Câncer bucal pode ser evitado

Hospital Erasto Gaertner orienta população sobre prevenção; fumo e bebida são prejudiciais

Folha de Londrina | 27 de novembro de 2008

Quinta maior incidência no Brasil entre os diversos tipos da doença, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer bucal pode ser evitado e apresenta o agravante de os pacientes não se preocuparem com seus sintomas iniciais, geralmente confundidos com aftas. De acordo com o Inca, neste ano serão registrados 1.230 novos casos no Paraná entre homens e mulheres e 14.160 incidências em todo o Brasil.

Oitenta por cento dos fatores que provocam o câncer são externos. São casos de câncer de pele, pulmão, laringe, boca e outros, que poderiam ser evitados com hábitos de vida saudáveis e têm altas chances de recuperação se identificados precocemente. Os restantes são referentes a fatores genéticos (em torno de 10%) e fatores hereditários (aproximadamente 5%).

O câncer bucal é causado pelo consumo de fumo, álcool ou ainda pela má higiene bucal. Pode ser identificado por manchas brancas e avermelhadas, caroços ou feridas que permaneçam por mais de 15 dias em qualquer região da boca. Com o passar do tempo pode ocorrer a metástase, em que as lesões passam para outras regiões do corpo, principalmente para o pescoço e podem chegar até o pulmão ou fígado, onde formam novos caroços que crescem gradativamente.

Um estudo realizado pelo chefe do Serviço de Cirurgia Buco Maxilo Facial do Hospital Erasto Gaertner, Laurindo Moacir Sassi, mostra que 18% do total de 8.670 pessoas examinadas pelo hospital em um período de 19 anos, e moradoras de 20 cidades do Paraná, desconheciam as formas de prevenção do câncer de boca. Noventa por cento dos participantes da pesquisa possuíam lesões características da doença.

A falta de informação, de acordo com o oncologista, prejudica principalmente os pacientes de baixa renda. Chegam ao hospital casos de pessoas com lesões enormes no pescoço. Entre os pacientes participantes da pesquisa, 52% dos que apresentaram lesões recebiam menos de dois salários mínimos, 57,5% tinham grau de escolaridade primário e 16% são analfabetos.

O tratamento para o câncer de boca é desenvolvido por meio de cirurgia e, dependendo do estágio do tumor, é necessária a complementação do tratamento com quimio ou radioterapia. Quando não há chance de recuperação, o tratamento realizado visa melhorar a qualidade de vida do paciente, como a diminuição da dor, por exemplo.

Para alertar a população sobre as causas e os riscos do câncer de boca, profissionais do Hospital Erasto Gaertner vão prestar hoje, Dia Nacional de Combate ao Câncer, orientações sobre a doença e realizar exames clínicos. A campanha será realizada das 8 às 18 horas na Boca Maldita.


Tudo graças ao dentista
O jornalista Robson Monteiro, 32 anos, descobriu, em outubro do ano passado, que tinha câncer de boca, quando foi convidado por seu dentista a fazer um clareamento nos dentes, com o objetivo de melhorar sua aparência no programa de TV em que trabalha. Até então, ele achava que a "bolinha" que tinha na bochecha era algo normal, decorrente de uma mordida, e pediu para que o profissional retirasse o caroço.

Ex-fumante -hábito que manteve por quase dez anos-, Monteiro se assustou quando o dentista comentou que o procedimento correto seria realizar uma biópsia. "Feliz momento que fui ao dentista. Era um tumor, foi por um acaso", lembra. Ele conta que o sintoma do câncer de boca não o incomodava, pois não sentia dor no local.

Da consulta com o dentista, Monteiro passou para um tratamento no Hospital Erasto
Gaertner, durante um ano, onde fez uma operação para a retirada do tumor e passou por sessões de quimioterapia.

Hoje, passa apenas pelo acompanhamento anual. A continuidade do tratamento fica por conta de Robson. Parou de fumar e mudou a alimentação. Sensibilizado, ele divulga o câncer de boca e outras formas da doença em seu programa de TV.

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