itinerante promove envolvimento de crianças e pais a partir dos livros

Folha de Londrina | 22 de maio de 2009

"Pare para ler", é isso que querem dizer os estudantes da Escola Municipal Ditmar Brepohl, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), quando utilizam uma "mãozinha" colorida para chamar seus familiares a um momento especial. Em uma sacola, eles levam para casa livros, gibis e revistas que são compartilhados entre a família e criam o hábito da leitura conjunta.

O projeto "Sacola Itinerante da Leitura em Família" começou há pouco mais de um mês e já conquistou as 530 crianças da educação infantil e do ensino fundamental que estudam na escola. Cada turma possui uma sacola, composta por 13 publicações de variados conteúdos, que fica dois dias na casa de cada aluno. A proposta é expandir às famílias o acesso à literatua, bem como integrar pais e filhos.

Nesse tempo, eles podem escolher qual será a leitura, sem compromisso com notas nas disciplinas. Tudo é registrado em um caderno, por meio de depoimentos de pais e alunos, que contam como foram os dois dias junto com o material. Quando a criança ainda não sabe escrever, desenhos mostram como foi a experiência. Em muitos deles, imagens de toda a família mostram que o objetivo foi alcançado.

Fora do caderno de registro, as professoras já percebem os resultados no desenvolvimento dos alunos. Os benefícios vão desde a atenção nas aulas até a melhoria na interpretação de textos e responsabilidade nos compromissos com a escola. Os reflexos também saem da sala de aula e chegam às famílias. "Aqui é só uma semente que estamos plantando. É uma marca na vida deles, que eles não vão esquecer, principalmente os momentos que vivem em casa, com os pais", afirma a professora de apoio pedagógico, Erica Meirelles.

Prova disso são os depoimentos dos pequenos leitores. "Foi muito bom ler com a minha família, gostei das revistas e dos livros", lembra Rebeca, 9 anos. "Eu não lia muito com a minha família e comecei quando levei a sacola para casa", conta Gabrielli, 7. "Aprendi a ler mais", diz Isabella, 10.

As professoras comemoram ainda o envolvimento da comunidade com as atividades escolares. A grande surpresa aconteceu na comemoração pelo Dia das Mães, quando foi superado o número de participantes esperados para o evento. "A comunidade está começando a entender que a escola é nossa. Estão se apropriando dela", avalia a mãe Kelly Regina Camargo dos Santos.


Personagens atraem alunos à biblioteca
Desde o lançamento do "Sacola Itinerante", no final de abril, vários "convidados ilustres" já participaram do projeto. Pessoas fantasiadas como Emília e Visconde de Sabugosa, da obra Sítio do Pica Pau Amarelo, escrita pelo autor brasileiro Monteiro Lobato, fazem a alegria das crianças. Para as professoras, esse tipo de representação foi o fator fundamental no envolvimento dos alunos com o projeto.

Além deles, vários personagens já passaram pela biblioteca durante a hora do conto, realizada duas vezes por semana em cada turma. Esse é o momento que os alunos têm para soltar a imaginação. "Os estudantes ficam esperando, pois a gente usa sons, cenários e figurinos especiais", conta a professora e contadora de histórias, Irineide Bochelof.

Enquanto não levam a sacola para casa, as crianças têm acesso livre aos livros da biblioteca, que não param nas prateleiras. A previsão é que, até dezembro, todos recebam o material. "Quero levar logo a sacola para casa para ler com a minha mãe", aguarda o estudante Yan.

A ideia surgiu durante uma capacitação a professores da rede municipal. A professora e contadora de história da biblioteca da escola, Carla Beatriz Camargo, acreditou que o projeto iria complementar as ações de leitura já desenvolvidas na instituição.

Muitos dos livros utilizados foram doações da comunidade, que apostou na ideia. A Secretaria Municipal de Educação também disponibilizou volumes.

A diretora da escola, Ema Maria Kratsch, garante que projetos como esse são possíveis. "As pessoas pensam que é um gasto grandioso, mas não é. É também amor é muita boa voltade."


‘Mãozinha’ chama para ler
A auxiliar de produção Cristiane Pinto, 25, lembra que não entendeu o que seu filho Gustavo Nunes, 9, queria quando mostrou a ela sua mãozinha colorida. "Eu estava fazendo o jantar e ele apontou a mãozinha para mim. Disse que devia parar o que estava fazendo para ler", conta. Assim que terminaram o jantar começaram a leitura. "Naquele dia ficamos lendo por duas horas. Achamos muito interessante uma matéria sobre gelatina", conta.

Assim como na casa de Cristiane, os assuntos científicos são os que mais chamam a atenção dos leitores. A mãe, que já tem o hábito da leitura, afirma que a participação no projeto estimulou ainda mais o contato do filho com os pais. "A gente desliga a TV, senta e lê", afirma.

Na casa da professora Kelly Regina Camargo dos Santos, 30, a sacola itinerante é esperada com ansiedade pelos seus dois filhos, matriculados na segunda e quarta séries do ensino fundamental. Nenhum dos dois ainda recebeu o material, mas, enquanto isso, participam do momento da leitura todas as noites. "Quando eles levam os livros da biblioteca tenho que ler antes de dormir. Antes de devolver o volume leio 15 vezes a mesma história", conta.

Para ela, além do hábito da leitura, a importância do projeto está na aproximação entre pais e filhos. "Quando a família participa, fortalecem os vínculos", afirma.

Frio eleva em 30% procura por albergue

Segundo Ação Social, perfil dos moradores de rua mudou. Há mais mulheres e até pessoas com curso superior

Folha de Londrina | 21 de maio de 2009

A queda nas temperaturas aumenta em aproximadamente 30% a procura por vagas no albergue mantido pela Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS). No inverno, a capacidade de atendimento chega ao máximo, com a ocupação diária de todos os 240 leitos disponibilizados no local. O problema, no entanto, é que mesmo antes do frio se tornar mais intenso o movimento já era grande no abrigo. A média registrada foi de 230 pessoas utilizando o espaço a cada dia -índice igual ao alcançado no último final de semana, quando ocorreu a primeira geada na Capital.

Para a gerente técnica da Central de Resgate da FAS, Nádia Cristina Moreira, o aumento nos atendimentos se deve a uma mudança no perfil dos moradores de rua. De acordo com ela, o consumo de drogas, em especial o crack, levou para as ruas as mulheres -até então quase inexistentes entre esta população- e pessoas mais jovens, com problemas em suas famílias ou nas comunidades onde moram. Anteriormente, o morador de rua era a pessoa com mais de 40 anos de idade e que em alguns casos optou pela vida nas ruas. "Em 80% é questão da droga, com idade entre 18 e 26 anos. Temos casos de pessoas com curso superior e que estão aprendendo a viver na rua. É uma mudança drástica, atípica", conta.

O acolhimento dos moradores de rua é centralizado pelo município, que conta com outras duas instituições parceiras no atendimento ao público. O Albergue São João Batista e o Lar Esperança atendem casos específicos relacionados à saúde. Parcerias com organizações de tratamento da dependência química também complementam o atendimento. Além do pernoite, em que podem se alimentar e fazer a higiene pessoal, os usuários recebem orientações de assistentes sociais. Muitos recusam a proposta de acompanhamento e deixam o local durante o dia, retornando apenas para dormir.

"A Central de Resgates serve para atender o público que mora na rua. Se cinco indivíduos estão usando drogas em um ponto da cidade, acham que é nosso papel, mas é de segurança pública, se está passando mal, é questão de saúde, não é da política de assistência social", esclarece Nádia, sobre uma possível confusão relacionada ao real papel da Central de Resgates.

O encaminhamento ao albergue é realizado a partir de três situações. Educadores e asssistentes sociais da central vão às ruas e seguem roteiros pré-definidos em locais de concentração constante de moradores de rua, como o Terminal do Guadalupe e as praças 19 de Dezembro, Tiradentes e Rui Barbosa, para realizar abordagens ou verificam as denúncias recebidas pela Central de Atendimentos e Informações 156. Em outro caso, os próprios moradores de rua se dirigem ao albergue, na chamada procura espontânea pelo usuário.

Em março deste ano, foram feitos 889 atendimentos a partir de denúncias da Central 156, 1.549 abordagens nas ruas e 5.414 recepções por meio da procura espontânea do usuário. No mesmo período, 5.835 pessoas utilizaram o albergue e 82 aceitaram continuidade do acompanhamento, com busca à família ou encaminhamento a instituições de desintoxicação.

Ampliação
Para solucionar o problema da grande procura pelo abrigo, especialistas estão analisando propostas de melhorias, que serão apresentadas até agosto deste ano. Na visão de Nádia, a ampliação do prédio não é a saída, mas sim a descentralização do atendimento para as outras centrais. "Este não é mais um problema do anel central de Curitiba, temos grandes regionais com grandes centros. Também precisamos de um trabalho educativo com a população, sobre a esmola. Isto contribui para que os moradores permaneçam na rua para comprar mais droga. Estamos financiando o narcotráfico desta forma", afirma.


‘Eu não tinha a malícia da rua’
Usuário do albergue da FAS há uma semana, Roberto (nome fictício), 27 anos, faz parte do novo perfil de moradores de rua. Ele deixou a casa de sua família, em Curitiba, após sete meses preso por receptação. A dependência química dificultou o relacionamento com os parentes e o levou às ruas da Vila Parolin, onde morou durante seis meses.

Antes da vida nas ruas, Roberto conta que cursava o terceiro período do curso de Direito em uma faculdade da Região Metropolitana de Curitiba e em seu trabalho como morotista conheceu quase toda a América Latina, realidade diferente da que encontrou fora de casa. "Eu andava pela Vila Parolin, Vila Hauer, pedia comida, dinheiro e às vezes roubava", lembra. A maior dificuldade, conta, era na hora de dormir, quando enfreitou noites de chuva e frio. "Eu não tinha a malícia do pessoal da rua."

O contato com a FAS só aconteceu depois que os educadores sociais esclareceram sobre o trabalho realizado. Até então, ele não sabia para onde iam os moradores de rua que aceitavam embarcar no veículo da fundação. Desde que foi ao albergue, iniciou um tratamento de desintoxicação e aguarda encaminhamento para uma entidade parceira. "Se não conseguir vaga, volto para as ruas e venho ao albergue. Aqui tenho onde deixar minhas roupas e tomar banho", afirma.

Doações ao Nordeste são tímidas

Folha de Londrina | 21 de maio de 2009

O Paraná arrecadou 30 toneladas de doações aos estados da região Norte e Nordeste que sofrem com o excesso de chuvas. Ao todo, 407 municípios de 13 estados passam por dificuldades. O último levantamento da Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) aponta 45 mortes e 377.850 pessoas desalojadas ou desabrigadas.

A arrecadação para esses estados é quase 67 vezes menor que o entregue a Santa Catarina. Os deslizamentos e alagamentos no ano passado mobilizaram duas mil toneladas de doações feitas por paranaenses. Na ocasião, de acordo com a Sedec, 10 municípios foram atingidos, 3.550 pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas e 135 morreram.

Na avaliação do chefe da Seção Operacional da coordenação estadual Defesa Civil no Paraná, tenente Eduardo Gomes Pinheiro, a distância entre doador e a área necessitada é um dos fatores responsáveis pelas poucas doações paranaenses. "A solidariedade é inversamente proporcional à distância. O noticiário (sobre os problemas) não chega aqui com tanta frequência", afirma o tenente. Ele também acredita que a arrecadação recorde conseguida em 2008 dificilmente seria repetida em tão pouco tempo.

Casos de desvio de donativos, como o registrado esta semana em Rio Negrinho, onde roupas encaminhadas às vítimas das enchentes no ano passado eram vendidas por R$ 1,00 por um empresário que já foi detido, também inibem as doações. A orientação do tenente é que a prática seja feita junto ao sistema de Defesa Civil, que encaminha os donativos às defesas civis dos estados. Cada estado gerencia as entregas nas localidades necessitadas.

Os donativos paranaenses ainda não foram enviados aos estados afetados pelas chuvas. A quantidade arrecadada é inferior ao necessário para embarcar nos aviões da Força Aérea Brasileira. Roupas, alimentos e artigos de higiene podem ser entregues em qualquer unidade do Corpo de Bombeiros ou na sede da Provopar, na Rua Doutor Murici, 950, centro de Curitiba.

Vida nova ao Centro Histórico

Comerciantes e moradores das ruas Richuelo e São Francisco pedem melhorias para a região

Folha de Londrina | 19 de maio de 2009

Locais importantes da história de Curitiba, as ruas Riachuelo e São Francisco, no Centro Histórico, necessitam de melhorias. As construções tradicionais e os pontos de encontros dos curitibanos no século passado deram lugar a diversos prédios abandonados, com a busca de novos investimentos em outros bairros da cidade. Hoje, comerciantes da região dividem espaço com traficantes e usuários de drogas e reclamam da falta de segurança na região.

A predominância do comércio nesses locais é de lojas que vendem móveis e roupas usadas. Algumas lanchonetes e relojoarias também funcionam no local. Porém, o que chama a atenção dos pedestres e comerciantes são os imóveis antigos, castigados pelo tempo e sem manutenção.

"Quase todo o comércio daqui está fechado", conta o comerciante Clayton Karam, que trabalha há 42 anos na Rua São Francisco. Em frente à loja, ele aponta para a situação das construções vizinhas. "Precisa melhorar a fiação, as calçadas e acabar com o uso de drogas. Parace que esqueceram deste lado da cidade", reclama.

Para o relojoeiro Mauricio Jamil Sanara, há 12 anos na Riachuelo, os problemas de segurança diminuíram, mas as construções são um problema. "Tem muito abandono. Não sei por que os proprietários fazem isso, tem que manter o prédio vivo", opina. "É uma rua feia, se as fachadas dos prédios ficassem bonitas ia melhorar muito", sugere a cabelereira Helena Ferreira.

Quem precisa passar pela região se preocupa com a falta de segurança. Vendedora de uma loja de roupas há sete meses, Kethyn Casseres conta que antes de trabalhar na Riachuelo desviava do local. "Tenho medo de sair sozinha às 18h30. A rua fica cheia de gente usando drogas. Durante o dia também tem esse problema", conta.

"Sei que posso ser assaltado. Aqui não é um abiente muito atrativo, tem tudo para ser feito", analisa o aposentado Paulo Bredow.

Com Otília Hilu, proprietária de uma loja de tecidos, a dificuldade é no início da manhã. De acordo com ela, que está no local há 40 anos, a situação piora ano a ano. "Vai desde calçada mal feita a uso de drogas e prostituição." As pessoas usam a frente da loja para usar drogas e dormir. "Eles já ficam esperando desde antes de fechar e quando eu chego de manhã está tudo sujo. É urina, fezes e restos de drogas. De tanto eu reclamar, a prefeitura lava a fachada toda manhã", conta.


Região vai passar por Plano de Atratividade
As ruas Riachuelo e São Francisco terão foco principal no processo de revitalização do Centro Histórico da cidade, com início previsto para ainda este ano pela prefeitura e organizações parceiras. Moradores e comerciantes também irão participar da iniciativa, que foi apresentada ontem em uma audiência pública.

A proposta pretende valorizar características próprias de cada rua da região. Desta forma, a Riachuelo, tradicional no comércio de móveis e roupas semi-novas, será transformada em um eixo conceitual, com foco na sustentabilidade. "A rua tem um grande comércio sustentável, na questão de reaproveitar, reutilizar, reciclar. Vamos reaproveitar os prédios históricos que estão ali", explica a consultora do Sebrae Valderes Bello, que realizou um diagnóstico do Centro
Histórico.

O estudo do Sebrae contabilizou 107 imóveis vagos que podem abrigar comércios em todo o Centro Histórico. A maioria concentrada na São Francisco, onde o projeto prevê a criação de um eixo gastronômico. "Não é apenas nova calçada ou iluminação, mas atrações e novos negócios. As duas partes precisam participar. Os empresários também precisam cuidar da preservação de seus edifícios, na despoluição visual e na organização de suas lojas", ressalta a consultora.

Também foram estudados os potenciais turísticos, culturais e emmpresariais de todo o Centro Histórico. Ao todo, foram contabilizados 697 empreendimentos na região. "São locais com grande fluxo de pessoas e que precisam de divulgação e empreendimentos de especialidades", afirma Valderes Bello.

Produção Social

Foto Reflexão, publicado às sextas-feiras no Folha Curitiba.

Folha de Londrina | 15 de maio de 2009

Enquanto aguardam o momento de voltarem à sociedade, adolescentes que cumprem medidas sócio-educativas nas unidades de internação do Paraná participam de diversos projetos. Eles trocam os instrumentos que utilizaram em seus atos infracionais por objetos pelos quais podem se expressar e que ainda promovem o preparo para novas oportunidades de vida.

O jornalista e fotógrafo Guylherme Custódio acompanhou alguns destes momentos que fazem os um, dois, três anos de internação passarem mais rápido. Ele conta que seu interesse pelas questões sociais o acompanha há tempos, mas quando era estagiário de uma organização não-governamental responsável por oficinas de educomunicação com os jovens, teve a oportunidade de ver de perto a realidade dos meninos e meninas privados de liberdade.

Nas fotos, Custódio mostra o envolvimento dos jovens com suas produções. "Acredito sim que essas atividades ajudam na ressocialização. Creio que eles podem se interessar e ir mais longe quando estiverem em liberdade. São opções que antes não conheciam. Além do mais, quando conversava com eles podia perceber que no centro de sócio-educação eles têm acesso a coisas básicas que não tinham quando estavam em liberdade, como a educação por exemplo".

As fotos foram feitas em junho de 2007, no Centro de Sócio Educação Fazenda Rio Grande, no município de Fazenda Rio Grande (Região Metropolitana de Curitiba). O jornalista foi premiado por sua produção no concurso Múltiplos Olhares, promovido pela Agência de Notícia dos Direitos da Infância (Andi).







LDO prevê receita de R$ 4 bi para ano que vem

Folha de Londrina | 13 de maio de 2009

A Prefeitura Municipal de Curitiba apresentou ontem a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) referente a 2010. O projeto prevê a receita de quase R$ 4 bilhões para o próximo ano e contou com a participação da população na definição de prioridades.

O documento estabelece metas e prioridades da administração municipal. Os investimentos específicos só serão detalhados na Lei Orçamentária Anual (LOA), debatida em audiências públicas agendadas para agosto deste ano e orientada a partir da LDO.

Ao todo, para a LDO, foram registradas 18.251 sugestões da comunidade, por meio de audiências públicas, debates, consultas e envio de sugestões pela internet ou pela Central de Atendimentos e Informações 156. Destas, ações relacionadas à manutenção de vias públicas, segurança, educação, saúde e trânsito foram definidas pela população como prioridade de investimento. "A participação da comunidade é mais do que relevante na definição do orçamento municipal. As secretarias aguardam essa manifestação para concluírem seus orçamentos", explica o secretário municipal de Finanças, Luiz Eduardo Sebastiani.

Na LDO ainda não estão definidos os pedidos da comunidade, mas a previsão de receitas e despesas que serão aplicadas 2010.

O município de Curitiba prevê para o ano que vem uma receita de R$ 3,94 bilhões e a despesa de R$ 3,907 bilhões. Apenas os investimentos em saúde, educação, gastos com pessoal e operações de crédito estão previstos no documento. O município deve destinar, pelo menos, 15% e 25% nas duas primeiras áreas, respectivamente.

Durante a apresentação da LDO, organizações populares apresentaram suas reivindicações com faixas e sugestões. Para o diretor da Associação Comunitária Vila Real, de Santa Felicidade, Erni Stein, a participação em audiências públicas é fundamental para apresentar as demandas das comunidades. Ontem, o grupo relembrou o pedido por pavimentação em uma das ruas do bairro e a criação de um centro de hidroginástica para idosos. "Às vezes, o que a gente pede não é implementado pelo argumento da falta de recursos", conta. Com a participação ativa nos debates com a administração municipal, a associação já conseguiu uma quadra de esportes e uma creche.

Além da elaboração da lei, Sebastiani ressalta o acompanhamento da execução orçamentária. Os debates ocorrem a cada quatro meses. "Torna pública a gestão municipal", complementa o secretário.

A LDO será encaminhada até o dia 15 de maio para a Câmara de Vereadores. A comunidade poderá participar das discussões da Lei Orçamentária Anual. O calendário das audiências públicas ficará disponível no site da Prefeitura de Curitiba: http://www.curitiba.pr.gov.br/.

Tratar alergia exige mudança de rotina

Médicos cobram envolvimento de pacientes, que têm dificuldades para abandonar antigos hábitos

Folha de Londrina | 08 de maio de 2009

A primeira manifestação de alergia no pequeno Jefferson Matheus Braga, 8 anos, aconteceu quando ele tinha apenas um ano e meio de idade. De repente, ele apresentou uma laringite, que veio acompanhada de diversos problemas.

"Ele tinha o nariz trancado o tempo todo, de dia, de noite. Também tinha crise de asma", lembra a mãe, a professora Fátima Aparecida Santos, 30. Tempos depois, uma reforma em casa resultou em outra crise de alergia e a descoberta do principal sintoma de seu problema. "Sempre afeta o olho. Quando o Jefferson entra em contato com o que seu organismo não aceita, ele fica com conjuntivite", conta Fátima.

Após quatro anos de tratamento, ele conseguiu estabilizar a alergia. Para isso, tem na ponta da língua uma série de restrições para controlar a alergia. Agora, o bem-estar de Jefferson só é garantido com uma rotina cheia de cuidados. "Não posso entrar debaixo da cama, mexer com gato, nem comer camarão. Mas assim é bem melhor", conta o garoto.

Diferente de Jefferson, nem todos os pacientes com o diagnóstico de alergia conseguem se adaptar. Para a presidente regional da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), vinculada à Associação Médica do Paraná, Cinara Roberta Braga Sorice, o principal desafio no tratamento da doença é o envolvimento dos pacientes, que nem sempre estão dispostos a abandonar seus hábitos antigos. "É difícil ele incorporar o tratamento em sua rotina diária. Ele acha que está bem e que pode parar com o procedimento, mas isso piora o quadro", afirma.

Doença causada por fatores hereditários, a alergia é causada pelo contato do organismo com substâncias estranhas, chamadas pelos médicos de alérgenos. Quando ocorre esse contato, o organismo é sensibilizado, ou seja, afetado pela substância. A partir de então, cria anticorpos de proteção aos elementos, que são responsáveis pelos sintomas da doença. Entre as alergias mais comuns estão a asma (que atinge cerca de 10% da população), rinite alérgica crônica (que afeta 30%), sensibilidade a alimentos e irritação na pele.

Não existe idade certa para a manifestação de uma alergia. O contato com determinado alérgeno ou fatores hereditários favorecem a predisposição da doença. De acordo com Cinara, pessoas sem nenhum familiar alérgico têm entre 10% e 20% de chances de desenvolver a doença. Quando um dos pais convive com o problema, a probabilidade passa para 40% a 50% e sobe para até 80% quando ambos são alérgicos.

Comida
Nas crianças, os casos de alergia mais frequentes são relacionados à alimentação, como sensibilidade ao leite, ovos, trigo -primeiros alimentos oferecidos na infância-, mas que se perdem com o avanço da idade.

O leite materno é fundamental para a proteção dos pequenos às alergias. Por isso, recomenda-se que seja o único alimento até os 6 meses de idade, seguido pelo leite de vaca no primeiro ano de vida, ovos aos 2 anos e peixes a partir dos 3. Já, entre os adultos, são comuns a asma e a rinite alérgia. Nessa faixa etária, as reações alimentares, como a frutos do mar e amendoim, por exemplo, são mais graves e persistentes.


Doença não tem cura
O tratamento da alergia não cura a doença, apenas controla os sintomas. Em alguns casos, a dificuldade está na definição de qual alérgeno é responsável pela manifestação dos sintomas. "É quando o organismo não produziu o anticorpo específico, não ficou exposto o suficiente para criá-lo", explica a presidente regional da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), Cinara Sorice. A médica também apresenta a situação inversa. "Em 50% das vezes, o paciente tem manifestação (alérgica) e nos outros 50% não tem. Nem toda a vez vai precisar evitar o alimento", conta.

Apenas o diagnóstico preciso determina o tratamento correto. Caso contrário, complicações trazem prejuízos à saúde do paciente, e em casos mais graves como asma e choques anafiláticos, pode chegar à morte. "Influencia bastante na qualidade de vida. Quanto mais cedo o início do tratamento, maior é o sucesso", garante.

Ontem, no Dia Nacional de Prevenção da Alergia, a Asbai promoveu uma série de mobilizações. Profissionais estiveram nos hospitais de Clínicas, Pequeno Príncipe e Cajuru, para alertar sobre a importância do diagnóstico, tratamento e prevenção.

Minha primeira crônica!!

Que legal!! Encontrei a crônica que fiz na minha seleção para a Folha! Estava procurando há tempos e finalmente achei. Muita coisa mudou pra muuito melhor desde então, mas muita coisa ainda continua igual (principalmente minha irritação em andar de ônibus).

Curitiba, capital conhecida pelo exemplar sistema de transporte público, famosa em todo o mundo pelas estações tubo e pelas conexões de linhas em terminais rodoviários. É em um desses terminais de ônibus que começa a minha aventura de todos os dias...

Para alguém como eu, que trabalha com a comunicação e os direitos da infância e da adolescência, uma aventura seria encontrar uma ótima fonte, requisitada por um jornalista para a produção de uma matéria importantíssima, ou como qualquer outro trabalhador comum, conseguir manter o bom humor ao encontrar o chefe neurótico já cedo. Podemos considerar esta situação como encontrá-lo -o chefe que por si só neurótico- logo na chegada ao trabalho ou surpreender-se por ele estar neurótico logo nas primeiras horas do dia. Mas acredito que este e um tema para outra crônica.

Enfim, desabafos a parte, para chegar ao centro da cidade, nada melhor que um ligeirinho. Ônibus tipicamente curitibano, que pára poucas vezes durante o trajeto e, como o próprio nome diz, vai rapidinho rapidinho. Precisaríamos de mais comodidade do que esta? Depende de quantas pessoas têm a mesma idéia que você. E serei sincera: são muitas as pessoas a procura de um lugarzinho no ligeirinho, felizes, sonolentas, animadas, todas a caminho de seus trabalhos.

Terminal do Portão, região sul de Curitiba, 7h50. Estação tubo não muito cheia e lá estou eu a espera do ônibus. Seria eu muito crica por me irritar com a insistência que as pessoas têm em entrar no ônibus antes da descida dos passageiros? Quando tenho a oportunidade de ser a primeira da fila, espero até o ultimo cidadão descer, para desespero dos aflitos que ficam atrás de mim, tentando furar a fila sem sucesso, pois sempre dou um passinho para o lado, impedindo a ultrapassagem dos meus concorrentes. Quando não tenho esta chance, a irritação continua, ao me sentir obrigada a dar uma empurradinha no pessoal que fica tão aliviado em conseguir entrar no ônibus que pára na porta mesmo e esquece que a fila atrás é grande.

O ônibus começa a se movimentar. Será que está todo mundo bem acomodado? Quem me dera!! Até hoje, toda a vez que entro no ligeirinho, lembro de um projeto lei que determina no máximo xx pessoas por metro quadrado dentro do ônibus. Ahhh que sonho! Estamos todos apertadinhos, juntinhos, unidos como irmãos. Pra se segurar é difícil, mas me sinto em vantagem por ser um pouco mais alta que o restante dos meus companheiros. Não é o braço de todo mundo que alcança as barras de ferro mais altas. Mas entre a barra de ferro e eu são milhões de cabeças. Cabeças com cabelos.

Cabelos, na maioria das vezes de mulheres, que se emperequetam todas para ir trabalhar. Cabelos cumpridos, curtos, enrolados, lisos, com chapinha, escova, cremes, soltos, presos. Parece que insistem em ficar encostando em mim. Ai que agonia que me dá. Não ligo se um grupo de senhoras conta em voz alta os problemas com suas filhas adolescentes, que aprontam muito e dão trabalho para suas preocupadas mães. Gosto muito de histórias, adoro ouvir o pessoal contar histórias. E enquanto isso, aqueles fiapos parecem prontos para dar o bote. Me sinto a única pessoa do mundo a me preocupar com isso. Me sinto uma fresca por ficar com vontade de tomar banho quando chego ao trabalho.

Às vezes consigo me mover poucos centímetros para o lado. Mas, como se estivéssemos ensaiado os movimentos, eu e as donas dos cabelos vamos na mesma direção. Será que na época em que tinha cabelos cumpridos causava o mesmo impacto nas pessoas que andavam de ônibus comigo? Mas será que mais alguém se incomoda com isso? Todos parecem tão conformados com o aperto, com o desconforto, com o engarrafamento. Como demora passar por apenas duas ruas, duas vias rápidas, mesmo de ligeirinho.

Finalmente o ônibus chega no "meu tubo". Um último stress na hora de descer: sempre fica alguém folgadamente parado na porta e não percebe que tem gente querendo descer. E depois aquele arzinho fresco do comecinho da manhã. Encerrada a minha primeira aventura, estou pronta para partir pra próxima, ou pras próximas. Afinal, uma jornalista apaixonada pela temática social tem muito a fazer!

Se essa rua fosse minha...

Ao contrário do que a maioria pode deduzir, conservação das calçadas é responsabilidade dos proprietários dos terrenos. Rampa para acessibilidade ainda é desafio

Folha de Londrina | 06 de maio de 2009

Passando pelas ruas de Curitiba, observamos diferentes situações nos seus mais de três mil quilômetros de calçadas. Em algumas tropeçamos em galhos de árvores e pedras soltas, em outras parece que andamos sobre tapetes, enquanto às vezes nem calçadas encontramos. Entre alguma torcida de pé ou um tropeço, pensamos no que fazem os administradores municipais que não solucionam estes problemas que afetam tanta gente. Mas a solução está muito mais perto do que imaginamos.

A responsabilidade pela manutenção e conservação das calçadas de Curitiba é dos proprietários dos terrenos. A determinação é prevista pela Lei Municipal 11.596/05, que estabelece que "o proprietário do terreno, edificado ou não, situado em via provida de pavimentação deverá construir e manter calçada em toda a extensão da testada do imóvel". Além disso, deve "garantir superfície firme, regular, estável e não escorregadia sob qualquer condição."

Não são todos que sabem desta atribuição e muitas vezes só descobrem quando notificados por fiscais da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU). "Ninguém gosta de ser notificado. É difícil, sempre perguntam ‘porque comigo e não com o outro"’, conta o diretor de fiscalização da SMU, José Luiz Filippetto.

A fiscalização das calçadas danificadas só acontece após reclamações feitas pela Central de Atendimento e Informações 156. Na vistoria dos profissionais, não apenas a via denunciada é vistoriada, mas toda a extensão da quadra. Após a notificação é dado um prazo de 45 a 60 dias para a manutenção da via e, caso a situação não seja regularizada, a punição prevista é uma multa de R$ 400,00.

Nas visitas às ruas, os fiscais são orientados a notificar os proprietários utilizando o bom senso, pois são comuns os casos de danos causados por situações específicas dos locais, como declives e aclives característicos dos terrenos. "São (notificadas) calçadas que apresentam problemas passíveis de serem solucionados pelo dono do imóvel", explica Filippetto.PadrãoA disposição das calçadas segue critérios de acordo com a região da cidade -área residencial ou central -, a importância da via ou o fluxo de pedestres. Além da adequação de imóveis antigos, os projetos de calçadas já estão previstos nas construções de novos imóveis na Capital. Todas as determinações estão disponíveis no Decreto 1.066.

Nas áreas residenciais, por exemplo, a via de passeio deve conter uma faixa de grama de um metro ao lado do meio fio, seguida por uma área de 1,20 metro de faixa pavimentada para a passagem dos pedestres - onde não não permitidos obstáculos de nenhuma natureza - e outra faixa de grama com largura variável até a propriedade. Também são obrigatórias rampas para a acessibilidade de pessoas com deficiência em todos os cruzamentos. Esta determinação, porém, não é facilmente encontrada nas esquinas fora do centro da Capital.


Tombos e reclamação diretamente ao prefeito
Maria (nome fictício, por razões pessoais), 40, perdeu as contas de quantas vezes virou o pé nas calçadas do centro de Curitiba. Ela só não esquece das situações em que caiu no chão por causa de buracos no meio do caminho. "Uma vez estava de salto baixo, falando no celular e caí num buraco", lembra.

Sem saber onde reclamar da má conservação das calçadas, Maria aproveitou a oportunidade de ter encontrado o prefeito Beto Richa (PSDB) durante a campanha eleitoral. "Comentei com ele que caí na rua e rasguei a calça. Ele disse que ia ver, mas nunca foi lá, está do mesmo jeito", reclama. Para evitar novos aborrecimentos, a moça conta que deixou de usar salto alto em algumas regiões da cidade, o que recomenda às curitibanas. "Usar salto alto na Marechal Deodoro e na Rua XV, esqueça."

Os tombos também são comuns na família da depiladora Roseli Rodrigues, 33. Mãe de duas crianças, ela conta que constantemente seus filhos tropeçam na rua onde mora há quatro meses, em um bairro residencial da Capital. "Meu filho de sete anos já ralou o joelho na pedra. Cansei de quebrar saltos, nem uso mais", lembra. Assim como Maria, Roseli não sabe onde reclamar da falta de cuidado de seus vizinhos com as calçadas. "A gente vai levando, vai deixando."

As reclamações devem ser feitas pelo telefone 156. Todos os registros são encaminhados ao setor de fiscalização da Secretaria Municipal de Urbanismo. "É uma garantia de retorno ao reclamante, que pode acompanhar o protocolo", afirma o diretor de fiscalização da SMU, José Luiz Filippetto.


Entre o desconhecimento e a iniciativa
Empresário do setor de obras públicas, Paulo Roberto Veloso investiu na reforma da calçada em frente a sua casa há cerca de seis meses. A iniciativa surgiu quando soube da lei, por intermédio de sua profissão, na qual já utiliza os novos padrões das vias.

Além do visual de sua residência, Veloso percebeu melhoria na qualidade do material utilizado. "É bom, tem boa resistência e é menos escorregadio. Achei que ninguém ia notar", brinca. Com um custo de aproximadamente R$ 48,00 por metro quadrado - incluso mão de obra e materiais -, ele acredita que a medida é um bom negócio.

A poucos metros da casa de Veloso, a calçada em frente ao estacionamento de Carlos Alberto Machado Júnior apresenta sinais da má conservação. Até a entrevista com a reportagem da FOLHA, ele acreditava que a responsabilidade pela manutenção da via era da prefeitura. "Está assim porque a prefeitura não resolve", afirmou.

Quando avisado sobre a Lei Municipal 11.596/05, garantiu que não sabia da determinação. "Falta orientação sobre isso", reclama. Agora que conhece sua responsabilidade como proprietário do imóvel, pretende arrumar sua calçada. "Mais pra frente...", disse.

Do alto do morro, fieis pedem paz e trabalho

Tradicional Missa da Paz reuniu cerca de 70 pessoas no Morro do Samambaia

Folha de Londrina | 02 de maio de 2009

Mesmo com tempo nublado e forte garoa, cerca de 70 fieis enfrentaram, ontem, 1,5 quilometro de subida até o cume do Morro do Samambaia para a tradicional celebração da Missa da Paz. Realizada há 58 anos pela comunidade de Quatro Barras (Região Metropolitana de Curitiba), a missa é uma prova de sacrifício dos participantes em prol da paz e do trabalho.

Na celebração deste ano eram esperadas 300 pessoas. No entanto, o mal tempo e os fortes ventos no alto do morro fizeram com que poucos subissem o Samambaia e a duração missa fosse reduzida. No caminho era preciso cuidado com o piso escorregadio. Em média, o percurso era realizado em 90 minutos.Os que participaram da celebração tiveram um momento de reflexão. ``Parece que subir um morro como esse não é nada. Vale à pena rezar pela paz. A oração pela paz é muito necessária. Não temos mais a guerra de quando começou (a tradição), mas temos as drogas, a violência, a arrogância e a falta de afeto’’, afirmou o padre Rodinei Thomazella, responsável pela celebração.

A missa em homenagem a São José Operário também lembrou as relações de trabalho. Thomazella pediu pelos desempregados e trabalhadores. ``Oramos pela justiça e dignidade no trabalho’’, completou.

A subida do morro para a celebração da Missa da Paz faz parte de uma tradição iniciada pelas famílias de imigrantes italianos que moravam no distrito de Borda do Campo. Do alto do Anhangava, eles pediam proteção aos seus conterrâneos, que ao final da Segunda Guerra Mundial sofriam com a miséria. Há três anos, uma determinação do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) transferiu a realização da Missa da Paz para o Morro do Samambaia –que oferece um percurso de subida menos perigoso aos fieis-, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais no local, considerado como área de preservação permanente.

Há quase uma década a aposentada Maria Gerônima de Oliveira, 69, faz questão de participar da Missa da Paz acompanhada de sua família. A tradição começou com os filhos, que sempre iam ao Morro do Samambaia. ``Eles vinham caminhar e na volta eu até jogava a toalha fora, de tão suja que ficava. Um dia eles me chamaram e eu me acostumei’’, conta. Neste ano, dez pessoas, entre filhos e netos, foram ao alto do morro com Maria Gerônima. ``Quanto mais sacrifício, melhor é a missa. Enquanto eu puder vir, com 70, 80 anos, eu venho’’, garante. ``É a fé que move a gente’’, complementa a filha da aposentada, Edna Oliveira, 39.

O tombo que levou na subida do morro não desanimou a jovem Juliane Cristine Santos dos Anjos, 10, que pretende seguir a tradição. ``É legal. Quero voltar’’, conta. Além da missa, a família de Maria Gerônima aproveitou a oportunidade para fazer um lanche no alto do Samambaia.