Golpistas falsificam até carimbos



Gazeta do Povo | 15 de outubro de 2010

A confecção de carimbos para empresas e profissionais depende única e exclusivamente da boa fé de clientes e fornecedores para evitar o uso de dados falsos. Sem o amparo de nenhuma legislação específica na área, os empresários do ramo afirmam que não há nenhuma segurança para inibir casos de estelionato. Além de carimbos, falsários usam dados cadastrais de empresas para aplicar vários tipos de golpe. Em média, um caso de falsificação que usa o carimbo, entre outros materiais, chega por mês à Delegacia de Estelionato de Curitiba.

“Não existe legislação neste sentido. Os fornecedores precisam estar com a ‘antena levantada’ para verificar a real intenção do cliente, mas essa não é uma obrigação dele e muitas vezes o profissional pode não perceber que se trata de um falsário”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado do Paraná (Sigep)/ Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abrigraf) Regional Paraná, Sidney Paciornik. De acordo com ele, os carimbeiros e donos de gráficas não contam com um respaldo que os oriente sobre os procedimentos a serem tomados para verificar a idoneidade do cliente.

O delegado Dirceu Schactae afirma que um dos principais alvos são as empresas que deixaram de funcionar, mas continuam ativas na Junta Comercial. À partir desta situação, os golpistas preparam toda a documentação falsa. “Os proprietários de empresas que estão ativas perante o fisco precisam ficar atentos ou devem dar baixa para resolver a situação”, alerta.

O presidente da Sigep orienta que, para não ser vítima de um golpe, a alternativa é não dar apenas ao carimbo a autenticidade de documentos. Ele indica outros elementos mais eficazes para atestar a veracidade das informações, como papéis especiais, selos holográficos, tintas diferenciadas e impressões em marca d’água.

Uma das únicas alternativas encontradas para tentar impedir a produção de carimbos que podem ser usados em golpes é a emissão de nota fiscal, que exige o número do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ou do Cadastro de Pessoa Física (CPF) do cliente. “Não tem sentido pedirmos para um terceiro confirmar a informação de que o cliente realmente trabalha na empresa ou é o profissional. É uma relação de confiança”, analisa.

Golpe
O empresário Ildomar Igna­chewski sentiu na pele a fragilidade da relação entre carimbeiros e clientes. Pela primeira vez em 20 anos, ele precisou prestar esclarecimentos à polícia sobre um carimbo que confeccionou. A encomenda foi feita a um chaveiro que terceiriza o serviço de Ignachewski, em nome de uma escola estadual localizada no bairro Hauer.

A tentativa de golpe foi descoberta quando o cliente não buscou o produto e uma funcionária do chaveiro foi à escola para entregar o carimbo, mas ninguém na instituição havia feito a encomenda. A diretora, que prefere não se identificar, conta que pagou pelo produto para reter o carimbo e registrou uma denúncia no 7.º Distrito da Polícia Civil, que está investigando o caso.

Assim como a maioria dos colegas de profissão, o empresário não possui artifícios para controlar os pedidos, principalmente porque recebe diversas solicitações de terceiros. “Como vamos saber que a encomenda é para fraudes?”, questiona.

Nenhum comentário:

Postar um comentário