Mega-Sena paga segundo maior prêmio: R$ 75 mi

O maior prêmio regular saiu no mês passado: foram pagos R$ 92,5 milhões para sete apostas

Gazeta do Povo | 02 de outubro de 2010

O apostador que acertar os números da Mega-Sena no sorteio número 1.219 realizado nesta noite levará para casa R$ 75 milhões. Só para se ter uma ideia da quantia, se o prêmio tivesse um único acertador e ele resolvesse sair dando uma de Tio Patinhas, precisaria de um caminhão para transportar, em notas de R$ 100, a meia tonelada de dinheiro. Este prêmio é o segundo maior entre os sorteios regulares, sem contar a extração especial da Mega da Virada de 2009 (R$ 144,9 milhões).

A Mega-Sena está acumulada há sete concursos, desde o dia 8 de setembro. O alto valor do prêmio interfere diretamente no movimento das casas lotéricas que, nesta semana, está ainda maior devido à greve dos bancos. “É um aumento imenso, não temos nem como quantificar. Quando o prêmio chegou a R$ 92,5 milhões (primeiro maior prêmio regular), no começo de setembro, pensamos que iríamos arrecadar 30 mil apostas, mas chegamos a 50 mil”, afirma o proprietário de uma casa lotérica no centro de Curitiba Auxilio Suguimoto.

Suguimoto conta que em tempos de Mega-Sena acumulada, ele se depara com clientes otimistas, que chegam a apostar milhares de reais na expectativa de conquistar o grande prêmio. “In dependente de sexo, raça e religião, todo mundo se sente um pouco dono dos R$ 75 milhões”, diz. As dezenas preferidas para apostas são aquelas relacionadas à família: há datas de nascimento, placas de carro, números de residências e de telefone.

Investido na poupança, se o prêmio tiver apenas um acertador, terá uma renda mensal de aproximadamente R$ 450 mil. Se o valor fosse empregado na compra apenas de veículos, poderia render uma frota de 3 mil carros populares ou 15 mil motocicletas de 125 cilindradas.

Confiante de que pode conquistar os R$ 75 milhões, o mestre de obras João Francisco da Silva, de 68 anos, prefere não aparecer nas fotos por segurança, mas conta que o segredo é “ir na louca”, sem números definidos para os jogos. Foi desta maneira que ele já ganhou R$ 8 mil na Lotofácil, valor considerado por ele uma “mixaria” perto do que se aproxima. “A gente sempre tem esperança. Minha primeira compra com o prêmio será uma fazenda”, diz. A dona de casa Maria da Silva dos Santos, 65anos, tem a mesma estratégia. Ela escolhe os números quando se depara com o cartão de apostas. “É tanto dinheiro que não tem nem como pensar no que gastar”, diz. Já a aposentada Lindauir Menegatti, 56, aproveita a intuição para fazer a “fezinha”. “Estou muito confiante”, diz.

Serviço:
As apostas da Mega-Sena podem ser feitas até as 19 horas de hoje: o valor do cartão começa em R$ 2.

Lei da Filantropia causa confusão

Novos critérios para obter certificação de instituição beneficente confundem entidades. Norma está em vigor desde o fim de 2009

Gazeta do Povo | 29 de setembro de 2010

Em vigor desde novembro de 2009, a Lei da Filantropia ainda não atingiu os objetivos propostos há quase um ano, quando foi aprovada: profissionalizar as instituições beneficentes e reduzir os desvios de recursos. A norma mudou os procedimentos de re quisição e concessão da Certi ficação das Entidades Bene ficentes de Assistência Social (Cebas) e para isenção de recolhimento de contribuições para a seguridade social. Boa parte das instituições que precisam renovar a certificação afirma não saber como proceder após as mudanças na legislação. O prazo final para se adequar aos novos critérios é 20 de janeiro de 2011.

De acordo com Lei n.º 12.101, a competência para análises de requisições e prestação de contas deixou de ser responsabilidade do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e passou para os Ministérios de De senvolvimento Social e Com bate à Fome, Saúde e Educação, conforme a atuação de cada entidade beneficente. “Mas hoje só temos a letra da lei, pois as entidades não podem fazer nada até os ministérios se organizarem. Por enquanto está tudo como era antes”, afirma o presidente da Federação Para naense de Fundações e En tidades do Terceiro Setor (Para­ná Fundações), José Alcides Marton da Silva.

Ele conta que muitas organizações iniciaram o processo de renovação da certificação – realizado a cada três anos – antes da vigência da lei e não precisaram aderir aos novos procedimentos. Mas as demais não sabem exatamente qual determinação seguir e como a nova lei irá interferir na gestão. Outro fator que preocupa os gestores é a transição de governo, que poderá dificultar ainda mais o processo com a troca de equipe técnica dos ministérios.

Problema
Um dos principais impasses é o protocolo a ser adotado pelas organizações chamadas mistas, com atuação em mais de uma área, como por exemplo, educação e assistência social. “O primeiro grande desafio para as entidades é olhar dentro de si e definir suas áreas de atuação”, avalia a assessora jurídica da Associação Paulista de Fun dações, Nicole Hoede ma ker. De acordo com ela, este tipo de gestão é muito comum e uma das grandes dificuldades das instituições será acertar a contabilidade de receitas e despesas referente a cada uma das áreas de atuação, bem como ajustar o atendimento para as especificações previstas.

Nesses casos, a coordenadora de certificação de entidades de assistência social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Edna Alegro, explica que a instituição deverá selecionar uma atividade predominante entre as demais. A partir de então são definidos o índice de atendimentos gratuitos e para qual ministério será enviada a documentação. Uma parceria entre os demais órgãos ficará responsável pela análise das informações competentes a cada área.

“As organizações estão ansiosas pelos procedimentos finais. Muitos projetos poderão sofrer cortes para que se cumpra a exigência da lei. É possível que o acesso aos usuários fique restrito”, prevê o secretário executivo da Associação Brasileira das Univer sidades Comunitárias (Abruc), José Carlos Aguilera, que considera a lei obsoleta na forma que determina a relação do governo com a sociedade civil organizada. De acordo com ele, o ideal é a realização de uma estratégia planejada para as ações em parceria com o poder público, o que potencializaria a atuação das duas partes.

O vice-diretor administrativo financeiro do Hospital Pequeno Príncipe, André Teixeira, também compartilha dessa preocupação. Ainda com dúvidas em relação aos procedimentos a serem tomados, ele afirma que uma revisão na remuneração repassada às entidades pode prejudicar o atendimento. “Com qualquer piora na remuneração ou tentativa de aumento de atendimento não dará para as instituições sobreviverem”, garante.

Debate
Organizações da sociedade civil e representantes dos ministérios estão promovendo debates para traduzir a aplicação da nova lei. Edna Alegro afirma que o contato com as instituições é uma prioridade do departamento. “Criamos uma estrutura específica para as certificações”, diz. O site do Minis tério do Desenvolvimento Social tem uma página específica para as entidades, com informações sobre procedimentos e o andamento dos processos. De acordo com Edna, mais de 700 pedidos de certificação estão em análise.

Mudanças necessárias
O maior rigor na documentação e na prestação de contas previsto na Lei da Filantropia aponta para a necessidade da profissionalização das organizações, uma vez que, se não se adequarem à norma, elas correm o risco de perder a certificação de entidade beneficente. “Todas terão que se estruturar, pois sem isso irão perder o certificado. As grandes organizações já têm profissionalização, buscam reconhecimento técnico, mas as menores, se não estiverem no caminho certo, podem não conseguir a certificação em tempo”, alerta Nicole Hoedemaker, assessora jurídica da Associação Paulista de Fundações.

Na Associação Paranaense de Cultura (APC), mantenedora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a equipe profissional atenta ao andamento da lei reduziu o impacto das novas determinações. De acordo com o superintendente da APC, Marco Antônio Barbosa Cândido, a instituição já estava adequada aos procedimentos do ProUni (Programa Universidade para Todos), que estabelece a concessão de bolsas aos estudantes.

Este é o plano de ação determinado pelo Ministério da Educação para as entidades beneficentes. “Foi preciso apenas ordenar a prestação de contas, pois a PUCPR atua também na área da saúde e da assistência social. Acredito que a lei traz mais transparência no processo”, afirma. Cândido prevê, no entanto, dificuldades para as organizações que atuam na educação básica, que também irão seguir os mesmos critérios. A cada nove alunos pagantes, as instituições devem oferecer uma bolsa integral a estudantes de famílias com renda de até 1,5 salário mínimo per capita.


Mais rigor
Nova legislação pretende combater fraudes
Com a Certificação das Entidades Beneficentes de Assistência Social, a organização ganha imunidade na contribuição social em contrapartida pela gratuidade de parte de seus atendimentos, como oferta de bolsas a estudantes ou atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em cada área, as instituições devem seguir critérios para a prestação de contas.

A expectativa é que o rigor no processo de certificação dificulte as irregularidades. “Apesar da necessidade de fiscalização do setor e do estabelecimento de critérios mais rígidos de concessão da certificação, a lei surpreendeu muitas organizações sérias, comprometidas com o bem-estar e desenvolvimento social, com o excesso de rigor e requisitos. A consequência disso é imensurável para muitas destas organizações, que, se não sucumbirem, enfrentarão sérias dificuldades para a manutenção da qualidade dos serviços prestados”, afirma Renata Favero Rampaso, advogada, especialista em Direito Público, colaboradora do Portal Brasileiro do Terceiro Setor.

Mesmo com a demora na aplicação efetiva da lei, as associações estão confiantes de que o rigor determinado trará benefícios ao Terceiro Setor, principalmente em relação aos recursos na área. “Vai separar o joio do trigo e vai facilitar a fiscalização, pois ninguém mais que as próprias instituições tem interesse de que os recursos sejam bem aplicados e que separem as organizações que usam a filantropia para se beneficiar economicamente”, analisa José Alcides Marton da Silva, da Paraná Fundações.


O que diz a Lei nº 12.101
Norma determina critérios para certificação de entidades beneficentes e procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social.

Saúde
- A entidade deve ofertar pelo menos 60% de serviços pelo SUS.
- Na impossibilidade do cumprimento do porcentual mínimo, em razão da falta de demanda, declarada pelo gestor local do SUS, ou não havendo contratação dos serviços de saúde da entidade, deverá ela comprovar a aplicação do porcentual da sua receita bruta em atendimento gratuito de saúde.

Educação
- A instituição deve oferecer bolsas de estudo nas seguintes proporções: no mínimo, uma bolsa de estudo integral para cada nove alunos pagantes da educação básica; bolsas parciais de 50%, quando necessário para o alcance do número mínimo exigido.

Assistência Social
- As entidades que prestam serviços com objetivo de habilitação e reabilitação de pessoa com deficiência e de promoção da sua integração à vida comunitária e entidades de longa permanência, ou casa-lar, poderão ser certificadas, desde que comprovem a oferta de, no mínimo, 60% de sua capacidade de atendimento ao sistema de assistência social.


Faculdade paga tem evasão igual a pública

Segundo o Censo do Inep, taxas de abandono em instituições gratuitas e particulares são similares. Fator econômico e falta de conhecimento sobre os cursos escolhidos são as principais causas

Gazeta do Povo | 26 de setembro de 2010

A taxa de abandono nas universidades públicas do Paraná é muito similar a registrada em instituições particulares, que, em tese, teriam potencial para apresentar índices bem mais altos, já que cobram mensalidades. Essa é a análise que pode ser feita a partir dos dados do Censo da Educação Superior de 2008, o último divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa cionais Anísio Teixeira (Inep). Con forme o levantamento, o ín dice de evasão nas faculdades públicas do estado foi de 7,4%, enquanto nas privadas foi de 8,9%. Ao todo, em 2008, 27 mil dos 329 mil alunos do estado se afastaram do ensino superior.

A média geral do estado (8,3%) é pouco melhor do que a nacional e a menor da Região Sul. No Brasil, em cada grupo de dez estudantes, um abandona a universidade. Em 2008, quando 5 milhões de alunos estavam matriculados nos cursos de graduação, 532 mil deixaram a universidade, o que representa 10,5% do total. O Inep ainda não divulgou o estudo referente ao ano passado, mas dados do Sindicato das Entidades Man tene doras de Estabelecimentos do Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) apontam para um crescimento acentuado da evasão, que chegou a 19,1%.

Causas
Com ou sem mensalidade a ser paga no fim do mês, a questão socioeconômica é uma das principais causas que leva à evasão. Isso porque os estudantes arcam também com os gastos de transporte, alimentação e moradia. “Esta situação mostra a necessidade de políticas públicas e financiamentos estudantis no setor privado”, analisa a vice-presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), Carmen Luiza da Silva.

Quando o problema não é financeiro, a falta de conhecimento sobre o curso escolhido se transforma em empecilho para a permanência na universidade. Em média, entre os desistentes, 20% são acadêmicos do primeiro e segundo anos. O interesse, geralmente, acaba assim que começam as disciplinas mais genéricas, ministradas no início da faculdade. O diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, alerta ainda para a dificuldade de muitos alunos em acompanhar as disciplinas mais específicas. “O estudante que vem das classes mais baixas, muitas vezes, tem só a formação básica. Quando ele entra em cursos mais difíceis, não consegue acompanhar e acaba abandonando”, diz. Ele aponta essa situação como uma das responsáveis pela evolução de 19% para 21% da evasão no estado de São Paulo.

Motivação
“As universidades não estão preparadas para receber o perfil de aluno da geração Y”, critica Capelato. Ligados a todos os tipos de tecnologia, os alunos dessa geração entram na universidade e se deparam com um sistema que não acompanha seus interesses e ritmo de aprendizado. “Quando chegam na sala de aula, encontram aquele velho sistema, em que o professor está na lousa e o aluno é passivo. Isso desestimula o estudante, que é inquieto”, afirma.

A esses fatores, o especialista em educação superior José Dias Sobrinho adiciona a falta de perspectiva de empregos futuros em decorrência, principalmente, da baixa qualidade das instituições particulares. “Em muitos casos o aluno está sem motivação, cansado do trabalho, o que também reflete sua situação econômica. Enquanto isso, muitos cursos possuem baixa qualidade. As pequenas instituições recebem estudantes pelo método mais fácil, mas não necessariamente o mais interessante”, afirma.


Opção pelo trabalho
A preferência pelo trabalho em detrimento ao estudo é um fator determinante para a evasão universitária. Essa escolha, porém, impede que, posteriormente, o estudante ocupe uma posição confortável no mercado de trabalho. “Naquele momento, em que o jovem sofre um apelo de consumo, a renda é significativa, mas ao longo dos anos essa opção vai impossibilitar um ganho que estaria disponível a ele se concluísse o ensino superior”, alerta a presidente da comissão de processo seletivo da Unibrasil, Wanda Camargo. A professora ressalta ainda que a conscientização da família é fundamental para evitar o abandono dos estudos. “É preciso mostrar ao aluno que aquele sacrifício vale a pena, pois a evasão nas universidades é mortal para um país que pretende desenvolver-se.”

Algumas características culturais do brasileiro também contribuem para que a evasão aconteça no ensino superior. Na UTFPR, por exemplo, a chefe do Departamento de Educação, Sônia Ana Leszczynski, identificou uma nova situação. O uso do Enem como processo seletivo para ingresso na universidade possibilitou que estudantes de todo o Brasil se candidatassem às vagas na instituição, com boas chances de serem aprovados. Mas a distância entre a nova cidade e a família tornou-se mais um empecilho à permanência do estudante na universidade. “O Enem segue um modelo europeu e norte-americano de seleção, locais onde a partir dos 18 anos o estudante já sai de casa. Mas aqui não é assim. A cultura latino-americana é muito próxima e a questão familiar é muito arraigada. Muitas vezes o aluno não está preparado para viver em uma comunidade que não seja a familiar”, afirma.


Uma força para persistir
Para evitar que os estudantes deixem o ensino superior, as universidades realizam programas de acompanhamento e investimentos. A permanência dos alunos é uma das metas do Reuni, programa das universidades federais. Entre outras medidas, o programa prevê investimentos na estrutura das organizações e a oferta de bolsas aos universitários.

A qualidade da infraestrutura também está em pauta nas instituições particulares. “Precisamos modernizar o método de ensino, com melhores laboratórios e bibliotecas, viabilizando aulas mais atraentes”, ressalta a presidente da comissão de processo seletivo da Unibrasil, Wanda Camargo.

Quando a razão da desistência é o desinteresse pelo curso, o jovem é estimulado a refletir sobre sua motivação. “Muitas vezes a expectativa com o curso é baseada em mitos. A reflexão os leva a considerar a desistência”, afirma Ingrid Caroline de Oliveira Ausec, psicóloga do programa Profissão Certa, da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Para sanar o abandono por questão financeira, uma das soluções mais eficazes é a concessão de bolsas e o financiamento estudantil. Foi apenas com esse benefício que o funcionário público Rogério Michailev, 34, conseguiu continuar no curso de Educação Física na Universidade Positivo. Aproximadamente 70% do salário de Rogério era destinado ao pagamento da mensalidade, o que, depois de três meses, tornou-se inviável. O estudante conseguiu 50% de desconto nas parcelas, devendo pagar os 50% restantes após o término do curso. “Não penso mais em desistir. Eu já trabalhava como voluntário com crianças e quando concluir minha formação superior poderei contribuir muito mais.”


Politizada, parada gay quer atrair 120 mil

Evento em Curitiba acontece amanhã, às 13 horas. Ideia é alertar para a escolha de políticos que defendam os direitos da comunidade LGBT

Gazeta do Povo | 18 de setembro de 2010

A Avenida Cândido de Abreu ficará mais colorida a partir das 13 horas de amanhã, quando começa a Parada da Diversidade de Curitiba. São esperadas pelo menos 120 mil pessoas no evento, que segue da Praça 19 de Dezembro ao Palácio Iguaçu. Em meio a todo brilho e animação dos presentes, a iniciativa é considerada uma ferramenta de mobilização social da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). Neste ano, o tema é “Vote contra a homofobia. Defenda a Cidadania”, que faz uma referência às eleições de outubro.

“Queremos alertar a população para aceitar os candidatos comprometidos com os princípios e diretrizes do Plano Nacional de Combate à Homofobia”, afirma Márcio Marins, coordenador geral da Associação Paranaense da Parada da Diversidade (APPAD), responsável pela parada, em parceria com a Aliança Paranaense pela Cidadania LGBT. A preocupação dos organizadores em tratar as questões relativas aos problemas da comunidade LGBT faz da parada de Curitiba uma das mais politizadas do país.

Segundo os organizadores, diversos segmentos da sociedade – como alguns movimentos sindicais, de mulheres, jovens e defensores do meio ambiente – também participam da iniciativa e reforçam as reivindicações. “Fazemos uma festa da alegria ao mesmo tempo em que nossa primeira reivindicação é estar presente, mostrar que existimos e que temos direitos como qualquer outro cidadão”, lembra Marins.

Entre os temas mais importantes defendidos na parada estão a prevenção a doenças, o combate ao preconceito e o alerta para os casos de agressão motivados pela homofobia. De acordo com Marins, o Paraná é um dos estados que mais registrou delitos dessa natureza. Segundo ele, apenas no primeiro semestre deste ano foram 12 homicídios contra homossexuais, número que pode ser três vezes maior por causa da subnotificação. Um levantamento feito pelo Grupo Gay da Bahia mostra que no Brasil um homossexual é assassinado a cada dois dias.

A discussão em âmbito político da cidadania LGBT nas paradas da diversidade remete a uma questão presente no estado democrático e que fere os direitos civis. O advogado e professor da Escola da Magistratura do Paraná (EMAP), Marcos Alves da Silva, alerta para aspectos de fundamentalismo religioso no tratamento das reivindicações dos homossexuais. “Como fazemos parte de um estado laico, conforme definido pelo artigo 19 da Constituição Federal, não podemos permitir que uma concepção religiosa seja imposta a todos”, diz. De acordo com ele, bancadas religiosas no Poder Legislativo fazem resistência ao avanço dos direitos civis dos homossexuais. “As paradas da diversidade são uma estratégia eficaz para as discussões, pois têm um efeito político e multiplicador”, analisa Silva.

Fantasias
Além de tornar as paradas da diversidade mais bonitas, os brilhos, as plumas e os outros adereços das fantasias também representam as reivindicações de quem as veste. Com uma roupa inteira branca – e nem por isso com menos glamour –, a transexual Carla Amaral quer chamar atenção para a violência contra transexuais e travestis. “O branco representa ao mesmo tempo o luto pelos travestis e transexuais assassinados e um pedido pela paz. Não uso preto porque não quero nada fúnebre, quero estar alegre.” Carla levará na cabeça um adereço com as cores do arco-íris, que lembra o movimento LGBT. Primeira transexual que teve direito de ser reconhecida por seu nome social nos documentos, Carla ainda pretende incentivar que seus companheiros busquem seus direitos.

As cores do arco-íris também não foram esquecidas na fantasia da transexual presidente do Grupo Dignidade, Rafaelly Wiest. Em todos os anos que participa da parada, ela faz questão de levar as cores que representam a diversidade. Neste ano o traje será um vestido tubinho e um adereço especial na cabeça, que ela guarda para fazer surpresa no evento. “Pre tendo representar a comunidade LGBT para que sejamos tratados com igualdade e tenhamos nossos direitos garantidos”, afirma.


Festa por um plano de direitos
A atuação marcante do movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) no Paraná resultou em conquistas importantes. Na Parada da Diversidade de amanhã será comemorado o lançamento do relatório final do Plano Estadual pela Cidadania LGBT.

Considerado um plano de Estado, o documento foi elaborado durante a conferência estadual do segmento, com a participação da sociedade civil organizada e de entidades governamentais. Até o final do ano, as propostas serão apresentadas a todas as secretarias estaduais para que cada uma elenque três prioridades a serem incorporadas ao programa de governo de 2011.

“O movimento reivindica por respeito e garantias dos direitos que todos nós deveríamos ter, mas que a eles [LGBT] são negados”, afirma a chefe da Coordenadoria dos Direitos da Cidadania, da Secretaria de Estado da Justiça, Tamara Enke. As propostas contemplam o casamento gay, a adoção de crianças sem restrição de sexo ou idade e a criação de um núcleo para averiguar denúncias de violação dos direitos LGBT.

Cidadania em 140 caracteres

Redes sociais estão mudando relações entre cidadãos e governos. Em Curitiba, morador conseguiu asfaltar a rua usando o Twitter

Gazeta do Povo | 9 de setembro de 2010

Não foi preciso realizar manifestações ou bloquear uma avenida movimentada de Curitiba para o corretor de seguros Adriano dos Santos, 28, reclamar da ausência de asfalto na rua onde mora, no bairro Orleans. Depois de diversas tentativas pelos canais de comunicação disponibilizados pela prefeitura, ele conseguiu entrar em contato com o prefeito Luciano Ducci por meio do microblog Twitter. A ferramenta limita os textos em 140 caracteres e, além de um ponto de encontro entre amigos e pessoas com interesses em comum, tornou-se um espaço de cidadania.

Os constantes relatos no microblog sobre o problema em frente da casa de Santos chamaram a atenção dos responsáveis pelo perfil da prefeitura no Twitter. A solicitação foi reforçada com um pedido direto ao prefeito, que se envolveu pessoalmente no assunto. Meses depois, máquinas estavam no local fazendo os primeiros reparos, procedimento acompanhado de perto pelo morador e repassado a seus seguidores no microblog em tempo real. Com alguns procedimentos que ainda devem ser acertados na obra, Santos mantém o prefeito informado de tudo o que acontece e cobra a finalização do trabalho.

“Comecei tentando agilizar os protocolos sobre a situação da minha rua e meus vizinhos diziam que não ia dar certo. Mas eu consegui. Sinto que contribuo muito mais como cidadão participando e cobrando pela internet. Não queria fazer uma passeata ou fechar a rua”, conta. Para ele, o ambiente da internet foi o fator que potencializou seu pedido. “Muitas pessoas têm acesso ao que eu escrevo, por isso a repercussão é muito maior. Desta forma é mais fácil de ser ouvido”, diz.

Via de mão dupla
Casos semelhantes ao de Santos se repetem por todo o país e formam uma grande rede, em que cidadãos e poder público estão em contato constante. Uma busca pela expressão “prefeitura” no Twitter aponta para pelo menos 200 perfis de administrações de capitais e municípios do interior. O uso da internet como cenário desse diálogo acelera e fortalece o processo de cidadania com o envolvimento de milhares de pessoas em causas que interessam a todos. Em uma via de mão dupla, os gestores disponibilizam informações sobre serviços ao mesmo tempo em que a população ganha um meio para levar aos governantes suas reivindicações.

“A principal característica do canal de comunicação pelas redes sociais é a colaboração entre os diferentes atores. O cidadão se aproxima do poder público, da realidade da gestão das cidades, e por outro lado também se sente contemplado pelas administrações, se sente ouvido”, analisa Rodrigo Bandeira, idealizador do projeto Cidade Democrática.

A iniciativa, realizada pela internet, faz a ponte entre as sugestões apresentadas pela população e os gestores. O movimento serve como troca de experiências e incentivo para a participação popular nas administrações públicas. Entre mais de quatro mil pessoas cadastradas de diversas cidades brasileiras estão 37 representantes do poder executivo, como secretários, gestores e parlamentares. Entre as conquistas, Bandeira comemora a criação de um plano cicloviário na cidade de Jundiaí (SP), a partir da sugestão de um adolescente de 15 anos.

“O gestor que não quer dialogar com a causa está perdendo enquanto aquele que está envolvido ganha uma ótima interlocução com a sociedade”, afirma Bandeira. Além de um site, o Cidade Democrática faz parte do grupo Web Cidadania, que reúne organizações que utilizam a internet para mobilização social. Ele ainda ressalta que as discussões pela internet permitem a participação de outros setores, como os empresários.

Seguidores fiéis
Com 14 perfis diferentes no microblog e mais de 15 mil seguidores, a prefeitura de Curitiba fez do Twitter um canal que disponibiliza informações sobre a gestão e serviços direcionados à comunidade, além de um espaço que serve para o esclarecimento de dúvidas. “O contato direto possibilita que o cidadão monitore e entenda o que os gestores fazem e que a administração leve o conhecimento ‘para dentro’”, afirma a responsável pelo marketing digital da prefeitura, Heloisa Guer nieri.

Cada perfil é direcionado a um setor específico da prefeitura e é supervisionado pelos responsáveis de cada área, como a programação cultural da Fundação Cultural (@fcccuritiba), o boletim de trânsito da Urbs (@transitourbs) e informações turísticas do Viaje Curitiba (@viajecuritiba), entre outros. “Não existe mais a comunicação de cima para baixo e o fato de existir um canal em que a população possa ser ouvida já é cidadania”, diz.

A proximidade com a população por meio das redes sociais faz parte de uma mudança cultural no poder público, que tem o desafio de incorporar no plano de trabalho as solicitações recebidas nesta nova realidade e aliá-las às demandas formais. A estrutura para manter o contato com o público também requer atenção especial, com estrutura para alimentação das ferramentas e respaldo dos executores setoriais no que diz respeito à veracidade das informações. Para os cidadãos, o desafio é mobilizar mais pessoas para a causa e acompanhar os resultados da ação.


De previsão do tempo à vaga de emprego
Qualquer modificação nas condições meteorológicas do Paraná se transforma em atualização imediata no perfil no Twitter do Instituto Meteorológico Simepar. A cada postagem, novos internautas viram seguidores da instituição, principalmente durante os dias de calor atípico e frio intenso. “Há algumas semanas, quando tivemos dias de muito calor e a chegada de uma frente fria, tivemos mais de 200 novos seguidores em dois dias”, conta a técnica em meteorologia e responsável pela atualização do perfil, Vanessa Cristina D’Ávila.

A procura pelo serviço demonstra que não são apenas os administradores públicos que chamam a atenção dos internautas, mas também serviços informativos, como previsão do tempo, programação cultural, informações sobre o trânsito e vagas de emprego. “Em algumas situações as pessoas acabam banalizando as informações que colocam no Twitter, mas tentamos oferecer algo relevante aos leitores”, afirma Vanessa.

Para o analista de sistemas Leonardo Saraiva, o Twitter serve como fonte de informação para programação cultural e também para manter o contato mais próximo com empresas das quais utiliza os serviços, como bancos e telefonia. Para ele, o acesso aos empreendimentos pelas redes sociais ga rante mais rapidez quando se trata de retorno sobre reclamações. “Antes tínhamos um trabalho bem maior de procurar o site, mandar o email e esperar a resposta por muito tempo. No Twitter as respostas são mais rápidas. Isso porque milhões de pessoas estão vendo e as reclamações se difundem.”


Redes sociais garantem a inclusão digital
Além da aproximação entre os gestores públicos e a população, as redes sociais atuam na inclusão digital. Um levantamento do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br) mostra que estas ferramentas são mais utilizadas por pessoas das classes sociais mais baixas e com menor escolaridade. “As redes sociais, juntamente com os sites de relacionamento, são a porta de entrada para a apropriação da internet”, afirma o analista do Cetic, Juliano Cappi. De acordo com ele, a principal barreira para a disseminação da internet entre toda a população é a habilidade, porém, a facilidade em utilizar as redes sociais estimula os internautas a aprofundarem a utilização da rede.

Cappi também ressalta que com o acesso às redes sociais, a população tem oportunidade de contribuir para a construção coletiva do conhecimento. “As pessoas compartilham ideias e criam relação com o governo. As redes são um canal de comunicação com forte possibilidade para o exercício da cidadania”, garante. De encontro a esta realidade, o analista destaca um grande empecilho à inclusão digital. Apenas 39% da população brasileira têm acesso à internet. Contribuem para este cenário a situação econômica dos brasileiros, o valor dos equipamentos e a disponibilidade da internet em todas as regiões do país.


@cidadania
Confira algumas instituições que aderiram Twitter:

- Superior Tribunal de Justiça: @stjnoticias

- Ordem dos Advogados do Brasil: @oab_brasil

- Prefeitura de Curitiba: @curitiba_pmc

- Prefeitura de Pinhais: @Pinhais_PMP

- Prefeitura de Londrina: @preflondrina

- Prefeitura de Foz do Iguaçu: @prefeituradefoz

- Prefeitura de Apucarana: @PrefApucarana

- Prefeitura de Santa Terezinha de Itaipu: @STI_prefeitura

- Prefeitura de Rolândia: @Pref_Rolandia

- Prefeitura de Castro: @pref_castro

- Câmara Municipal de Foz do Iguaçu: @CamaraFoz

- Movimento Pró-Paraná: @oprquequeremos

- Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina: @portosPR

- Polícia Rodoviária Federal/Paraná: @PRF191PR

- Polícia Rodoviária Estadual: @preparana

- Universidade Federal do Paraná: @UFPR

- SESC da Esquina: @sesc_esquina

- Guia de tudo: @guiadetudo

- Simepar: @simeparpr

- Teatro Guaira: @TeatroGuaira

- Web Cidadania: @webcidadania

Erosão pode tirar praias do mapa

No Paraná, Matinhos e a Prainha de Guaratuba são as mais ameaçadas. Monitoramento constante é o que recomendam os especialistas

Gazeta do Povo | 05 de setembro de 2010

O monitoramento é a principal alternativa para evitar que algumas praias brasileiras desapareçam devido à escassez progressiva da areia e à erosão costeira. De acordo com especialistas, a situação no Brasil ainda não é crítica, mas pode se agravar nas próximas décadas com as mudanças climáticas e o aumento do nível do mar, que deve chegar a 50 centímetros até o final do século. O acompanhamento da evolução do problema permite que sejam identificadas as alternativas mais eficazes para amenizar esta situação, que no Paraná atinge a praia de Matinhos e a prainha de Guaratuba.

Um fator importante a ser verificado em relação ao possível desaparecimento das praias é a frequência com que ocorre o transporte de sedimentos, conforme ressalta o geólogo e geógrafo Dieter Muehe, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele explica que este é um fenômeno natural e constante, que faz parte da dinâmica das praias. O deslocamento da areia acontece a partir do contato da água do mar com a costa. Tempos depois, o sedimento é reposto pelo mesmo movimento, que causa o efeito semelhante a uma sanfona.

A mudança na direção das ondas, a intensidade das tempestades e a força dos ventos são fatores naturais que também contribuem para o deslocamento dos sedimentos. “Este é um processo de longo prazo, que demora 10, 20 anos. É preciso diagnosticar as praias que estão realmente com ‘sinal amarelo’”, afirma. O pesquisador cita as ressacas ocorridas em 2001, que afetaram o litoral das regiões Sul e Sudeste e que se repetiram apenas neste ano, quase 10 anos depois, mas não representam o processo de desaparecimento das áreas atingidas.

Para identificar quais praias precisam de intervenção, Muehe indica o monitoramento por imagens de satélites, um dos procedimentos mais eficazes, que exige empenho das prefeituras e dos governos estaduais. A medida é potencializada a partir da parceria com universidades, que permite a realização de pesquisas topográficas frequentes. A partir deste levantamento é que são definidas quais ações podem amenizar o problema. O alto investimento para estes estudos ainda é um empecilho para o desenvolvimento de programas na área, principalmente quando se leva em consideração que os reais impactos serão percebidos em algumas décadas. “Dificilmente um prefeito faz uma ação para se precaver contra um evento que vai acontecer daqui 50, 100 anos”, alerta o geólogo.

Prevenção
O muro de retaguarda é uma das alternativas mais empregadas para evitar o avanço do mar. A medida, no entanto, causa prejuízos à faixa de areia, pois impede que, depois de removidos, os sedimentos sejam repostos pelo movimento das ondas. “Esta ação é uma das piores e agrava o problema. Percebemos que onde tem pedra, não temos mais faixa de areia”, afirma o professor do câmpus litoral da Universidade Federal do Paraná Rangel Angelotti. Quando o muro de contenção não é forte o suficiente para conter o avanço do mar, ocorre a erosão, com a consequente destruição da barreira e o envio de resíduos para o mar.

O aumento da faixa de areia é considerado o melhor procedimento para conter o avanço do mar. A engorda, como é chamada a medida, consiste na alimentação das praias com material retirado do oceano que apresenta características semelhantes aos grãos da areia da praia, o que permite a continuidade do fluxo sedimentar na faixa de areia.


Risco é maior em regiões urbanizadas
As praias urbanas são as mais prejudicadas com a escassez progressiva da areia e a erosão costeira. O geólogo e professor da Universidade de Santa Catarina (UFSC) Norberto Olmiro Horn Júnior alerta que a atuação do homem acelera esta ocorrência. “A influência do homem não é a causadora do problema, mas a ocupação da interface entre o continente e o oceano favorece o processo de erosão”, diz.

O fenômeno ocorre devido à ocupação na área de dinâmica das ondas, onde a movimentação marítima e as correntes de maré realizam o processo de escassez e acúmulo de areia. A presença de casas próximas à praia exige a instalação de muros de contenção para evitar a destruição das construções, o que causa a perda da faixa de areia e a erosão da área construída.

Em 50 anos, a Praia da Arma ção, em Florianópolis, perdeu 40 metros de praia, com grande aproximação do mar nas construções. Para evitar a destruição das casas, o ideal é manter a distância de pelo menos 50 metros da área de interface da praia nas áreas urbanas, onde não é possível retirar a estrutura já existente. Nas regiões não urbanizadas, a indicação é iniciar as construções em no mínimo 200 metros, distância que prevê o recuo e avanço do mar sem causar danos. “As medidas realizadas são paliativas, que não trazem resultados a longo prazo. Precisamos de uma equipe multidisciplinar, que pense sobre o que realmente é melhor para a praia”, observa Horn.


Engorda de Matinhos só em 2012
Um dos pontos do litoral paranaense mais afetados pela erosão, a praia de Matinhos irá passar por obras para ampliação da faixa de areia. O projeto que pretende conter o avanço do mar tem conclusão prevista para 2012.

A licença ambiental para a realização dos trabalhos foi concedida no primeiro semestre deste ano e a verba disponível para as obras chega a R$ 22 milhões (R$ 11 milhões do Programa de Ace leração do Crescimento (PAC) do governo federal, e R$ 11 milhões do governo do estado). A previsão é que a retirada da areia do fundo do mar, que irá ocupar a faixa na costa que será ampliada, comece em novembro.

Além de Matinhos, a prainha de Guaratuba e o balneário de Pontal do Sul também sofrem com o avanço do mar. Em Santa Catarina, a Praia da Armação e a Barra da Lagoa, em Florianópolis, além da praia de Barra Velha, em Barra do Sul, registram os casos mais graves do Sul do estado.

Recurso que cai do céu

Você já pensou em aproveitar a água da chuva para lavar seu carro ou regar as plantas?

Revista Atitude Sustentável | 03 |

Todos os dias, às 6h30, a empresa onde o gerente de logística Ronaldo Gugelmin Pereira Jorge trabalha tem seu jardim irrigado. São mais de três mil metros quadrados de área, que consomem por mês cerca de 85 mil litros de água apenas para irrigação. Este sistema é automático, mas não é a principal novidade no local.

No fim do mês, os 85 mil litros de água utilizada para a irrigação dos jardins não pesam nas contas da empresa. Isso porque a água “cai do céu”. Isso mesmo, ela vem de graça! “Já projetamos esta nova sede da empresa para ter um sistema de aproveitamento de água da chuva”, conta. O telhado da construção, com oito mil metros quadrados de área, é especialmente canalizado para receber a água da chuva, que é direcionada a cisternas para o armazenamento.

“O sistema é tão simples que nem lembramos mais que ele existe, funciona muito bem. Além disso, as pessoas gostam de saber que temos este sistema na empresa e que aproveitamos os recursos; é muito saudável.” Na ponta do lápis, a economia que a empresa faz por mês com o aproveitamento da água da chuva passa dos 300 reais, de acordo com as tarifas da concessionária local. Em apenas alguns meses este valor cobriu os investimentos feitos para a compra e instalação do sistema, que no montante total da obra fez pouca diferença.

A economia financeira, no entanto, é apenas um dos benefícios que o aproveitamento da água da chuva traz. Com a utilização deste recurso que chega de graça, alcança-se uma série de efeitos positivos para o meio ambiente. “Aproveitando-se ou não a chuva, armazená-la é indispensável para conter e, sobretudo, não piorar os efeitos da impermeabilização urbana”, ressalta Jack Sickermann, do Consórcio da Chuva 3P Technik / Acquasave, que trabalha com soluções para o manejo sustentável das águas pluviais. Armazenada nas cisternas, a água da chuva demora mais tempo para chegar ao sistema de drenagem, que fica sobrecarregado em ocasiões de temporais, por exemplo.

“É atitude sustentável básica utilizar o que ‘está à mão’ e a chuva é algo que cai sobre as nossas cabeças, daí é tão elementar como aquecer a água do banho com a força do sol. Isto sem falar dos imensos custos para tornar potável a água dos nossos rios poluídos e trazê-la de distâncias cada vez maiores. Imagine a energia necessária para acionar elevatórias, bombas etc”, complementa.
Para o engenheiro civil Plinio Tomaz, o aproveitamento da água da chuva possibilita também melhor distribuição dos recursos hídricos, uma vez que a água disponibilizada pelas concessionárias não é desperdiçada e pode chegar a comunidades que ainda sofrem com problemas de abastecimento. “Na descarga, as pessoas utilizam água da concessionária, que vem com flúor, mas o banheiro não tem dentes. Podemos usar a água da chuva e outras pessoas podem usar a água potável”, brinca.

Nos países da Europa, a utilização deste recurso já é comum, mas no Brasil estes sistemas ainda são aproveitados de forma discreta. De acordo com Jack, enquanto na Alemanha a média é de 100 mil instalações do sistema por ano, no Brasil o índice anual é de apenas cinco mil. Para Plínio, o aproveitamento da água da chuva é uma necessidade do mundo moderno. “Temos quatro paradigmas em relação a água: a água das superfícies (os rios e os lagos), a água subterrânea, o reuso de esgotos e a água da chuva. O mundo moderno tem que usar estes quatro paradigmas”, afirma. “Cada vez mais os municípios estão indo nesta direção. A arquitetura também irá se adequar ainda mais a estas necessidades”, complementa Jack. Quem utiliza este sistema passa a ter uma preocupação maior com o consumo dos recursos naturais e percebe que iniciativas como esta fazem a diferença.


Aproveitando cada pingo
Toda a instalação do sistema deve ser realizada por profissionais especializados na área, que irão montar o projeto de acordo com o índice pluviométrico da região, com a capacidade de captação do telhado e com a finalidade para que a água será utilizada. Isto irá definir toda a estrutura do sistema, inclusive o tamanho da cisterna que irá armazenar a água. “A norma deu coragem para a instalação do sistema. Sem a norma era um perigo, pois eram feitas muitas coisas erradas, que trazem problemas para a vida das pessoas”, avalia Plínio.

Em casas já construídas, a adaptação para o sistema pode ser mais simples, sem causar muitos danos à estrutura. A opção é instalar a tubulação que liga a água da chuva à cisterna na parte externa da casa. “Quando houver a necessidade de uma reforma maior pode aproveitar e instalar o sistema completo. Se ainda assim o interessado ainda não tiver condições de instalar todo o sistema, existe a possibilidade de deixar a tubulação já pronta, para depois não interferir nas paredes”, recomenda Jack.

E se parar de chover? O sistema continua funcionando normalmente durante períodos de estiagem até que toda a água armazenada seja utilizada. Quando o nível de água da chuva fica baixo, ela é substituída pela água da rede pública.

Fazendo as contas
Cerca de 50% da água utilizada nas casas é destinada para fins não potáveis. Com a utilização da água da chuva, a economia da água fornecida pelas concessionárias pode variar entre 30 e 50%. Em estabelecimentos comerciais e indústrias, a economia é ainda maior devido ao volume de água utilizado mensalmente.

Os especialistas afirmam que a instalação de um sistema de aproveitamento da água da chuva é mais rentável para casas maiores, com mais de 200 metros quadrados de área construída. Construções pequenas, com aproximadamente 50 metros quadrados, tendem a ter baixo consumo de água, o que em muitos casos é subsidiado pelas concessionárias. A taxa de subsídio vai até o consumo de dez metros cúbicos por mês.

O custo do sistema, previsto para casas com 150 a 300 metros quadrados, varia entre 5 e 7 mil reais. O valor inclui as calhas, tubos para captação, cisternas para armazenamento e tubulação para o direcionamento da água. O retorno do investimento, de acordo com os fabricantes, demora em média cerca de três anos nas residências e no máximo o mesmo período em indústrias e comércios. Na área de um metro quadrado, a captação de um milímetro de chuva corresponde a um litro de água.

Para a empresária Hilda Cherobim, a meta é chegar à redução de 50% no consumo de água. Ela instalou o sistema de aproveitamento de água da chuva durante a construção da casa e investiu 1,8% do valor total da obra para a estrutura, o que não considera um valor elevado. Nos dois primeiros meses em que está morando na casa ela já sente a diferença no consumo. A água da chuva é utilizada para a descarga nos vasos sanitários, irrigação do jardim, limpeza dos pisos e do carro.

A redução no consumo, no entanto, não foi o único objetivo da instalação do sistema na casa de Hilda. “Fizemos isso pensando no futuro, em contribuir para a sustentabilidade. Temos que pensar também no outro lado”, afirma. Ela conta que antes de utilizar a água da chuva sentia-se envergonhada por utilizar a água da rede pública. “Não tinha mais coragem de pegar na mangueira para lavar o carro e molhar as plantas. Agora estou tranquila”. Em casa, os filhos da empresária também gostaram do novo sistema. Além de contarem na escola as iniciativas sustentáveis que têm em casa, aproveitam a irrigação para regar as plantas do jardim.


Sistema que vem da antiguidade
O engenheiro Plinio Tomaz conta que o aproveitamento da água da chuva é feito desde a Antiguidade. Na região de Israel a pedra Mohabita, de 830 a.C., trazia determinações do rei Mesa sobre a construção de cisternas. A Fortaleza dos Templários, em Portugal, de 1160 d.C., já era abastecida com a água da chuva.

Ação que vai além da cidadania

Trabalho voluntário nos ajuda a criar melhores condições para o mundo em que vivemos

Revista Atitude Sustentável | 03 |

Antes de começar a ler esta matéria, responda as questões abaixo:
1. Em que você acredita?
2. Qual a sua causa?
3. O que você gosta de fazer? E como o que você gosta de fazer pode ajudar o própximo?
4. O mundo precisa de quê? Comece a pensar pelo “seu mundo”: seu condomínio, seu bairro, sua cidade…*

*Questões utilizadas pelo Centro de Ação Voluntária de Curitiba na palestra informativa “O que é ser voluntário”

Já pensou que com as suas respostas você pode encontrar uma oportunidade de atuação voluntária? Não existe uma resposta para estas perguntas, pois apenas você pode chegar a uma conclusão. Mas refletindo sobre estas questões fica mais fácil identificar como e em que área você pode começar a transformação por um mundo melhor e mais sustentável. Melhor para você e para toda a sociedade.


Em qualquer área de atuação o trabalho voluntário é uma iniciativa que traz benefícios coletivos. Além da ajuda a instituições que realizam ações sociais, ele é considerado como uma ferramenta de educação para a cidadania. A partir da participação, o voluntário percebe inúmeras outras possibilidades de atuação em sua vida, criando assim um ciclo de boas ações que interferem diretamente na sustentabilidade. “O trabalho voluntário significa sair de sua realidade e se colocar no papel do outro, na realidade alheia”, explica a analista de projetos do Centro de Ação Voluntária de Curitiba, Alcione Andrade. O objetivo desta imersão é buscar a solução para os problemas sociais e contribuir para que esta solução seja alcançada junto com a comunidade atendida. “Não é apenas atuar no problema, é diagnosticar a causa e conseguir inovações”, afirma. Para isso o voluntário pode usar suas próprias potencialidades. “É preciso ter prazer, além de querer fazer. É acreditar que está fazendo algo que vale a pena”.

O voluntariado, no entanto, vai além das responsabilidades cidadãs que todos nós temos. Separar o lixo, respeitar as leis de trânsito, dar preferência a idosos, pagar os impostos corretamente ou participar de audiências públicas, por exemplo, não significa atuar voluntariamente em uma causa. “As pessoas ainda não assimilaram isso: até onde é a minha responsabilidade e onde começa o trabalho voluntário”, afirma Alcione. Ela ressalta que “para que o mundo melhore é preciso que as pessoas assumam mais do que a vida particular de cada um.”

A ação voluntária dos cidadãos pode transformar o mundo. Além de potencializar a missão das organizações em que atua, o voluntário torna-se multiplicador das causas sociais para outros cidadãos e passa ainda a rever seu próprio comportamento. Muitas vezes, ao se aproximar de uma instituição social, o voluntário conhece uma realidade completamente diferente da sua. Para a diretora executiva do Instituto Faça Parte, Maria Lucia Meirelles Reis, o trabalho voluntário também exerce uma função muito importante para a formação dos jovens. O instituto promove o voluntariado educativo entre eles, em parceria com as secretarias de educação. “Os jovens passam a se sentir agentes de transformação social e levam este aprendizado para sua vida adulta. Esta prática está formando uma geração de brasileiros responsáveis e comprometidos em melhorar a sociedade e o mundo”, afirma.

Depois de 20 anos à frente de projetos de criação de cooperativas agrícolas em todo o estado do Paraná, o engenheiro agrônomo aposentado Silvio Galdino Carvalho Lima passou a se dedicar ao trabalho voluntário. Ele direcionou todos os seus conhecimentos para a formação de cooperativas em comunidades de baixa renda da Região Metropolitana de Curitiba. “Tenho gosto pela coisa e há 12 anos, depois de aposentado, comecei o trabalho voluntário”. Desde então, Lima teve contato com grupos interessados em montar uma cooperativa em diversas áreas, como a coleta de materiais recicláveis, panificação e costura. Aos 82 anos de idade ele segue firme com o trabalho voluntário. “Temos sempre que acompanhar, caminhar junto, sentir os problemas deles. É um trabalho difícil, demorado”, conta. Ele ressalta ainda que quando comparada a uma empresa, a cooperativa “é especial, ela pertence a todos que participam dela. São donos, não são empregados”.

Mesmo com o acompanhamento, muitos grupos não conseguem seguir com o projeto adiante, mas para ele isto não é razão para desistir da iniciativa. “Eles estão aprendendo, a pessoa já sai diferente, não é a mesma. É um ganho que vale a pena. É uma satisfação muito grande ver o interesse, a alegria e a vontade de progredir”, garante.

A distância não é problema!
Morando em São Paulo, Daniela Silva, 28, realiza trabalho voluntário para a ONG Voluntários em Ação – que tem sede em Florianópolis – sem sair de casa. Tudo isso utilizando apenas a internet. Esta foi a maneira que ela encontrou para utilizar seus conhecimentos em prol do bem coletivo. “Eu buscava trabalhos cujo intento fosse contribuir de maneira efetiva para a sociedade. O que mais me chamou a atenção para esta prática foi a forma de como os trabalhos poderiam ser realizados: sem sair de casa, ou seja, a qualquer hora e em qualquer lugar. Bastam 10, 15, 20 minutos do seu tempo”, conta.

Pedagoga, ela atua como pesquisadora e criadora de conteúdos para a organização sobre temas como protagonismo jovem, voluntariado, saúde e meio ambiente, além da criação de projetos para editais de seleção. “Acredito que o primeiro passo para a contribuição está no acesso à informação e na disseminação do conhecimento e troca de saberes. As pesquisas e conteúdos que faço servem de respaldo a dezenas de organizações e profissionais que necessitam de novas ideias e soluções para implementarem seus projetos e inovarem sua prática diária.”

Assim como Daniela, cerca de 22 mil voluntários estão cadastrados no site da organização Voluntários Online, que mobiliza pessoas interessadas em participar das instituições pela internet. Diferente do que pode parecer na primeira impressão, o trabalho realizado pela rede também pode contribuir para a realidade das organizações sociais e, consequentemente, para toda a sociedade. “O voluntariado online é uma experiência muito rica. Muitas vagas são perfeitas para este tipo de trabalho, são vagas mais gerenciais e não operacionais, que as instituições muitas vezes têm dificuldade de encontrar”, explica Vanessa Aguiar de Jesus, coordenadora de comunicação da organização.

A atuação online funciona perfeitamente e contribui para a profissionalização do Terceiro Setor, que passa da atuação assistencialista para um trabalho mais estruturado. “Muitas organizações ainda não estão amadurecidas e precisam de um profissional para ajudar que isso aconteça, para que a ONG cresça e se torne sustentável”. Desta forma, jornalistas, advogados, professores e diversos outros profissionais podem fazer a diferença com a produção de textos, pesquisas de conteúdos, programação de sites, consultorias jurídicas e muito mais. Tudo isso em apenas um clique.


Dicas para realizar um bom trabalho voluntário
Não é preciso um perfil específico para realizar trabalho voluntário. Basta vontade de ajudar, dizem os profissionais da área. Mesmo assim, algumas dicas podem tornar seu trabalho voluntário ainda mais eficaz para você, para a organização em que pretende atuar e para a toda a sociedade:
- Antes de começar a busca por alguma instituição social, entre em contato com o centro de ação voluntária de sua cidade. Muitos realizam palestras sobre o trabalho voluntário e o relacionamento com as instituições.
- Procure alguma instituição que atue na causa com que você se identifica, onde realmente acredite que seu trabalho irá fazer a diferença.
Conheça a instituição antes de se tornar voluntário. Às vezes você pode não se identificar com o ambiente.
- Comece com ações pontuais, assim você vai conhecendo suas capacidades e já percebe que qualquer ação traz bons resultados.
Não deixe de assinar o Termo de Voluntariado, que determina quais serão os trabalhos que você irá realizar e em que horários.
- Cumpra com seus compromissos. Se você combinou que irá em determinado dia e horário, funcionários e pessoas atendidas pela instituição estarão esperando por você, pois precisam do seu trabalho.
- Ao desenvolver projetos durante o trabalho voluntário não centralize o funcionamento da ação apenas em você. O objetivo é que a comunidade se torne independente e sua função é ajudá-la a encontrar o caminho.
- Se você não tem tempo de se deslocar até alguma organização social, opte pelo voluntariado online. Desta forma você utiliza seus conhecimentos para melhorar a atuação das instituições.
- Não esqueça de sua própria vida. O voluntário precisa estar bem para fazer o bem.
Fonte: Centro de Ação Voluntária de Curitiba

Liberdade sobre duas rodas

Grupos de motociclistas buscam diversão, amizade e belas paisagens para curtir a vida

Revista Dimensão | 155 | maio 2010

Eles dizem que são como abelhas. Basta se encontrarem que a aproximação é imediata. Do encontro passam para os cumprimentos e uma conversa que, mesmo sendo a primeira, parece ser entre amigos de muitos anos. Dali seguem para um destino que não importa ser perto ou longe. Para os motociclistas estradeiros, cada hora é hora e cada lugar é lugar. Basta uma rota para seguir.

Guiados pelos princípios de liberdade, respeito e fraternidade, os grupos de motociclistas se juntam para confraternizar e conhecer novos lugares. A distância não importa, o prazer está em sentir a estrada. “Queremos usufruir da liberdade ao ar livre, viver a estrada e não só passar por ela. Queremos sentir o cheiro, as cores, a temperatura da estrada, que com o carro pouco se percebe. Quando não temos motivo para viajar, a gente se encontra e vai a algum lugar”, afirma Cravinhos Jr, 57 anos e motociclista há 30.

Entre os motociclistas, pouco importam as cilindradas da moto que está ao lado. O objetivo principal é a companhia. Muitas vezes nem mesmo o nome do parceiro que viaja no grupo faz diferença, pois apelidos -nunca pejorativos- substituem o nome utilizado fora das estradas. “O que importa é a pessoa estar junto, o que dizemos é ‘que bom que você está aqui’. Queremos unir as pessoas, não importa quem é ou como”, diz Cravinhos.

Estimativas da Associação Brasileira de Motociclistas (Abram) e do site Mototur apontam mais de cinco mil grupos de motociclistas no Brasil, que reúnem, de acordo com o presidente da Abram, Lucas Pimentel, cerca de três milhões de motociclistas. Pimentel afirma ainda que o mercado duas rodas no país movimenta por ano US$ 10 bilhões.

Além do mercado de motos e equipamentos, o turismo é um dos grandes beneficiados com os movimentos de motociclistas. Na busca por belas paisagens, eles movimentam o mercado em qualquer canto do país. “Há uma procura muito grande por cidades com potencial turístico. Os motociclistas querem confraternizar e também conhecer novas cidades”, afirma o diretor comercial do site Mototur, Everson Lamar de Assunção. O site divulga cerda de 90% dos eventos direcionados ao público.

Em um final de semana, Assunção estima que cada motociclista gaste aproximadamente R$ 700,00 na cidade onde está. Em média, os eventos de médio porte reúnem cinco mil motociclistas que juntos trazem para a cidade mais de R$ 3 milhões. “O motociclista também se torna referência de informações turísticas para os amigos, pois está sempre viajando e indica as cidades”, diz.

Os motociclistas buscam também aventuras fora do Brasil. Cravinhos trabalha na Harley-Tours, que organiza viagens a rotas dos Estados Unidos e Europa. A ida de um casal para a tradicional Rota 66 na Califórnia, durante 15 dias, custa aproximadamente US$ 8.500,00. Lá eles passam por San Francisco, Los Angeles, Las Vegas e outras cidades. De acordo com Cravinhos, a grande diferença entre as viagens pelos Estados Unidos e pelo Brasil é a estrutura básica que os motociclistas encontram, como qualidade das estradas e rede hoteleira. “Aqui as estradas não são muito confiáveis, temos muitos problemas de segurança e de atendimento. Mas aqui o litoral é mais bonito”, garante.

Paixão de pai para filhos
Dificilmente apenas um integrante da família é motociclista. Dentro de casa esta paixão se estende a todos, que quase sempre participam das viagens. O advogado Rafael Torres, 23, é um exemplo disso. Desde os 18 anos gosta de pilotar e sua principal referência foi seu pai. “Sempre tive o sonho de comprar uma moto”, conta.

Há dois anos, ele e o pai seguiram por uma viagem de 15 dias pelo Chile e Argentina. Foi a oportunidade de estreitar ainda mais a relação pai e filho. “Nos tornamos parceiros. Durante a viagem um ajudava o outro, planejávamos tudo, fazíamos tudo junto. Quem anda é bastante unido.”

Além da companhia do pai, Torres também faz parte de um grupo de motociclistas, onde é o integrante mais jovem. Para ele, o que o atrai no motociclismo é a sensação de liberdade. “É a liberdade e a adrenalina. A gente chega de viagem de bem com a vida. É muito bom para aliviar o stress”, diz.

A fé também segue em duas rodas
Entre as velas em homenagem a Nossa Senhora do Carmo, o ronco dos motores chama a atenção na Paróquia do Carmo, em Curitiba. Lá, uma vez por ano a procissão é realizada em duas rodas. A iniciativa de criar a Procimotos foi do Padre Luiz Alberto Kleina, que é motociclista e apaixonado por motos. Na procissão ele reúne diversos motociclistas e grupos de motociclistas. “É um trabalho de evangelização e educação no trânsito. Também é uma forma de combate ao preconceito contra os motociclistas”, afirma o Padre.


Quanto mais longe, melhor!
E para chegar a qualquer distância com segurança, alguns cuidados são fundamentais, tanto para quem pilota há muitos anos quanto para quem iniciou no motociclismo há pouco tempo:
- Antes de tudo, faça uma boa auto-escola
- Comece as viagens por pequenos trajetos
- Pegue informações sobre o roteiro que irá fazer e a cidade para onde vai
- Esteja com a manutenção da sua moto em dia
- Respeite as leis de trânsito
- Utilize todos os equipamentos de segurança, como capacete, roupas resistentes e botas ou calçados reforçados
- Não tenha pressa! Não ande em alta velocidade
- Fique atento e concentrado ao trânsito
Fonte: Associação Brasileira de Motociclistas, Mototur e Cravinhos Jr.

Saiba mais:
Associação Brasileira de Motociclistas: www.abrambrasil.org.br
Harley-Tours: www.harleytours.com.br
Mototur: www.mototour.com.br

Decoração com toque de nostalgia

O crochê ganha cada vez mais espaço na composição de ambientes, deixando de ser usado apenas como centro de mesa para ser aplicado em almofadas, tapetes, colchas e cortinas

Gazeta do Povo | 13 de junho de 2010

O uso do crochê foi além dos centros de mesa na casa das avós e se tornou uma forte tendência na decoração. O material está aplicado em almofadas, tapetes, cortinas, colchas, jogos americanos e leva acon chego aos ambientes. “A de coração trouxe a técnica da vovó, mas colocando-a em situações diferentes. O crochê está super em alta e resgata aquela coisa que a avó fazia, o trabalho feito à mão; remete à nostalgia”, diz a decoradora e proprietária da loja Mun dillo, Carla Nhani. Para ela, a aplicação desse material traz aconchego, maciez e delicadeza para os ambientes, principalmente quando aliado com elementos mais “duros”, como a madeira.

Seguindo as tendências da de coração, os produtos com crochê mesclam texturas e cores, com ca da vez mais destaque nos ambientes. Enquanto antes era utilizado apenas como aplicação em uma almofada, por exemplo, hoje compõe diversos produtos e ainda com as cores que são destaques nesta estação. “Essa tendência migrou do vestuário para a decoração, porque estamos ‘vestindo’ a casa também”, co menta Carla.

O uso do trabalho manual é outro ponto forte dos produtos que utilizam fios. A proprietária da loja Zizi Maria Tricô e Crochê, Carolina Araújo, diz que a procura por procedimentos artesanais tem crescido nos últimos anos. “O consumidor busca produtos mais exclusivos e menos industrializados. Isso está na moda também e faz parte da tendência”, diz. Ela ressalta ainda que a aplicação de peças em crochê nos ambientes chama mais atenção pela sua textura e maciez, e remete a relações afetivas, como com a avó que faz esse tipo de trabalho manual.

A linha de produtos infantis Amigurumi, da Zizi Maria, também estimula as relações afetivas e a sensibilidade das crianças a partir da textura. São bonecos em crochê e tricô criados com uma técnica japonesa, que servem para a decoração do quarto e podem ser utilizados como brinquedos. En tre as brincadeiras possíveis está a troca de roupa dos personagens. A Zizi Maria tem sede em São Paulo, mas comercializa seus produtos pela internet e em lojas de diversas cidades do Brasil, como a Mundillo, em Curitiba.

A linha Crocheteira, da Tok Stok, também destaca a tradição do crochê. A técnica é considerada como um elemento de referência na cultura brasileira e foi aplicada em almofadas, objetos decorativos e em um jogo americano. “É uma tradição cultural, faz parte do artesanato. O crochê busca essa tendência de volta às raízes, às questões culturais e regionais”, explica o decorador da loja de Curitiba, Diego Thomaz Corrêa.

As responsáveis pelos produtos da Tok&Stok são a designer Diane Johann e a arquiteta Nicole Toma zi Verdi, que trabalharam com uma cooperativa de artesãs de Porto Alegre (Rio Grande do Sul). A proposta é resgatar os elementos da cultura brasileira, valorizar a produção local e os cuidados com o meio ambiente. Foram utilizados na elaboração dos produtos materiais reaproveitados, como resíduos têxteis e fibra de PET.

Tricô
Outra técnica que está conquistando espaço na decoração é o tricô. Suas principais aplicações são em pufes e almofadas. “É outra grande tendência. Ele vem agora com peças grandes como pufes in teiros e mantas feitas com lã para usar no inverno”, aponta Carla.

Assim como os produtos em crochê, o tricô é versátil, pode ser utilizado com diversas cores, materiais e em tamanhos variados. “O tricô remete para aquela coisa feita à mão, ponto a ponto, pensado nos pe quenos detalhes e que tem todo aquele conforto que a lã dá”, diz a gerente da Artefacto, Ingrid Mos kalewski. Na loja, o destaque dos produtos em tricô são as almofadas recheadas com fibras siliconadas em forma de espiral.

Beleza dos detalhes
A decoradora Carla Nhani conta que a maior dúvida dos clientes que não são próximos à decoração é de como utilizar as peças com crochê e ou tricô em casa. A aplicação, no entanto, precisa de cuidados simples para que o ambiente não fique sobrecarregado.

A dica para decorar com crochê e o tricô é mesclá-los com materiais, texturas e cores diferentes, o que dá mais destaque aos produtos. A proprietária da Zizi Maria, Carolina Araújo, sugere que o cliente use a criatividade, principalmente em relação a cores e texturas.

“Colocar vários elementos de crochê juntos não fica visualmente agradável. No sofá, é interessante colocar apenas uma ou duas al mofadas de crochê ou tricô e o res tante de algodão, linho, porque deixa o ambiente mais har mônico”, indica Carla. Ou tra possibilidade é utilizar a técnica nos detalhes, o que também valoriza os produtos. “Indico aplicar uma flor de crochê na cúpula de abajur, por exemplo.” Há ainda a possibilidade de o próprio morador criar os elementos de crochê ou tricô em casa.

Seguindo a linha das tendências regionais, o decorador da Tok Stok, Diego Thomaz Corrêa, aconselha a aplicação do crochê em outros elementos que representam a cultura brasileira, como madeiras, com toque mais rústico, ou ainda com materiais urbanos com estilo moderno.

Serviço
Mundillo – Rua 7 de Abril, 288, Alto da XV. Fone: (41) 4102-6096. | Zizi Maria – www.zizimaria.com.br Fone: (11) 3803-9853. | Tok Stok – Rua Capitão Souza Franco, 753, Bigorrilho. Fone: (41) 2111-7200. | Artefacto – Rua Comendador Araújo, 672, Centro. Fone: (41) 3111-2300.

A garantia de voar bem

No mercado há 74 anos, Pluna Linhas Aéreas investe na qualidade dos serviços

Revista Dimensão | 114 | abril 2010

Voos de Curitiba para cidades importantes do Mercosul, sem passar pelo congestionado espaço aéreo de São Paulo. Este é apenas um dos vários benefícios de voar pela Pluna Linhas Aéreas. Há 60 anos no mercado brasileiro e operando no Paraná desde 2008, a companhia é garantia de serviços de qualidade.

São voos regulares que partem de Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e recentemente de Foz do Iguaçu, com destino a cidades como Montevidéu, Buenos Aires, Punta Del Leste, Assunção, Córdoba e Santiago. A empresa estuda ainda a criação de rotas de Campinas, Brasília e Belo Horizonte.

“O mercado brasileiro é prioritário para a Pluna e apenas como um sinal desta importância, tivemos um aumento de quase 70% nos embarques de 2009 com relação a 2008 e já operamos quase 150 frequências mensais no país”, afirma o diretor comercial da Pluna no Brasil, Gonzalo Mazzaferro Gilmet. A empresa opera com a frota mais nova da América do Sul, com aeronaves de última geração, confortáveis e silenciosas. “Nossos jatos poluem aproximadamente 30% menos que as aeronaves das gerações anteriores”, garante.

Mesmo com potencial para ingressar definitivamente no mercado brasileiro, a empresa enfrenta ainda alguns desafios no Brasil. “A maior dificuldade hoje é de infra-estrutura, em especial de aeroportos. Já tivemos que alterar e reduzir frequências por falta de espaço para pouso ou pernoite em aeroportos locais”, conta. Nas outras cidades em que opera, no entanto, a Pluna já se consagrou como uma das melhores do ramo. Prova disso é o aeroporto Carrasco, de Montevidéu, inaugurado pela empresa no final de 2009 e considerado um dos mais belos do mundo. “Além de moderno e espaçoso possui uma das melhores áreas de free shop da América do Sul”, afirma Gilmet.

Mangia che te fa bene!


Revista Dimensão | 114 | abril 2010

As influências europeias em Curitiba vão muito além da aparência do povo que vive na Capital paranaense. Assim como nas construções antigas, que dão ares europeus à cidade, os italianos, em especial, deixaram uma forte tradição: o gosto pela comida. Afinal, quem resiste a uma boa massa?

Em Curitiba, o bairro Santa Felicidade se destaca por manter as tradições deste povo. São mais de 30 restaurantes, vinícolas, cantinas, lojas de móveis, de artesanato e festas temáticas que atraem moradores e turistas de todo o mundo. No entanto, não é apenas no bairro formado por famílias que vieram do outro lado do oceano que se encontra esta gastronomia especial. Por toda a cidade ristorantes e trattorias procuram trazer para Curitiba, um cantinho da Itália.


Barolo Trattoria
O vinho Pio Cesare Barolo, produzido na região italiana do Piemonte inspirou o nome do restaurante e é destaque da casa, considerada uma das melhores de Curitiba. No Barolo Trattoria a garantia da qualidade é a principal preocupação de todos os funcionários. “Nos preocupamos com tudo o que vamos oferecer, desde uma reserva, respeito pelo horário, até boa refeição e um ótimo atendimento. Queremos que o cliente saia satisfeito daqui e acreditamos que é isso que faz a diferença”, garante o maître e gerente Walmor Winter, que afirma ainda que o bom relacionamento com os clientes chega à amizade. No cardápio, dois pratos são os mais tradicionais da casa e conquistam os frequentadores há mais de 10 anos. São eles o conchiglia di gamberi à san marino e o mignon na mostarda.
http://www.barolotrattoria.com.br/

Mangiare Felice
Massas, carnes, sopas, pizzas e um bom vinho. Desde 1995 em Curitiba, o restaurante Mangiare Felice tem apenas um objetivo: agradar o cliente. Para isso disponibiliza aos frequentadores variada opção de cardápios. São 50 pratos com 110 opções de molhos para o cliente escolher como quiser. “Aqui não dizemos não para o cliente. Por isso temos criatividade na culinária, senão não conseguimos fidelizá-lo”, garante o sócio-proprietário, João José da Silva. No cardápio, destaque para o spagheti com frutos do mar, o filet à Oswaldo Aranha e fuzilli à mangiare. Em Curitiba, o Mangiare está em três endereços, com restaurantes e pizzarias, além de um restaurante em Balneário Camboriu (SC) e na cidade de São Paulo.
http://www.mangiarefelice.com.br/

La Pasta Gialla
O cardápio sofisticado, marca especial do chef paulistano Sergio Arno, fez do La Pasta Gialla o melhor restaurante italiano de Curitiba pela Veja Curitiba. Na cidade, dois endereços trazem os cardápios especiais e quem comanda o restaurante é Christhiane Mansur. “Nosso relacionamento com o público curitibano é muito bom. Já temos uma clientela formada e a marca está bastante fortalecida pelos anos que estamos aqui”, conta. Para quem aprecia uma boa comida italiana, o La Pasta Gialla tem uma série de opções. Destaque para as bruschettas com coberturas quentes e frias e as massas longas e recheadas com molhos artesanais, que são o grande diferencial da casa.
http://www.lapastagialla.com.br/

Spaghetto Ristorante
A decoração aconchegante e o cardápio especial levam em instantes o cliente do Spaghetto para uma cantina italiana. As especialidades da casa, massas e filets, foram inspiradas nas receitas da nonna do proprietário João Buffara. “Temos muitos molhos exclusivos, como o pezzo di manzo”, conta. O cardápio tradicional sofre poucas alterações, mas sempre busca agradar a clientela, que mantém-se fiel desde a inauguração do restaurante há 22 anos. “A opinião do cliente é muito importante. Acredito que conseguimos manter um bom custo-benefício, com um cardápio de qualidade a um custo acessível”, afirma Buffara. Entre as novidades, as massas integrais são uma opção saudável que já conquistaram os clientes. Destaque também para o molho pesto, puttanesca, provençal e fiorentino.
http://www.restaurantespaghetto.com.br/

Madalosso
Com uma história que se confunde à história da cidade, o Restaurante Madalosso é o mais tradicional de Curitiba. O cardápio atrai curitibanos e turistas de todo o mundo e o restaurante é o maior da América Latina. Fundado no final de 1963, o Madalosso tinha capacidade para apenas 24 lugares. Hoje é dividido em dois estabelecimentos e serve por mês cerca de 52 mil toneladas de frango e dois mil litros de vinho a uma média de 60 mil clientes. “Nossa ideia era servir todo dia o que os italianos comiam todos os domingos: polenta, frango e macarrão, sem faltar o radicchio. Hoje já servimos famílias que estão conosco pela quarta geração”, conta Flora Madalosso, fundadora do restaurante, que preza pela qualidade da comida servida e pelo atendimento. “Queremos manter a tradição da Itália, isso é muito importante para nós.”
http://www.madalosso.com.br/

Objetivo comum

Parceria assinada em 2009, prevê, na prática, ações conjuntas, além de otimizar e fiscalizar o emprego de recursos públicos

Revista CREA-PR | 62 | março-abril/2010

O convênio de atuação conjunta assinado, ano passado, entre o CREA-PR e o Ministério Público Estadual (MPE), vai permitir que os dois órgãos troquem informações sobre a fiscalização de recursos aplicados em obras públicas no estado do Paraná.

Além de licitações e execuções das obras públicas, a parceria na fiscalização se estende ao parcelamento e uso do solo, políticas públicas relacionadas à implantação e execução dos Planos Diretores e assessoramento técnico-científico nas áreas de engenharia, arquitetura, agronomia e geociências.

“O termo de cooperação permitirá maior eficácia na fiscalização dos aspectos concernentes à regularidade da utilização dos recursos públicos, desde a licitação até a execução dos projetos, orçamentos, execuções de obras pela administração pública estadual e municipal, permitindo, inclusive, a realização de fiscalizações preventivas e integradas, em defesa do patrimônio público e em benefício da coletividade”, afirma o procurador-geral de Justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto.

Por outro lado, a parceria não muda o trabalho de fiscalização programado para 2010. As fiscalizações de rotina realizadas em execução e licitação de obras públicas pelo CREA-PR continuam normalmente. A diferença é que, em visitas planejadas ou in loco, os técnicos do CREA irão apresentar ao MPE indícios de irregularidades nas obras.

Segundo a engenheira civil e gerente de relações institucionais do CREA-PR, Vivian Curial Baêta de Faria, a ação tem reflexos na sociedade. “A fiscalização melhora a aplicação dos recursos públicos. Reduzem as irregularidades, os desvios de verbas e o número de obras públicas que não são concluídas”, diz.


MPE terá acesso ao banco de dados
Na prática, o convênio permite que o Ministério Público possa solicitar ao CREA-PR a atuação de profissionais em perícias e vistorias nas obras públicas. Também ter acesso ao banco de dados do conselho para a consulta de registros e processos. O CREA, por sua vez, pode acionar o Ministério Público para denunciar irregularidades apuradas em suas fiscalizações de rotina.

“Às vezes, o acesso aos órgãos é difícil, mas com a disponibilização dos dados para a consulta temos mais facilidade de nos comunicar”, afirma a arquiteta e urbanista Vanessa Moura, facilitadora do setor de Planejamento e Controle da Fiscalização do conselho. “O trabalho em rede agrega qualidade, agilidade e detalhamento das informações”, complementa Vivian.



http://www.crea-pr.org.br/crea3/html3_site/site_revista/mat11.html

Mobilização total

Proposta do CREA-PR é levar a agenda Parlamentar aos 399 municípios do Paraná

Revista CREA-PR | 62 | março-abril/2010

Em 2009, a Agenda Parlamentar chegou em 31 cidades do Estado. Já em 2010, irá atingir todos os 399 municípios. Isso será possível via parceria firmada entre o CREA-PR, a Associação dos Municípios do Paraná (AMP) e a União dos Vereadores do Paraná (Uvepar). Além de prefeitos, participam, este ano, da Agenda, vereadores, promotores públicos, senadores e deputados estaduais e federais.

Os encontros da equipe técnica do programa com os prefeitos já começaram. Acontecem durante as reuniões da AMP. Durante o ano, serão 18. A mobilização dos vereadores será no encontro estadual da Uvepar, em 8 de julho. A bancada paranaense no Congresso recebeu os integrantes da Agenda Parlamentar, em fevereiro.

O encerramento do programa em 2010 será em novembro, na Assembleia Legislativa, com a entrega das propostas levantadas durante o ano para o governador eleito, para que sejam inseridas no Plano Plurianual do Paraná (PPA). “A parceria com a AMP e a Uvepar é fundamental. Viabilizou a realização da iniciativa em todo o Paraná. Esta é uma forma de levar conhecimento para a melhoria da gestão dos municípios e qualidade de vida da população”, avalia o coordenador do programa, Claudemir Marcos Prattes.


Cartilha oferece soluções para temas debatidos
A novidade deste ano são publicações que serão entregues aos participantes dos debates. O material tem os 25 principais temas discutidos na Agenda Parlamentar de 2009. “Percebemos que muitas propostas se repetiram em municípios diferentes, como o trânsito, resíduos, acessibilidade, iluminação e conservação do solo. Fundamentamos estas propostas com a ajuda de especialistas”, explica. De acordo com Prattes, o objetivo é respaldar o gestor. “São propostas viáveis. Caso precise de mais informações, as entidades de classe entram em ação”, afirma.

As expectativas para a Agenda Parlamentar deste ano são positivas. Em 2009, mais de 300 propostas foram elaboradas e 80 já estão em andamento. Serão 120 aprovadas até o final de 2010. “Acreditamos na continuidade dos trabalhos, que vamos ter desdobramentos e envolvimento dos gestores municipais. Em menos de um ano de programa, eles já estão desenvolvendo as propostas, que são frequentes em quase todos os municípios. As expectativas são muito grandes”, diz..


Temas que estarão na cartilha
Os 25 temas que serão abordados nas publicações da Agenda Parlamentar foram comuns na maioria dos municípios que participaram dos debates. O material produzido por especialistas dá orientações de como solucionar problemas relacionados a cada um destes temas.

- Trânsito / sistema viário
- Licitações e obras públicas
- Resíduos sólidos
- Acessibilidade
- Iluminação pública
- Licenciamentos ambientais
- Inspeção e manutenção predial
- Uso e reúso da água
- Conservação de solos e da água
- Produtos orgânicos / merenda escolar
- Cercas eletrificadas
- Prevenção de desastres
- Cartilha orientativa para a construção de Edificações “Construção é coisa séria”
- Implementação dos Planos Diretores
- Caderno institucional do CREA (programas casa-fácil, campo-fácil, parcerias de fiscalização, trocas de informações etc.)
- Caderno institucional do CREA-PR, com todas as propostas elaboradas em 31 municípios na Agenda Parlamentar em 2009
- Segurança, nosso município mais seguro
- Instalações provisórias (parques, circos, rodeios, shows etc.) - Responsabilidade técnica, profissionais nos quadros técnicos, salário-mínimo profissional, aprovação de projetos nas prefeituras, questões éticas etc.
- Lodos / Biossólidos
- Arborização urbana
- Programa Gespública
- Fontes de obtenção de recursos para os municípios
- Saneamento
- Agenda 21


http://www.crea-pr.org.br/crea3/html3_site/site_revista/mat04.html

Uma cidade em destaque

Cidade ocupa posição de destaque em índice que avalia desenvolvimento

Revista CREA-PR | 62 | março-abril/2010


Com 6.853 habitantes, em 420 quilômetros quadrados, Douradina é uma pequena cidade no noroeste do Paraná. Com apenas 27 anos de existência, o município ocupa uma posição de destaque na faixa de alto desenvolvimento entre as cidades paranaenses, de acordo com o levantamento realizado pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro).

O estudo avalia o índice de desenvolvimento dos municípios brasileiros com base em emprego, renda, saúde e educação.

Em Douradina, os índices analisados são prioridades. A cidade tem duas escolas municipais e um centro de educação infantil com quase 800 alunos matriculados. E são totalmente equipadas. Contam com ar-condicionado, computadores, internet e serviço informatizado.

Os estudantes participam de diversos projetos culturais, como o Jornal Educação e mostras literárias, que envolvem todo o município.

Douradina tem, ainda, um centro e dois pontos de saúde, que atendem moradores dos distritos Jardim do Ivaí e Vila Formosa. Os idosos e as gestantes recebem atendimento especial, em projetos que combatem o sedentarismo e de acompanhamento durante toda a gestação.

A economia do município é baseada na indústria moveleira, com destaque para a atuação da empresa de móveis Gazin, responsável pela geração de aproximadamente mil empregos em Douradina. Na agropecuária, a criação de gado, produção de soja, milho e cana-de-açúcar são as principais culturas.


Prefeito e técnico em Agronomia fala sobre as prioridades do município

Qual a razão da escolha de educação, saúde e geração de empregos como prioridades no município?
José Carlos Pedroso: Eu acredito que olhar pra frente é investir em saúde e educação. Uma população com uma boa educação é um bem para toda a vida. Temos um município pequeno, mas com estrutura de uma cidade grande. Oferecemos toda a infraestrutura nas escolas, unidades de saúde e transporte.

Quais são os outros setores de destaque em Douradina?
José Carlos Pedroso: A agropecuária é forte aqui. Mas também a indústria e o comércio, que geram bastante emprego. Na indústria, mais destaque para os móveis e colchões. Temos aqui a empresa a Gazin, que emprega mais de 1.300 douradinenses. Prezamos por esta parceria entre empresários, comerciantes e prefeitura.

Quais benefícios esta parceria traz ao município?
José Carlos Pedroso: É o poder público ao lado dos empresários e comerciantes. Transmitimos confiança a eles e eles acreditam no município. Acredito muito no auxílio, no companheirismo sem politicagem. Em prol do município. Quando os empresários e comerciantes acreditam no município, investem e geram empregos para a população.


Os números
Um pouco mais sobre Douradina
Estimativa da população douradinense (IBGE 2009): 6.853
Área: 420 km2
Arrecadação mensal: R$970.000,00
Investimento na infra-estrutura: R$150.000,00
Principais Produtos Agrosilvopastoris: Bovinos, pastagens, forragens e algodão
Indústria dominante: Mobiliário, produtos alimentares, vestuário, calçados e tecidos

Participação no PIB Municipal:
Agropecuária: 26,28 %
Indústria: 1,70 %
Serviços: 72,02 %
Produto Interno Bruto: US$ 10.113.720,68
PIB per capita: US$ 1.627,83
Fonte: IBGE, Governo do Estado do Paraná e Prefeitura de Douradina


História da cidade e como surgiu o nome
O primeiro colonizador da região de Douradina foi Antônio Lustosa de Freitas, que chegou com sua família e 22 peões em 1952. O município foi fundado em 17 de janeiro de 1979, mas apenas no dia 1º de fevereiro de 1983 foi emancipado politicamente da cidade de Maria Helena, por meio da Lei Estadual n.º 7.107. O nome Douradina surgiu em função da Serra dos Dourados, mas antes da definição optou-se também pelo nome Douradinha. A cidade tem muitas tradições. Uma delas é a festa mais tradicional: Festa do Peão de Boiadeiro de Douradina (Fepeina), que faz parte das comemorações do aniversário do município. São realizados rodeios profissionais, concurso de rainha e princesas do evento e shows de música sertaneja.

http://www.crea-pr.org.br/crea3/html3_site/site_revista/mais.html

O aconchego das cafeterias

Projetos de decoração de cafés investem em ambientes acolhedores e no conforto dos clientes

Gazeta do Povo | 30 de maio de 2010

O consumidor que frequenta um café procura um am­­biente aconchegante para conversar com os amigos, ou um lugar para ler, estudar ou até mesmo trabalhar por uns instantes tranquilamente. Para agradar o público, esses estabelecimen­tos contam com uma decoração especial que, diferente das redes de fast food, é criada pensando nas horas de lazer de seus clientes.

“A cafeteria procura resgatar o conceito de sair de casa e ir ao café, em que o programa é estar no local, encontrar boa música, um espaço para ler um livro, estudar. O importante é ter tranquilidade na cafeteria e para isso o ambiente precisa ser aconchegante e confortável”, comenta Victor Eimer, proprietário do Café Metrópolis. “Não queremos que o cliente venha para ficar só cinco minutos”, diz.

Cada elemento da decoração faz a diferença nos ambientes e contribui para que os cafés criem seus estilos. No ambiente do Café Metrópolis, que fica próximo da Praça Espanha, Eimer teve suas referências nos cafés franceses e criou em Curitiba “um pedacinho da França”. A construção original onde hoje funciona o estabelecimento foi demolida e reconstruída especialmente para o café, com o projeto da arquiteta Maria Nadir Miranda de Carvalho.

Toda a decoração do Metrópolis segue o estilo francês, percebido do piso ao teto. O uso de espelhos e iluminação, além de decorativos, dão a sensação de amplitude ao espaço. As janelas na fachada com luminárias de neon que indicam se o estabelecimento está aberto trazem ares franceses ao café e am­­pliam o ambiente.

No chão, ladrilhos hidráulicos fazem a combinação com os tons predominantes do espaço: azul, vermelho e branco, que são as cores do país. As mesas possuem pés originalmente franceses e ficam dispostas exatamente como nos cafés da França. O lado de fora do café também segue o padrão francês, com o tradicional toldo sobre a porta de entrada e cadeiras viradas para a rua, “para ver a vida lá fora.”

Uma coleção de peças antigas completa o estilo do ambiente. Muitas peças foram trazidas de cafés europeus e fazem parte da extensa coleção de Eimer. Algumas dessas peças ainda funcionam, como a máquina registradora e a geladeira. “Curitiba tem muito esse perfil europeu e combina com os cafés. É uma tendência.”

Café no coração da loja
No Lucca Café, da Alameda Presidente Taunay, a decoração do ambiente é relacionada com seu produto principal. Os consumidores podem saborear o café ao mesmo tempo em que apreciam a sua produção. “A máquina que faz a torra do café é o coração da loja e por isso é posicionada estrategicamente. Toda a cafeteria está disposta em volta da máquina, que é o espaço central”, explica o arquiteto Marcelo Valente. Ele afirma que esse conceito segue a tendência de cafeterias europeias.

Acompanhando a máquina de torra, a decoração se estende pelas sacas de café dispostas por toda a loja. Esses elementos não estavam previstos no projeto inicial, mas foram incorporados com o aumento da produção de café, que além de consumido no local é comercializado para os clientes e outros estabelecimentos. O cheio do café por todo o ambiente insere ainda mais o frequentador nesse conceito.

“O café é algo quente e passa a sensação de aconchego”, diz Va­­lente. A decoração do espaço possui sofás e poltronas que formam pe­­quenos lounges. O mobiliário preto contrasta com a iluminação amarelada e com as cores vibrantes nas paredes. As cores seguem a identidade visual da marca e são versáteis para o público variado que frequenta o local.

O imóvel onde o Lucca Café funciona passou adaptações para receber o estabelecimento. A estrutura original foi mantida, mas algumas modificações realizadas priorizaram a abertura de todo o ambiente para dar destaque ao maquinário e visibilidade por todo o espaço. Fazem parte da decoração uma butique com produtos da marca e uma livraria no interior da loja.

No Frans Café, da Rua Gonçalves Dias, a acomodação dos frequentadores é o principal direcionamento da decoração. Os projetos variam de acordo com a franquia, mas sempre possuem alguns pontos que remetem à marca.

A arquiteta da rede, Sonia Pit­telli Campos, aproveita o uso de sofás, poltronas e a disposição de vegetação interna para dar a sensação de conforto aos clientes. “O obje­­tivo é estimular a permanência do cliente na loja, de maneira confortável e aconchegante”, ex­­plica. O local favorece a longa permanência com jornais, revistas e rede wireless, que assim como nos demais cafés citados pode transformar o espaço em um ambiente pa­­ra trabalho ou reuniões.

A loja do Batel, em Curitiba, foi a primeira da rede que teve em seu projeto a criação de uma fachada adequada à lei de despoluição visual de São Paulo. A alternativa encontrada foi o aprimoramento da iluminação dentro e fora da loja. Na fachada, a iluminação aliada ao painel de madeira destaca o nome da loja, bem como todo o prédio iluminado. No ambiente interno a opção foi pela luz fria com coloração amarelada. “Investimos em uma iluminação com consumo de energia mais eficiente sem perder o conforto do cliente”, diz Sonia.

Serviço:
Café Metrópolis – Rua Carlos de Carvalho, 1.148. Fone: (41) 3233-6034. Lucca Café – Alameda Presidente Taunay, 40. Fone: (41) 3016-6675. Frans Café – Rua Gonçalves Dias, 151. Fone: (41) 3042-2301

http://www.gazetadopovo.com.br/imobiliario/conteudo.phtml?tl=1&id=1008329&tit=O-aconchego-das-cafeterias