Hipertensão pode prejudicar os rins

Segundo especialistas, sintomas só se manifestam quando doença já está em estágio avançado

Folha de Londrina | 11 de março de 2009

Silenciosa, a doença crônica dos rins não apresenta sintomas de seu desenvolvimento e em muitos casos está relacionada a outros problemas de saúde, principalmente hipertensão arterial e diabete, responsáveis por 60% dos casos. Os demais são referentes a problemas genéticos, inflamações ou causas desconhecidas. Quando identificadas precocemente, elas reduzem a complicação da doença e facilitam o tratamento.

Aproximadamente 15% dos brasileiros apresentam problemas renais e 70% deles não sabem do diagnóstico. Isto acontece devido à ausência de sintomas no estágio inicial da doença, que só se manifesta quando está instalada e já compromete 80% dos rins."Quando tem sintomas o quadro é tardio", alerta a gerente-geral da Fundação Pró-Renal Brasil, Anelise Marcolin.

No mundo, as doenças do rim afetam um terço da população e um levantamento realizado em 2004 pela Sociedade Brasileira de Nefrologia mostra 3,2 mil pacientes renais no Paraná.

Para identificar o problema renal, as pessoas precisam ficar atentas a sintomas como alteração na coloração da urina e na frequência urinária, ardência para urinar, tonturas, enjoos, mal estar geral e anemia. As principais formas de evitar o desenvolvimento da doença é a realização periódica de verificação da pressão arterial e exames que medem o nível de creatinina no sangue, além de alimentação adequada e prática de exercícios físicos. O tratamento da insuficiência renal é feito a partir de medicamentos ou pela diálise e transplante, que têm valores altos e reforçam a necessidade de diagnóstico precoce.

A hipertensão prejudica o funcionamento dos rins quando deixa os vasos sanguíneos dos órgãos mais espessos e rígidos, o que torna a função renal insuficiente, podendo chegar à insuficiência total. A insuficiência renal inibe a filtragem dos elementos prejudiciais ao corpo, que sobrecarrega o coração e consequentemente interfere na pressão arterial, como em um ciclo que pode resultar na morte por doença cardiovascular.

A hipertensão arterial foi a causa dos problemas renais diagnosticados em outubro do ano passado na jovem Daianye Aparecida May, 19 anos. As fortes dores de cabeça e enjoos constantes a fizeram passar por diversas especialidades antes de iniciar seu tratamento de diálise. "Ninguém descobria a causa. Era uma dor de cabeça que não passava e achava que era o stress, estava trabalhando muito na época", lembra a fiscal de caixa de supermercado.

Os dois rins de Daianye foram prejudicados e ela aguarda pelo transplante enquanto passa pela diálise durante nove horas por dia. Ela faz o tratamento em casa e a diálise acontece enquanto a jovem dorme. Uma esperança para a doação vem de sua mãe, que passou por exames para verificar a compatibilidade. "É muito sofrido", conta.

Dia Mundial do Rim
Comemorado na quinta-feira, o Dia Mundial do Rim estimulou a realização de atividades de sensibilização à comunidade. Até sexta-feira, a equipe da Fundação Pró-Renal -entre eles José Eduardo Freire de Carvalho-, em parceria com o Sesc, oferece orientações sobre a doença e atendimentos gratuitos de verificação da pressão arterial e exames parciais de urina, com o objetivo de identificar possíveis pacientes renais.

O pedreiro Adão Andrade, 54 anos, aproveitou a oportunidade para verificar sua hipertensão, que apresenta há sete anos. Desde o diagnóstico -que não identificou problemas renais-, ele mede a pressão quatro vezes ao mês e considera o acompanhamento muito importante. "Onde tem posto de saúde, eu estou medindo", conta.

Neste ano, o lema da campanha é "Mantenha sua pressão arterial controlada". As atividades serão realizadas na Praça Rui Barbosa, das 9 às 17 horas.

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