Principal problema é o desrespeito

Folha de Londrina | 5 de setembro de 2008

Para quem utiliza as vagas preferenciais a portadores de deficiência e idosos, a principal reclamação é em relação à falta de respeito dos demais motoristas, que utilizam o espaço sem precisar. "O maior problema é a falta de respeito das pessoas não deficientes que usam as vagas. Elas dizem que é um minutinho, mas é nessa hora que a pessoa com deficiência chega no local e fica sem onde estacionar", reclama Danilo Eisfeld Rosa, responsável pela área de projetos da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná (ADFP).

O vice-presidente da ADFP, Irajá de Brito Vaz, acredita que esse é um problema cultural. "A gente sempre briga bastante, principalmente nos supermercados. Pedimos que coloquem alguém para cuidar das vagas", diz.

Essa prática é condenada também pelos comerciantes e freqüentadores dos locais próximos às vagas, que ficam indignados. Na Rua Cruz Machado, no centro de Curitiba, Edna de Andrade convive diariamente com o problema. Ela é vendedora de uma loja de produtos ortopédicos, muito freqüentada por pessoas que utilizam cadeiras de rodas e têm dificuldades de locomoção. Edna conta que a cada dia são aproximadamente três casos de clientes que, quando vão estacionar seus carros em frente à loja, encontram a vaga ocupada por pessoas sem deficiência alguma. "Os motoristas não respeitam mesmo. Não têm consciência de que no momento em que eles estacionam pode chegar uma pessoa com cadeira de rodas. Acho que nem deveria ser cobrado o EstaR para essa vaga", afirmou.

Durante um período de dez minutos, a equipe da FOLHA observou três carros estacionados na vaga destinada para pessoas com deficiência. Os que estacionam dão a desculpa de que a ocupação da vaga é "rapidinha". O comerciante Otto Lacerda é um deles. Ele afirma que já é conhecido pelos comerciantes da Cruz Machado, pois sempre faz entregas em uma revistaria da rua. Lacerda confessa utilizar a vaga com frequência, mas por pouco tempo. "Conheço todo o pessoal aqui, quando alguém chega ou acontece qualquer coisa eles me avisam", afirmou ao ser abordado pela equipe da FOLHA assim que estacionou na vaga.

O comerciante também reclamou da má sinalização da área, que conta com uma placa e faixa amarela pintada no chão. "Eu conheço aqui, mas tem muita gente que se confunde com essa pintura no chão", disse. Os comerciantes do local confirmam que conhecem Larcerda, principalmente porque demora muito quando estaciona o carro na vaga destinada a pessoas com deficiência.

O Decreto Federal 5296 de 2004 determina a destinação de 2% das vagas oferecidas em vias públicas a pessoas com deficiência. Na região central de Curitiba, são 30 vagas de estacionamento específicas para pessoas com deficiência. Destas, oito cobram a taxa de EstaR. Vaz afirma que a ADFP está atuando junto com a prefeitura para a criação de novas vagas.

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