Pele bem cuidada é poupança para futuro

Além do sol, a má alimentação e a pouca hidratação também colocam em risco o maior órgão do corpo humano

Gazeta do Povo | 30 de dezembro de 2010

Diz a sabedoria popular que as atitudes de hoje são responsáveis pelo que seremos amanhã. Quando o assunto é pele, a máxima é a mais absoluta verdade. Além da fragilidade natural que ocorre com o passar dos anos, o resultado da atenção (ou falta de) dedicada ao maior órgão do corpo humano ao longo da vida aparece na terceira idade. Isto não significa, no entanto, que seja tarde demais para prevenir problemas que ainda possam aparecer.

Algumas marcas surgem naturalmente com o tempo e não exigem preocupações. Mas os médicos dermatologistas alertam para doenças causadas principalmente pelo efeito acumulativo da exposição ao sol e que podem evoluir para um caso de câncer de pele. A mais recorrente é a chamada ceratose actínica, identificada como uma área avermelhada que muda de cor e descama, que causa sensação de agulhadas e se localiza principalmente em áreas de grande exposição, como face, região do colo, couro cabeludo calvo e dorso das mãos. Para evitar o agravamento do problema, os especialistas indicam consultas periódicas com o dermatologista e orientam os pacientes a procurá-los imediatamente em caso de qualquer dúvida sobre a origem da mancha.

Mesmo considerado um dos maiores inimigos da pele, o sol não é o único responsável pelos problemas que surgem com o passar dos anos. “É um conjunto de fatores associados à idade, ao meio ambiente e ao estilo de vida. Não podemos mudar a carga genética que trazemos ou os fatores ambientais aos quais estivemos expostos no passado, mas podemos decidir agora por uma terceira idade melhor e com mais qualidade”, afirma a dermatologista Kátia Sheylla Malta Purim. A médica garante que a prática de exercícios físicos, uma alimentação balanceada e a preocupação com o bem-estar emocional, espiritual e cultural contribuem para a saúde da pele. “Procuro orientar os pacientes sobre estas questões independente da idade e da queixa”, diz.

É com este pensamento que os irmãos Arvido, de 79 anos, e João Grimberg, 81, cuidam da saúde. Durante a juventude, ambos não receberam orientações sobre a exposição correta ao sol, mas assim que o assunto veio à tona, não pensaram duas vezes. Há aproximadamente 20 anos, época em que o protetor solar entrou em circulação no país, eles passaram a investir na proteção da pele e evitam exposição solar durante o meio do dia. A boa alimentação e a vida ativa dos dois são outros fatores considerados fundamentais para a boa saúde que desfrutam. Eles praticam natação regularmente e continuam exercendo suas atividades profissionais de advogado e dentista, respectivamente.

Os sinais do tempo não deixaram de aparecer, mas não incomodam a dupla. Filhos de europeus, cada um teve uma reação diferente à exposição ao sol. Arvido, que é mais claro e pratica natação em piscina coberta, convive naturalmente com algumas marcas na pele e realiza o tratamento indicado por sua dermatologista sempre que preciso. “Qualquer marca que aparece procuro minha médica”, conta.

Já João, que tem a pele mais bronzeada, nada ao ar livre nos horários recomendados e também segue à risca as orientações de sua médica. Por estar em constante contato com os profissionais da saúde, descobriu há alguns anos um câncer de pele no braço, resultado da exposição ao sol durante muito tempo. Com a doença em estágio inicial, o procedimento de retirada foi simples e desde então não teve mais problemas desta natureza. “Minha preocupação constante com a qualidade de vida contribui para a minha saúde”, garante.

Idade
Com o passar dos anos, a tendência é que a pele fique mais seca e fina, as unhas sem brilho e os cabelos com menos volume. Também é comum a incidência de sinais como dermatites, inflamações que provocam coceiras; angiomas, pequenas “bolinhas” vermelhas pelo corpo; fibromas, uma espécie de tumor benigno formado nos tecidos; e manchas causadas pelo sol. Estes sinais fazem parte do envelhecimento natural da pele e não representam riscos. Eles podem ainda ser potencializados por doenças que interferem na imunidade e facilitam a ocorrência de infecções, como o herpes causado pela ativação do vírus da varicela que estava latente. Para estes diagnósticos, os tratamentos são os mesmos aplicados em pacientes com outras idades, e assim como os demais, varia apenas de acordo com o estado da doença.


Atenção redobrada no verão
As altas temperaturas e o calor durante o verão exigem cuidados redobrados com a pele. A recomendação do chefe do serviço de dermatologia do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná, Jesus Rodriguez Santamaria, é mantê-la hidratada a partir do consumo constante de água e com o uso de cremes hidratantes, além de evitar exposição ao sol do meio do dia, entre às 10 e às 16 horas. Roupas leves e chapéus também são fundamentais para esta época do ano.

Santamaría ressalta que o sol é uma importante fonte de vitaminas e que ele não deve deixar de ser aproveitado como tal. Para isso, deve-se utilizar o início e o final do dia para que as vitaminas sejam absorvidas pela pele. “É preciso ainda ter atenção especial com a higiene e manter as dobrinhas bem secas. Isso evita assaduras.”

Independente da estação do ano, iniciativas corriqueiras também contribuem para o bem-estar da pele. “Os idosos gostam de banho mais quente e de usar bucha, mas tudo isso resseca ainda mais a pele. Eles precisam fazer uma hidratação caprichada, utilizar pouco sabonete durante um banho rápido e não deixar a água muito quente”, orienta a dermatologista e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Fabiane Mulinari Brenner.

A hidratação da pele ainda enfrenta um pouco de resistência entre os homens, mas não deve deixar de ser feita pelo menos duas vezes ao dia. Entre os cremes disponíveis no mercado, os mais eficazes são os que apresentam as substâncias ureia e lactato de amônio na composição. “Os pacientes não querem um procedimento agressivo, mas orientação de cuidados no dia a dia”, observa Fabiane.

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