Comunidade ucraniana celebra o ano novo

Missa realizada ontem reuniu fiéis que também comemoraram a oficialização do nome do menino Jesus

Folha de Londrina | 15 de janeiro de 2009

De acordo com o calendário Juliano, a comunidade Ucraniana Ortodoxa celebrou ontem o início do ano novo. Em uma missa realizada na Igreja do bairro Champagnat, em Curitiba, os fiéis agradeceram os benefícios do ano anterior, além de receberem bênçãos e proteção para o ano que inicia.

A missa foi celebrada inteiramente na língua ucraniana e cantada, com a participação de um coral composto por seis senhoras da comunidade. Do santuário -uma espécie de altar-, o Arcebispo e Eparca da Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana na América do Sul, Dom Jeremias Ferens, conduziu a celebração alternando entre momentos em que estava de frente e de costas para os fiéis.

Na tradição Ortodoxa, o nome de Jesus foi oficializado no oitavo dia após seu nascimento, comemorado no dia 7 de janeiro. A data segue o Calendário Juliano, instituído por Júlio César no ano 46 antes de Cristo. A diferença de 13 dias em relação ao calendário Romano faz com que muitos fiéis brasileiros deixem de participar das celebrações, por motivos de trabalho e outros compromissos. "É uma tradição muito antiga, poucos praticam, mas acontece em muitos lugares. Em outros países é feriado nacional e celebrado com muita pompa", disse o responsável pela igreja, que acolhe aproximadamente 70 famílias.

Um exemplo é a Ucrânia, em que 70% da população é cristã ortodoxa e as comemorações são mais ricas. O arcebispo acredita que, no Brasil, o contato com outras culturas faz com que as celebrações sejam reduzidas, poucas famílias participem e a tradição "vai se perdendo". "Mas estamos há 75 anos inalterados, com todo o rigor e tradições", complementa. Além da Ucrânia, a Igreja Ortodoxa é predominante na Grécia, Rússia, Bulgária, Romênia e Sérvia.

Além da missa, os descendentes de ucranianos celebram a data com a família, em jantares realizados no dia 31 de dezembro do calendário Juliano. A comida típica é composta por nozes, amendoins e doces. Durante a madrugada, as crianças entregam sementes e doces para representar prosperidade.

Após a celebração, membros da igreja lançam sementes sobre os fiéis, para atrair prosperidade e saúde, conforme a tradição. Neste ano, o responsável pela tradição foi o pequeno Antônio Cirilo Rylo Toso, 7 anos. Sua mãe, Angela Fabiana Rylo, faz questão de participar da celebração e conta que precisou faltar ao trabalho. "Participo desde pequena", conta a advogada.

Frequentadora da igreja há 10 anos, Eugenia Stefanovicz afirma que a participação na missa faz bem. "É gostoso, a gente se sente mais leve quando vem aqui. Confraterniza, se reúne, conversa", diz. No dia 1º de janeiro ela conta que passa o dia descansando. "Quem pode respeitar, respeita."

Tradição Ortodoxa
O Cisma, ocorrido em 1054, promoveu a criação da Igreja Ortodoxa (do Oriente) e da Igreja Católica Romana (Ocidental). Os ortodoxos reconhecem os sacramentos: batismo, crisma, eucaristia, confissão, matrimônio, ordem e unção dos enfermos. A Igreja Ortodoxa é Una, Santa, Católica e Apostólica.

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