Site de inscrição vaza dados de estudantes

MEC nega vazamento, mas candidatos tiveram acesso a página de concorrentes. Falhas geraram exoneração e mais mudanças de calendário

Gazeta do Povo | 19 de janeiro de 2011

Depois das reclamações de candidatos sobre a dificuldade de acesso no portal do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ter de prorrogar o prazo de inscrição até as 23h59 de amanhã, o Ministério da Educação (MEC) teve de se justificar ontem pelo vazamento de informações de estudantes que já haviam se cadastrado no sistema. Os problemas seguidos ainda resultaram na alteração do calendário de outras seleções do MEC e na exoneração do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), José Joaquim Soares Neto, responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cuja nota é usada no Sisu e também tem apresentado falhas.

Ontem, diversos estudantes de todo o Brasil relataram que tiveram acesso aos dados de outros candidatos do Sisu, que oferece 83 mil vagas em 83 universidades federais do país. Além de estarem disponíveis, as informações poderiam até ser alteradas. A Gazeta do Povo recebeu relatos de alunos que se surpreenderam ao encontrar dados de outras pessoas ao acessarem a área restrita do site por. Em nota, o MEC negou o vazamento de dados e explicou que o acesso à página de outro candidato foi ocasionado quando eram feitas manutenções para aumentar a capacidade de acesso do sistema. O ministério confirma que o problema ocorreu na noite de segunda-feira e se repetiu na manhã de ontem “O MEC assegura que em nenhum momento foi possível a troca de inscrição ou a manipulação dos dados dos estudantes.”, afirma a nota.

Mesmo com a garantia do MEC, o candidato curitibano Carlos Tadeu Severino, de 47 anos, conta que percebeu o problema às 20h06 da última segunda-feira. Após diversas tentativas de acesso à página do Sisu, que apresentava demora no carregamento e não abria, Severino encontrou dados pessoais – como nome, e-mail, telefone e número de inscrição no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – de uma estudante da Bahia, que concorre a uma vaga na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. “Tinha até a opção para alterar dados. Se eu fosse uma pessoa de má-fé, teria alterado. A opção apareceu, mas não tentei.”, garante Severino.

Na noite de segunda-feira, o estudante Éder de Almeida Rosa, 26 anos, também encontrou informações que não eram suas no site do Sisu. Na página, ele conta ter conseguido alterar os dados de um candidato do município de Guaraniaçu (PR). “Cheguei até a página da inscrição para o curso que a outra pessoa gostaria de concorrer, mas não conclui para evitar transtornos a ele e a mim”, conta. Todos os passos das alterações foram registrados por Rosa.

Tecnologia
Duas possibilidades são apontadas por especialistas como possíveis causas para os problemas registrados no site do Sisu: falta de estrutura para comportar os acessos de todos os candidatos e erro na programação do sistema. Na avaliação do professor da Universidade de Campinas (Unicamp) e pesquisador em segurança computacional, Paulo Lício de Geus, o congestionamento no site caracteriza problemas no servidor, que ocorre quando muitos usuários acessam o site ao mesmo tempo. Quando muitos dados são solicitados de uma só vez, o sistema pode ficar lento ou não finalizar.

“É preciso fazer uma estimativa de quantas pessoas podem acessar o site simultaneamente e quais os períodos de maior movimento”, explica. Com o levantamento, é definida a estrutura de servidores que será necessária para arquivar os dados. “Não sabemos exatamente o que aconteceu, mas parece que não foi feita a estimativa e não foi providenciada a instalação física adequada”, supõe.

Com relação ao vazamento dos dados dos candidatos, Geus as define como um “erro crasso” na programação do sistema. “Se não houve intenção do candidato de localizar outras informações é porque o programador escreveu o sistema de maneira errada, foi uma falha na programação”, afirma. Ele ressalta que esse tipo de erro “não deve acontecer em hipótese nenhuma” e que para o problema chegar aos candidatos também faltaram testes para verificar a eficácia do sistema.

O professor da Universidade Federal de São Carlos e pesquisador na área de tecnologia de informação, Antônio Carlos Diegues Júnior, acredita que o site do Sisu não estava preparado para receber a grande quantidade de acessos e que houve um expressivo crescimento no número de candidatos entre 2010 e 2011. “Mais do que uma questão de informática, este é um fator da expansão do ensino público nos últimos anos”, analisa. Para ele, o aprimoramento no sistema ocorrerá gradualmente, nos próximos anos.

2 comentários:

  1. No ano passado o vexame do MEC foi continental
    Provas roubadas: um prejuízo enorme, sem igual
    Não só de dinheiro público, pela ampla reaplicação
    Mas de tempo, desgaste, deslocamento, tensão

    No ano seguinte, mais erros pela frente
    O MEC, não fez a lição, é aluno repetente
    Em nova oportunidade, grande confusão
    Questões faltando, erros de impressão

    Com o resultado do ENEM, avaliação questionada
    Qual motivo das provas anuladas? Ninguém sabe nada
    Exceto os alunos do Ceará, terão o direito de observar
    Justiça liberou e as provas o MEC vai disponibilizar

    Pois só assim, poderão aceitar a nota ou recorrer
    Já que não há como julgar, sem a prova poder ver
    No Rio, o juiz determinou prorrogação da inscrição
    O MEC contesta, por questões técnicas, a imposição

    Mas vale lembrar que o exame do SISU é nacional
    E que, portanto, direitos devem ser dados por igual
    Se cearenses e cariocas tiveram benefício conquistado
    Que a decisão seja expandida aos demais estados

    http://noticiaemverso.com
    twitter: @noticiaemverso

    ResponderExcluir
  2. Olá Carolina, teria como você nos enviar o seu e-mail de contato?
    Meu e-mail é mariane.capriglione@porternovelli.com.br
    Sou da assessoria da Dow Brasil e vi que escreve sobre sustentabilidade.
    Obrigada!

    ResponderExcluir