Ilha do Mel está pronta para receber veranistas

Expectativa é que movimentação atinja o limite autorizado de 5 mil pessoas no local ao longo de toda a temporada

Folha de Londrina | 29 de dezembro de 2008

Com muitas praias, sol e construções históricas, a Ilha do Mel está à espera dos turistas para esta virada do ano. Além das belezas naturais, os comerciantes já se prepararam para o período com maior movimentação de visitantes.

''As expectativas são as melhores... Infelizmente pelo que aconteceu em Santa Catarina'', prevê o atendente de um restaurante. A previsão e a animação, comuns entre os demais entrevistados pela FOLHA, motivou os reparos nas instalações e o estoque de alimentos e produtos personalizados, vindos de fora da ilha, ou provenientes da produção de artesanato local. ''Todo ano a gente espera movimento'', afirma o proprietário de uma loja de roupas, Tito da Silva Luiz Neto, 24, que está na ilha há oito anos. Para esta temporada, ele apostou no aumento das vendas. ''Aumentamos um funcionário e estamos com muita mercadoria própria'', diz.

A temporada turística começa em setembro, com o feriado da Independência do Brasil, e segue nos meses de outubro e novembro. Mas é em dezembro e janeiro que a movimentação chega ao limite de visitação na ilha, com 5 mil pessoas no local. Apenas no primeiro final de semana da Operação Verão, 2.131 turistas embarcaram nas mais de 45 barcas disponíveis com destino às localidades de Brasília e Encantadas. Em dezembro do ano passado foram 15 mil visitantes. O presidente da Associação de Moradores da Ilha do Mel, João Lino de Oliveira, aponta para uma nova tendência do turismo. ''Estamos percebendo uma grande movimentação de turistas durante o ano inteiro'', afirma.

Na pousada em que Vanderlei Antunes é gerente, todos os 14 quartos já estão reservados para o Ano Novo. Um pacote de cinco dias com café-da-manhã chega a custar R$ 1,6 mil. ''O período mais forte é de 26 de dezembro a 15 de janeiro. Fizemos alguns retoques no restaurante, na pousada e compras de alimentos'', conta.

Assim como o comércio, a estrutura da Ilha do Mel também conta com inovações. Novas placas de sinalização foram instaladas e indicam os caminhos para as principais praias. O trapiche de embarque para Brasília está em reforma, mas ainda sem previsão de entrega. Uma equipe composta por 12 guarda-vidas está nas praias Mar de Fora, em Encantadas, Praia Grande e Praia de Fora, em Brasilia.


Ocupação do solo em discussão
Mesmo favoráveis às determinações da lei de uso de ocupação do solo para a Ilha do Mel, aprovada pela Assembléia Legislativa e enviada ao governador Roberto Requião, os moradores entrevistados pela FOLHA disseram que não participaram das discussões sobre a proposta.

Proprietária de uma loja de roupas, Bianca Murara, 34, acredita que as determinações não irão trazer muitas mudanças para a rotina local. ''Quanto mais correto, melhor, estamos em uma reserva ambiental'', opina a moradora da ilha há dez anos e que afirma notificar o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) de qualquer alteração na estrutura da loja e de sua casa. ''Qualquer poda de árvore que faço aqui eu notifico, mas falta uma discussão com a comunidade, que tem necessidades'', diz.

Para a aposentada Iara Mello, 61, que não mora na ilha, mas é proprietária de uma casa no local desde 1963, a principal melhoria trazida pela lei refere-se à venda de propriedades. ''Temos que fazer um planejamento da ocupação do solo e respeitar as florestas'', afirma. Ela conta que quando estabeleceu seu terreno na ilha, todo o local era ''só mato'' e que houve uma ''invasão'' de casas nas redondezas. ''Cada filho de nativo tinha direito a um lote de terra, mas eles vendiam as posses, ficavam excluídos ou solicitavam um outro lote e vendiam novamente'', lembra.

O presidente da Associação de Moradores da Ilha do Mel, João Lino de Oliveira, afirma que a venda de lotes na ilha começou após a grande valorização do local. Isto levou os nativos a dividir seus terrenos e disponibilizá-los para venda, o que invibializou a utilização do espaço por seus filhos. Porém, ele ressalta que a nova lei vai impedir este tipo de negociação, pois limita o tamanho mínimo de 500 metros de cada propriedade e não permite a venda ''destemida''. ''A venda aqui é diferente do que no continente. As pessoas não têm a posse da propriedade, é assinado um termo que permite viver no local por 99 anos, mas o terreno não é do morador'', explica.

Em relação à participação dos moradores nas discussões, Oliveira afirma que estava previsto um debate coletivo com todas as comunidades da Ilha do Mel -Encantadas, Brasília, Praia Grande, Farol, Forte e Ponta Oeste -, em que cada grupo apresentaria suas considerações, mas antes desta reunião a proposta foi encaminhada à Assembléia Legislativa. ''Estamos há mais de uma década aguardando um plano que defina nossas relações, e a lei vai disciplinar o nosso papel e o papel do Estado, nossas obrigações e deveres'', afirma.


Moradores pedem melhorias
A beleza das praias é inquestionável, mas a infra-estrutura local ainda é alvo de críticas de moradores e turistas. ''Faltam algumas coisas para o turista, lixeiras, banheiros públicos, eles reclamam que não tem uma ducha para se lavarem antes de ir embora'', conta o comerciante e morador Tito da Silva Luis Neto. Que reclama da qualidade e da falta de água durante a temporada. ''Agora está melhor, mas as vezes a água vem 'um café', com mau cheiro. Também falta água durante a noite na temporada, pois é muita gente.'' Porém, eles garantem que o serviço de coleta de lixo (realizado diariamente) e a rede de esgoto estão satisfatórias.

Para Silvério Dias, 63, morador da ilha desde o nascimento, todas as inovações são uma melhoria para o local. Ele acompanhou a instalação de energia elétrica, canalização do esgoto e abastecimento de água. ''Está bem melhor, a água melhorou muito'', conta o senhor, que hoje trabalha no transporte de mercadorias e bagagens que chegam à ilha, com carrinos de mão, junto com outros 26 colegas.

Nas praias, pequenos rios que cortam a areia e desembocam no mar preocupam os turistas. Mas, apesar da aparência, a água de cor escura - em certos pontos com mau cheiro - não representa um canal de esgoto. Na verdade, como os rios que cortam a região passam por diversos pontos da ilha, inclusive florestas e mangues, ficam com esta coloração diferenciada.

O presidente da Associação de Moradores da Ilha do Mel, João Lino de Oliveira, acredita que não houve uma preparação planejada e estruturada junto com todos os moradores e comerciantes. E reclama da falta de estrutura para turistas e moradores no período do inverno. ''No dia-a-dia, fora da temporada, também temos necessidades que não são atendidas, que deixam a desejar. Não temos um atendimento ao turista, com bombeiros em locais adequados, a preservação de trilhas, caminhos, pontes. Não temos banheiros públicos, um fraldário ou guarda-volumes.''

Pela terceira vez na Ilha do Mel, a funcionária pública Leda Beatriz Paiva de Oliveira, moradora de Ivaiporã (110 km ao sul de Apucarana), se diz encantada com o local. ''Depois que conheci a ilha, venho visitar todo ano. Quem vem para o litoral não tem como deixar de vir aqui'', afirma.

Porém, além de pequenos problemas na estrutura, ela conta que se incomoda com o atendimento de alguns comerciantes. ''Vários atendem super bem, mas outros parecem que são obrigados. A gente vem para lazer, independente que isso continue'', diz. Por outro lado, o comerciante Tito se queixa da postura de alguns turistas. ''Alguns acham que são donos, jogam lixo no chão, não ajudam a conservar'', reclama.


Muitas opções de lazer
Um banho de mar, caminhada pelas trilhas, visita às praias ou às construções que datam do século XIX. Estas são algumas das opções de lazer que os turistas da Ilha do Mel podem desfrutar durante a estadia. A criatividade de moradores e comerciantes possibilita aos visitantes outras formas de diversão.

Comumente feito com caminhadas, o trajeto entre o Farol das Conchas e a Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres, cuja distância é de quatro quilômetros, pode ser feito sobre duas rodas. Alguns comerciantes locais alugam bicicletas, por valores que variam entre R$ 7,00, por uma hora de uso, a R$ 35,00 para um dia inteiro.

À noite, diversos bares, além de servirem pratos variados que vão de frutos-do-mar a massas ou até comida japonesa (recentemente foi inaugurado o primeiro Sushi Bar da ilha, na Praia de Fora), também realizam festas nos mais variados ritmos musicais. E caso o turista não saiba encontrar onde acontecem as festas, cartazes fixados nos postes de energia anunciam a atração e a localização das mesmas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário