Recurso que cai do céu

Você já pensou em aproveitar a água da chuva para lavar seu carro ou regar as plantas?

Revista Atitude Sustentável | 03 |

Todos os dias, às 6h30, a empresa onde o gerente de logística Ronaldo Gugelmin Pereira Jorge trabalha tem seu jardim irrigado. São mais de três mil metros quadrados de área, que consomem por mês cerca de 85 mil litros de água apenas para irrigação. Este sistema é automático, mas não é a principal novidade no local.

No fim do mês, os 85 mil litros de água utilizada para a irrigação dos jardins não pesam nas contas da empresa. Isso porque a água “cai do céu”. Isso mesmo, ela vem de graça! “Já projetamos esta nova sede da empresa para ter um sistema de aproveitamento de água da chuva”, conta. O telhado da construção, com oito mil metros quadrados de área, é especialmente canalizado para receber a água da chuva, que é direcionada a cisternas para o armazenamento.

“O sistema é tão simples que nem lembramos mais que ele existe, funciona muito bem. Além disso, as pessoas gostam de saber que temos este sistema na empresa e que aproveitamos os recursos; é muito saudável.” Na ponta do lápis, a economia que a empresa faz por mês com o aproveitamento da água da chuva passa dos 300 reais, de acordo com as tarifas da concessionária local. Em apenas alguns meses este valor cobriu os investimentos feitos para a compra e instalação do sistema, que no montante total da obra fez pouca diferença.

A economia financeira, no entanto, é apenas um dos benefícios que o aproveitamento da água da chuva traz. Com a utilização deste recurso que chega de graça, alcança-se uma série de efeitos positivos para o meio ambiente. “Aproveitando-se ou não a chuva, armazená-la é indispensável para conter e, sobretudo, não piorar os efeitos da impermeabilização urbana”, ressalta Jack Sickermann, do Consórcio da Chuva 3P Technik / Acquasave, que trabalha com soluções para o manejo sustentável das águas pluviais. Armazenada nas cisternas, a água da chuva demora mais tempo para chegar ao sistema de drenagem, que fica sobrecarregado em ocasiões de temporais, por exemplo.

“É atitude sustentável básica utilizar o que ‘está à mão’ e a chuva é algo que cai sobre as nossas cabeças, daí é tão elementar como aquecer a água do banho com a força do sol. Isto sem falar dos imensos custos para tornar potável a água dos nossos rios poluídos e trazê-la de distâncias cada vez maiores. Imagine a energia necessária para acionar elevatórias, bombas etc”, complementa.
Para o engenheiro civil Plinio Tomaz, o aproveitamento da água da chuva possibilita também melhor distribuição dos recursos hídricos, uma vez que a água disponibilizada pelas concessionárias não é desperdiçada e pode chegar a comunidades que ainda sofrem com problemas de abastecimento. “Na descarga, as pessoas utilizam água da concessionária, que vem com flúor, mas o banheiro não tem dentes. Podemos usar a água da chuva e outras pessoas podem usar a água potável”, brinca.

Nos países da Europa, a utilização deste recurso já é comum, mas no Brasil estes sistemas ainda são aproveitados de forma discreta. De acordo com Jack, enquanto na Alemanha a média é de 100 mil instalações do sistema por ano, no Brasil o índice anual é de apenas cinco mil. Para Plínio, o aproveitamento da água da chuva é uma necessidade do mundo moderno. “Temos quatro paradigmas em relação a água: a água das superfícies (os rios e os lagos), a água subterrânea, o reuso de esgotos e a água da chuva. O mundo moderno tem que usar estes quatro paradigmas”, afirma. “Cada vez mais os municípios estão indo nesta direção. A arquitetura também irá se adequar ainda mais a estas necessidades”, complementa Jack. Quem utiliza este sistema passa a ter uma preocupação maior com o consumo dos recursos naturais e percebe que iniciativas como esta fazem a diferença.


Aproveitando cada pingo
Toda a instalação do sistema deve ser realizada por profissionais especializados na área, que irão montar o projeto de acordo com o índice pluviométrico da região, com a capacidade de captação do telhado e com a finalidade para que a água será utilizada. Isto irá definir toda a estrutura do sistema, inclusive o tamanho da cisterna que irá armazenar a água. “A norma deu coragem para a instalação do sistema. Sem a norma era um perigo, pois eram feitas muitas coisas erradas, que trazem problemas para a vida das pessoas”, avalia Plínio.

Em casas já construídas, a adaptação para o sistema pode ser mais simples, sem causar muitos danos à estrutura. A opção é instalar a tubulação que liga a água da chuva à cisterna na parte externa da casa. “Quando houver a necessidade de uma reforma maior pode aproveitar e instalar o sistema completo. Se ainda assim o interessado ainda não tiver condições de instalar todo o sistema, existe a possibilidade de deixar a tubulação já pronta, para depois não interferir nas paredes”, recomenda Jack.

E se parar de chover? O sistema continua funcionando normalmente durante períodos de estiagem até que toda a água armazenada seja utilizada. Quando o nível de água da chuva fica baixo, ela é substituída pela água da rede pública.

Fazendo as contas
Cerca de 50% da água utilizada nas casas é destinada para fins não potáveis. Com a utilização da água da chuva, a economia da água fornecida pelas concessionárias pode variar entre 30 e 50%. Em estabelecimentos comerciais e indústrias, a economia é ainda maior devido ao volume de água utilizado mensalmente.

Os especialistas afirmam que a instalação de um sistema de aproveitamento da água da chuva é mais rentável para casas maiores, com mais de 200 metros quadrados de área construída. Construções pequenas, com aproximadamente 50 metros quadrados, tendem a ter baixo consumo de água, o que em muitos casos é subsidiado pelas concessionárias. A taxa de subsídio vai até o consumo de dez metros cúbicos por mês.

O custo do sistema, previsto para casas com 150 a 300 metros quadrados, varia entre 5 e 7 mil reais. O valor inclui as calhas, tubos para captação, cisternas para armazenamento e tubulação para o direcionamento da água. O retorno do investimento, de acordo com os fabricantes, demora em média cerca de três anos nas residências e no máximo o mesmo período em indústrias e comércios. Na área de um metro quadrado, a captação de um milímetro de chuva corresponde a um litro de água.

Para a empresária Hilda Cherobim, a meta é chegar à redução de 50% no consumo de água. Ela instalou o sistema de aproveitamento de água da chuva durante a construção da casa e investiu 1,8% do valor total da obra para a estrutura, o que não considera um valor elevado. Nos dois primeiros meses em que está morando na casa ela já sente a diferença no consumo. A água da chuva é utilizada para a descarga nos vasos sanitários, irrigação do jardim, limpeza dos pisos e do carro.

A redução no consumo, no entanto, não foi o único objetivo da instalação do sistema na casa de Hilda. “Fizemos isso pensando no futuro, em contribuir para a sustentabilidade. Temos que pensar também no outro lado”, afirma. Ela conta que antes de utilizar a água da chuva sentia-se envergonhada por utilizar a água da rede pública. “Não tinha mais coragem de pegar na mangueira para lavar o carro e molhar as plantas. Agora estou tranquila”. Em casa, os filhos da empresária também gostaram do novo sistema. Além de contarem na escola as iniciativas sustentáveis que têm em casa, aproveitam a irrigação para regar as plantas do jardim.


Sistema que vem da antiguidade
O engenheiro Plinio Tomaz conta que o aproveitamento da água da chuva é feito desde a Antiguidade. Na região de Israel a pedra Mohabita, de 830 a.C., trazia determinações do rei Mesa sobre a construção de cisternas. A Fortaleza dos Templários, em Portugal, de 1160 d.C., já era abastecida com a água da chuva.

Ação que vai além da cidadania

Trabalho voluntário nos ajuda a criar melhores condições para o mundo em que vivemos

Revista Atitude Sustentável | 03 |

Antes de começar a ler esta matéria, responda as questões abaixo:
1. Em que você acredita?
2. Qual a sua causa?
3. O que você gosta de fazer? E como o que você gosta de fazer pode ajudar o própximo?
4. O mundo precisa de quê? Comece a pensar pelo “seu mundo”: seu condomínio, seu bairro, sua cidade…*

*Questões utilizadas pelo Centro de Ação Voluntária de Curitiba na palestra informativa “O que é ser voluntário”

Já pensou que com as suas respostas você pode encontrar uma oportunidade de atuação voluntária? Não existe uma resposta para estas perguntas, pois apenas você pode chegar a uma conclusão. Mas refletindo sobre estas questões fica mais fácil identificar como e em que área você pode começar a transformação por um mundo melhor e mais sustentável. Melhor para você e para toda a sociedade.


Em qualquer área de atuação o trabalho voluntário é uma iniciativa que traz benefícios coletivos. Além da ajuda a instituições que realizam ações sociais, ele é considerado como uma ferramenta de educação para a cidadania. A partir da participação, o voluntário percebe inúmeras outras possibilidades de atuação em sua vida, criando assim um ciclo de boas ações que interferem diretamente na sustentabilidade. “O trabalho voluntário significa sair de sua realidade e se colocar no papel do outro, na realidade alheia”, explica a analista de projetos do Centro de Ação Voluntária de Curitiba, Alcione Andrade. O objetivo desta imersão é buscar a solução para os problemas sociais e contribuir para que esta solução seja alcançada junto com a comunidade atendida. “Não é apenas atuar no problema, é diagnosticar a causa e conseguir inovações”, afirma. Para isso o voluntário pode usar suas próprias potencialidades. “É preciso ter prazer, além de querer fazer. É acreditar que está fazendo algo que vale a pena”.

O voluntariado, no entanto, vai além das responsabilidades cidadãs que todos nós temos. Separar o lixo, respeitar as leis de trânsito, dar preferência a idosos, pagar os impostos corretamente ou participar de audiências públicas, por exemplo, não significa atuar voluntariamente em uma causa. “As pessoas ainda não assimilaram isso: até onde é a minha responsabilidade e onde começa o trabalho voluntário”, afirma Alcione. Ela ressalta que “para que o mundo melhore é preciso que as pessoas assumam mais do que a vida particular de cada um.”

A ação voluntária dos cidadãos pode transformar o mundo. Além de potencializar a missão das organizações em que atua, o voluntário torna-se multiplicador das causas sociais para outros cidadãos e passa ainda a rever seu próprio comportamento. Muitas vezes, ao se aproximar de uma instituição social, o voluntário conhece uma realidade completamente diferente da sua. Para a diretora executiva do Instituto Faça Parte, Maria Lucia Meirelles Reis, o trabalho voluntário também exerce uma função muito importante para a formação dos jovens. O instituto promove o voluntariado educativo entre eles, em parceria com as secretarias de educação. “Os jovens passam a se sentir agentes de transformação social e levam este aprendizado para sua vida adulta. Esta prática está formando uma geração de brasileiros responsáveis e comprometidos em melhorar a sociedade e o mundo”, afirma.

Depois de 20 anos à frente de projetos de criação de cooperativas agrícolas em todo o estado do Paraná, o engenheiro agrônomo aposentado Silvio Galdino Carvalho Lima passou a se dedicar ao trabalho voluntário. Ele direcionou todos os seus conhecimentos para a formação de cooperativas em comunidades de baixa renda da Região Metropolitana de Curitiba. “Tenho gosto pela coisa e há 12 anos, depois de aposentado, comecei o trabalho voluntário”. Desde então, Lima teve contato com grupos interessados em montar uma cooperativa em diversas áreas, como a coleta de materiais recicláveis, panificação e costura. Aos 82 anos de idade ele segue firme com o trabalho voluntário. “Temos sempre que acompanhar, caminhar junto, sentir os problemas deles. É um trabalho difícil, demorado”, conta. Ele ressalta ainda que quando comparada a uma empresa, a cooperativa “é especial, ela pertence a todos que participam dela. São donos, não são empregados”.

Mesmo com o acompanhamento, muitos grupos não conseguem seguir com o projeto adiante, mas para ele isto não é razão para desistir da iniciativa. “Eles estão aprendendo, a pessoa já sai diferente, não é a mesma. É um ganho que vale a pena. É uma satisfação muito grande ver o interesse, a alegria e a vontade de progredir”, garante.

A distância não é problema!
Morando em São Paulo, Daniela Silva, 28, realiza trabalho voluntário para a ONG Voluntários em Ação – que tem sede em Florianópolis – sem sair de casa. Tudo isso utilizando apenas a internet. Esta foi a maneira que ela encontrou para utilizar seus conhecimentos em prol do bem coletivo. “Eu buscava trabalhos cujo intento fosse contribuir de maneira efetiva para a sociedade. O que mais me chamou a atenção para esta prática foi a forma de como os trabalhos poderiam ser realizados: sem sair de casa, ou seja, a qualquer hora e em qualquer lugar. Bastam 10, 15, 20 minutos do seu tempo”, conta.

Pedagoga, ela atua como pesquisadora e criadora de conteúdos para a organização sobre temas como protagonismo jovem, voluntariado, saúde e meio ambiente, além da criação de projetos para editais de seleção. “Acredito que o primeiro passo para a contribuição está no acesso à informação e na disseminação do conhecimento e troca de saberes. As pesquisas e conteúdos que faço servem de respaldo a dezenas de organizações e profissionais que necessitam de novas ideias e soluções para implementarem seus projetos e inovarem sua prática diária.”

Assim como Daniela, cerca de 22 mil voluntários estão cadastrados no site da organização Voluntários Online, que mobiliza pessoas interessadas em participar das instituições pela internet. Diferente do que pode parecer na primeira impressão, o trabalho realizado pela rede também pode contribuir para a realidade das organizações sociais e, consequentemente, para toda a sociedade. “O voluntariado online é uma experiência muito rica. Muitas vagas são perfeitas para este tipo de trabalho, são vagas mais gerenciais e não operacionais, que as instituições muitas vezes têm dificuldade de encontrar”, explica Vanessa Aguiar de Jesus, coordenadora de comunicação da organização.

A atuação online funciona perfeitamente e contribui para a profissionalização do Terceiro Setor, que passa da atuação assistencialista para um trabalho mais estruturado. “Muitas organizações ainda não estão amadurecidas e precisam de um profissional para ajudar que isso aconteça, para que a ONG cresça e se torne sustentável”. Desta forma, jornalistas, advogados, professores e diversos outros profissionais podem fazer a diferença com a produção de textos, pesquisas de conteúdos, programação de sites, consultorias jurídicas e muito mais. Tudo isso em apenas um clique.


Dicas para realizar um bom trabalho voluntário
Não é preciso um perfil específico para realizar trabalho voluntário. Basta vontade de ajudar, dizem os profissionais da área. Mesmo assim, algumas dicas podem tornar seu trabalho voluntário ainda mais eficaz para você, para a organização em que pretende atuar e para a toda a sociedade:
- Antes de começar a busca por alguma instituição social, entre em contato com o centro de ação voluntária de sua cidade. Muitos realizam palestras sobre o trabalho voluntário e o relacionamento com as instituições.
- Procure alguma instituição que atue na causa com que você se identifica, onde realmente acredite que seu trabalho irá fazer a diferença.
Conheça a instituição antes de se tornar voluntário. Às vezes você pode não se identificar com o ambiente.
- Comece com ações pontuais, assim você vai conhecendo suas capacidades e já percebe que qualquer ação traz bons resultados.
Não deixe de assinar o Termo de Voluntariado, que determina quais serão os trabalhos que você irá realizar e em que horários.
- Cumpra com seus compromissos. Se você combinou que irá em determinado dia e horário, funcionários e pessoas atendidas pela instituição estarão esperando por você, pois precisam do seu trabalho.
- Ao desenvolver projetos durante o trabalho voluntário não centralize o funcionamento da ação apenas em você. O objetivo é que a comunidade se torne independente e sua função é ajudá-la a encontrar o caminho.
- Se você não tem tempo de se deslocar até alguma organização social, opte pelo voluntariado online. Desta forma você utiliza seus conhecimentos para melhorar a atuação das instituições.
- Não esqueça de sua própria vida. O voluntário precisa estar bem para fazer o bem.
Fonte: Centro de Ação Voluntária de Curitiba

Liberdade sobre duas rodas

Grupos de motociclistas buscam diversão, amizade e belas paisagens para curtir a vida

Revista Dimensão | 155 | maio 2010

Eles dizem que são como abelhas. Basta se encontrarem que a aproximação é imediata. Do encontro passam para os cumprimentos e uma conversa que, mesmo sendo a primeira, parece ser entre amigos de muitos anos. Dali seguem para um destino que não importa ser perto ou longe. Para os motociclistas estradeiros, cada hora é hora e cada lugar é lugar. Basta uma rota para seguir.

Guiados pelos princípios de liberdade, respeito e fraternidade, os grupos de motociclistas se juntam para confraternizar e conhecer novos lugares. A distância não importa, o prazer está em sentir a estrada. “Queremos usufruir da liberdade ao ar livre, viver a estrada e não só passar por ela. Queremos sentir o cheiro, as cores, a temperatura da estrada, que com o carro pouco se percebe. Quando não temos motivo para viajar, a gente se encontra e vai a algum lugar”, afirma Cravinhos Jr, 57 anos e motociclista há 30.

Entre os motociclistas, pouco importam as cilindradas da moto que está ao lado. O objetivo principal é a companhia. Muitas vezes nem mesmo o nome do parceiro que viaja no grupo faz diferença, pois apelidos -nunca pejorativos- substituem o nome utilizado fora das estradas. “O que importa é a pessoa estar junto, o que dizemos é ‘que bom que você está aqui’. Queremos unir as pessoas, não importa quem é ou como”, diz Cravinhos.

Estimativas da Associação Brasileira de Motociclistas (Abram) e do site Mototur apontam mais de cinco mil grupos de motociclistas no Brasil, que reúnem, de acordo com o presidente da Abram, Lucas Pimentel, cerca de três milhões de motociclistas. Pimentel afirma ainda que o mercado duas rodas no país movimenta por ano US$ 10 bilhões.

Além do mercado de motos e equipamentos, o turismo é um dos grandes beneficiados com os movimentos de motociclistas. Na busca por belas paisagens, eles movimentam o mercado em qualquer canto do país. “Há uma procura muito grande por cidades com potencial turístico. Os motociclistas querem confraternizar e também conhecer novas cidades”, afirma o diretor comercial do site Mototur, Everson Lamar de Assunção. O site divulga cerda de 90% dos eventos direcionados ao público.

Em um final de semana, Assunção estima que cada motociclista gaste aproximadamente R$ 700,00 na cidade onde está. Em média, os eventos de médio porte reúnem cinco mil motociclistas que juntos trazem para a cidade mais de R$ 3 milhões. “O motociclista também se torna referência de informações turísticas para os amigos, pois está sempre viajando e indica as cidades”, diz.

Os motociclistas buscam também aventuras fora do Brasil. Cravinhos trabalha na Harley-Tours, que organiza viagens a rotas dos Estados Unidos e Europa. A ida de um casal para a tradicional Rota 66 na Califórnia, durante 15 dias, custa aproximadamente US$ 8.500,00. Lá eles passam por San Francisco, Los Angeles, Las Vegas e outras cidades. De acordo com Cravinhos, a grande diferença entre as viagens pelos Estados Unidos e pelo Brasil é a estrutura básica que os motociclistas encontram, como qualidade das estradas e rede hoteleira. “Aqui as estradas não são muito confiáveis, temos muitos problemas de segurança e de atendimento. Mas aqui o litoral é mais bonito”, garante.

Paixão de pai para filhos
Dificilmente apenas um integrante da família é motociclista. Dentro de casa esta paixão se estende a todos, que quase sempre participam das viagens. O advogado Rafael Torres, 23, é um exemplo disso. Desde os 18 anos gosta de pilotar e sua principal referência foi seu pai. “Sempre tive o sonho de comprar uma moto”, conta.

Há dois anos, ele e o pai seguiram por uma viagem de 15 dias pelo Chile e Argentina. Foi a oportunidade de estreitar ainda mais a relação pai e filho. “Nos tornamos parceiros. Durante a viagem um ajudava o outro, planejávamos tudo, fazíamos tudo junto. Quem anda é bastante unido.”

Além da companhia do pai, Torres também faz parte de um grupo de motociclistas, onde é o integrante mais jovem. Para ele, o que o atrai no motociclismo é a sensação de liberdade. “É a liberdade e a adrenalina. A gente chega de viagem de bem com a vida. É muito bom para aliviar o stress”, diz.

A fé também segue em duas rodas
Entre as velas em homenagem a Nossa Senhora do Carmo, o ronco dos motores chama a atenção na Paróquia do Carmo, em Curitiba. Lá, uma vez por ano a procissão é realizada em duas rodas. A iniciativa de criar a Procimotos foi do Padre Luiz Alberto Kleina, que é motociclista e apaixonado por motos. Na procissão ele reúne diversos motociclistas e grupos de motociclistas. “É um trabalho de evangelização e educação no trânsito. Também é uma forma de combate ao preconceito contra os motociclistas”, afirma o Padre.


Quanto mais longe, melhor!
E para chegar a qualquer distância com segurança, alguns cuidados são fundamentais, tanto para quem pilota há muitos anos quanto para quem iniciou no motociclismo há pouco tempo:
- Antes de tudo, faça uma boa auto-escola
- Comece as viagens por pequenos trajetos
- Pegue informações sobre o roteiro que irá fazer e a cidade para onde vai
- Esteja com a manutenção da sua moto em dia
- Respeite as leis de trânsito
- Utilize todos os equipamentos de segurança, como capacete, roupas resistentes e botas ou calçados reforçados
- Não tenha pressa! Não ande em alta velocidade
- Fique atento e concentrado ao trânsito
Fonte: Associação Brasileira de Motociclistas, Mototur e Cravinhos Jr.

Saiba mais:
Associação Brasileira de Motociclistas: www.abrambrasil.org.br
Harley-Tours: www.harleytours.com.br
Mototur: www.mototour.com.br

Decoração com toque de nostalgia

O crochê ganha cada vez mais espaço na composição de ambientes, deixando de ser usado apenas como centro de mesa para ser aplicado em almofadas, tapetes, colchas e cortinas

Gazeta do Povo | 13 de junho de 2010

O uso do crochê foi além dos centros de mesa na casa das avós e se tornou uma forte tendência na decoração. O material está aplicado em almofadas, tapetes, cortinas, colchas, jogos americanos e leva acon chego aos ambientes. “A de coração trouxe a técnica da vovó, mas colocando-a em situações diferentes. O crochê está super em alta e resgata aquela coisa que a avó fazia, o trabalho feito à mão; remete à nostalgia”, diz a decoradora e proprietária da loja Mun dillo, Carla Nhani. Para ela, a aplicação desse material traz aconchego, maciez e delicadeza para os ambientes, principalmente quando aliado com elementos mais “duros”, como a madeira.

Seguindo as tendências da de coração, os produtos com crochê mesclam texturas e cores, com ca da vez mais destaque nos ambientes. Enquanto antes era utilizado apenas como aplicação em uma almofada, por exemplo, hoje compõe diversos produtos e ainda com as cores que são destaques nesta estação. “Essa tendência migrou do vestuário para a decoração, porque estamos ‘vestindo’ a casa também”, co menta Carla.

O uso do trabalho manual é outro ponto forte dos produtos que utilizam fios. A proprietária da loja Zizi Maria Tricô e Crochê, Carolina Araújo, diz que a procura por procedimentos artesanais tem crescido nos últimos anos. “O consumidor busca produtos mais exclusivos e menos industrializados. Isso está na moda também e faz parte da tendência”, diz. Ela ressalta ainda que a aplicação de peças em crochê nos ambientes chama mais atenção pela sua textura e maciez, e remete a relações afetivas, como com a avó que faz esse tipo de trabalho manual.

A linha de produtos infantis Amigurumi, da Zizi Maria, também estimula as relações afetivas e a sensibilidade das crianças a partir da textura. São bonecos em crochê e tricô criados com uma técnica japonesa, que servem para a decoração do quarto e podem ser utilizados como brinquedos. En tre as brincadeiras possíveis está a troca de roupa dos personagens. A Zizi Maria tem sede em São Paulo, mas comercializa seus produtos pela internet e em lojas de diversas cidades do Brasil, como a Mundillo, em Curitiba.

A linha Crocheteira, da Tok Stok, também destaca a tradição do crochê. A técnica é considerada como um elemento de referência na cultura brasileira e foi aplicada em almofadas, objetos decorativos e em um jogo americano. “É uma tradição cultural, faz parte do artesanato. O crochê busca essa tendência de volta às raízes, às questões culturais e regionais”, explica o decorador da loja de Curitiba, Diego Thomaz Corrêa.

As responsáveis pelos produtos da Tok&Stok são a designer Diane Johann e a arquiteta Nicole Toma zi Verdi, que trabalharam com uma cooperativa de artesãs de Porto Alegre (Rio Grande do Sul). A proposta é resgatar os elementos da cultura brasileira, valorizar a produção local e os cuidados com o meio ambiente. Foram utilizados na elaboração dos produtos materiais reaproveitados, como resíduos têxteis e fibra de PET.

Tricô
Outra técnica que está conquistando espaço na decoração é o tricô. Suas principais aplicações são em pufes e almofadas. “É outra grande tendência. Ele vem agora com peças grandes como pufes in teiros e mantas feitas com lã para usar no inverno”, aponta Carla.

Assim como os produtos em crochê, o tricô é versátil, pode ser utilizado com diversas cores, materiais e em tamanhos variados. “O tricô remete para aquela coisa feita à mão, ponto a ponto, pensado nos pe quenos detalhes e que tem todo aquele conforto que a lã dá”, diz a gerente da Artefacto, Ingrid Mos kalewski. Na loja, o destaque dos produtos em tricô são as almofadas recheadas com fibras siliconadas em forma de espiral.

Beleza dos detalhes
A decoradora Carla Nhani conta que a maior dúvida dos clientes que não são próximos à decoração é de como utilizar as peças com crochê e ou tricô em casa. A aplicação, no entanto, precisa de cuidados simples para que o ambiente não fique sobrecarregado.

A dica para decorar com crochê e o tricô é mesclá-los com materiais, texturas e cores diferentes, o que dá mais destaque aos produtos. A proprietária da Zizi Maria, Carolina Araújo, sugere que o cliente use a criatividade, principalmente em relação a cores e texturas.

“Colocar vários elementos de crochê juntos não fica visualmente agradável. No sofá, é interessante colocar apenas uma ou duas al mofadas de crochê ou tricô e o res tante de algodão, linho, porque deixa o ambiente mais har mônico”, indica Carla. Ou tra possibilidade é utilizar a técnica nos detalhes, o que também valoriza os produtos. “Indico aplicar uma flor de crochê na cúpula de abajur, por exemplo.” Há ainda a possibilidade de o próprio morador criar os elementos de crochê ou tricô em casa.

Seguindo a linha das tendências regionais, o decorador da Tok Stok, Diego Thomaz Corrêa, aconselha a aplicação do crochê em outros elementos que representam a cultura brasileira, como madeiras, com toque mais rústico, ou ainda com materiais urbanos com estilo moderno.

Serviço
Mundillo – Rua 7 de Abril, 288, Alto da XV. Fone: (41) 4102-6096. | Zizi Maria – www.zizimaria.com.br Fone: (11) 3803-9853. | Tok Stok – Rua Capitão Souza Franco, 753, Bigorrilho. Fone: (41) 2111-7200. | Artefacto – Rua Comendador Araújo, 672, Centro. Fone: (41) 3111-2300.

A garantia de voar bem

No mercado há 74 anos, Pluna Linhas Aéreas investe na qualidade dos serviços

Revista Dimensão | 114 | abril 2010

Voos de Curitiba para cidades importantes do Mercosul, sem passar pelo congestionado espaço aéreo de São Paulo. Este é apenas um dos vários benefícios de voar pela Pluna Linhas Aéreas. Há 60 anos no mercado brasileiro e operando no Paraná desde 2008, a companhia é garantia de serviços de qualidade.

São voos regulares que partem de Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e recentemente de Foz do Iguaçu, com destino a cidades como Montevidéu, Buenos Aires, Punta Del Leste, Assunção, Córdoba e Santiago. A empresa estuda ainda a criação de rotas de Campinas, Brasília e Belo Horizonte.

“O mercado brasileiro é prioritário para a Pluna e apenas como um sinal desta importância, tivemos um aumento de quase 70% nos embarques de 2009 com relação a 2008 e já operamos quase 150 frequências mensais no país”, afirma o diretor comercial da Pluna no Brasil, Gonzalo Mazzaferro Gilmet. A empresa opera com a frota mais nova da América do Sul, com aeronaves de última geração, confortáveis e silenciosas. “Nossos jatos poluem aproximadamente 30% menos que as aeronaves das gerações anteriores”, garante.

Mesmo com potencial para ingressar definitivamente no mercado brasileiro, a empresa enfrenta ainda alguns desafios no Brasil. “A maior dificuldade hoje é de infra-estrutura, em especial de aeroportos. Já tivemos que alterar e reduzir frequências por falta de espaço para pouso ou pernoite em aeroportos locais”, conta. Nas outras cidades em que opera, no entanto, a Pluna já se consagrou como uma das melhores do ramo. Prova disso é o aeroporto Carrasco, de Montevidéu, inaugurado pela empresa no final de 2009 e considerado um dos mais belos do mundo. “Além de moderno e espaçoso possui uma das melhores áreas de free shop da América do Sul”, afirma Gilmet.

Mangia che te fa bene!


Revista Dimensão | 114 | abril 2010

As influências europeias em Curitiba vão muito além da aparência do povo que vive na Capital paranaense. Assim como nas construções antigas, que dão ares europeus à cidade, os italianos, em especial, deixaram uma forte tradição: o gosto pela comida. Afinal, quem resiste a uma boa massa?

Em Curitiba, o bairro Santa Felicidade se destaca por manter as tradições deste povo. São mais de 30 restaurantes, vinícolas, cantinas, lojas de móveis, de artesanato e festas temáticas que atraem moradores e turistas de todo o mundo. No entanto, não é apenas no bairro formado por famílias que vieram do outro lado do oceano que se encontra esta gastronomia especial. Por toda a cidade ristorantes e trattorias procuram trazer para Curitiba, um cantinho da Itália.


Barolo Trattoria
O vinho Pio Cesare Barolo, produzido na região italiana do Piemonte inspirou o nome do restaurante e é destaque da casa, considerada uma das melhores de Curitiba. No Barolo Trattoria a garantia da qualidade é a principal preocupação de todos os funcionários. “Nos preocupamos com tudo o que vamos oferecer, desde uma reserva, respeito pelo horário, até boa refeição e um ótimo atendimento. Queremos que o cliente saia satisfeito daqui e acreditamos que é isso que faz a diferença”, garante o maître e gerente Walmor Winter, que afirma ainda que o bom relacionamento com os clientes chega à amizade. No cardápio, dois pratos são os mais tradicionais da casa e conquistam os frequentadores há mais de 10 anos. São eles o conchiglia di gamberi à san marino e o mignon na mostarda.
http://www.barolotrattoria.com.br/

Mangiare Felice
Massas, carnes, sopas, pizzas e um bom vinho. Desde 1995 em Curitiba, o restaurante Mangiare Felice tem apenas um objetivo: agradar o cliente. Para isso disponibiliza aos frequentadores variada opção de cardápios. São 50 pratos com 110 opções de molhos para o cliente escolher como quiser. “Aqui não dizemos não para o cliente. Por isso temos criatividade na culinária, senão não conseguimos fidelizá-lo”, garante o sócio-proprietário, João José da Silva. No cardápio, destaque para o spagheti com frutos do mar, o filet à Oswaldo Aranha e fuzilli à mangiare. Em Curitiba, o Mangiare está em três endereços, com restaurantes e pizzarias, além de um restaurante em Balneário Camboriu (SC) e na cidade de São Paulo.
http://www.mangiarefelice.com.br/

La Pasta Gialla
O cardápio sofisticado, marca especial do chef paulistano Sergio Arno, fez do La Pasta Gialla o melhor restaurante italiano de Curitiba pela Veja Curitiba. Na cidade, dois endereços trazem os cardápios especiais e quem comanda o restaurante é Christhiane Mansur. “Nosso relacionamento com o público curitibano é muito bom. Já temos uma clientela formada e a marca está bastante fortalecida pelos anos que estamos aqui”, conta. Para quem aprecia uma boa comida italiana, o La Pasta Gialla tem uma série de opções. Destaque para as bruschettas com coberturas quentes e frias e as massas longas e recheadas com molhos artesanais, que são o grande diferencial da casa.
http://www.lapastagialla.com.br/

Spaghetto Ristorante
A decoração aconchegante e o cardápio especial levam em instantes o cliente do Spaghetto para uma cantina italiana. As especialidades da casa, massas e filets, foram inspiradas nas receitas da nonna do proprietário João Buffara. “Temos muitos molhos exclusivos, como o pezzo di manzo”, conta. O cardápio tradicional sofre poucas alterações, mas sempre busca agradar a clientela, que mantém-se fiel desde a inauguração do restaurante há 22 anos. “A opinião do cliente é muito importante. Acredito que conseguimos manter um bom custo-benefício, com um cardápio de qualidade a um custo acessível”, afirma Buffara. Entre as novidades, as massas integrais são uma opção saudável que já conquistaram os clientes. Destaque também para o molho pesto, puttanesca, provençal e fiorentino.
http://www.restaurantespaghetto.com.br/

Madalosso
Com uma história que se confunde à história da cidade, o Restaurante Madalosso é o mais tradicional de Curitiba. O cardápio atrai curitibanos e turistas de todo o mundo e o restaurante é o maior da América Latina. Fundado no final de 1963, o Madalosso tinha capacidade para apenas 24 lugares. Hoje é dividido em dois estabelecimentos e serve por mês cerca de 52 mil toneladas de frango e dois mil litros de vinho a uma média de 60 mil clientes. “Nossa ideia era servir todo dia o que os italianos comiam todos os domingos: polenta, frango e macarrão, sem faltar o radicchio. Hoje já servimos famílias que estão conosco pela quarta geração”, conta Flora Madalosso, fundadora do restaurante, que preza pela qualidade da comida servida e pelo atendimento. “Queremos manter a tradição da Itália, isso é muito importante para nós.”
http://www.madalosso.com.br/