Volta às aulas sem 2 mil docentes

No segundo dia letivo da rede estadual de ensino, quadro de professores temporários teve defasagem de 20%

Gazeta do Povo | 10 de fevereiro de 2011

Nos dois primeiros dias do ano letivo na rede estadual de ensino, 2.073 professores continuavam fora das salas de aula. Isso significa que cerca de 20% dos docentes temporários classificados pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS) ainda não tinham comparecido às escolas paranaenses. Os números fazem parte do balanço referente aos dois primeiros dias de aula apresentado ontem pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), que restringe as ausências a situações pontuais.

De acordo com a Seed, as 2.136 escolas estaduais do Paraná estavam funcionando ontem “com 97% do quadro de professores completo”. Ao todo, o quadro docente estadual é composto por 69.103 professores, sendo 59.603 efetivos e 9,5 mil temporários, contratados a partir do PSS. A secretaria explica que a ausência de professores estaria relacionada a classificados pelo PSS que desistiram de suas vagas, o que traz a necessidade de serem chamados novos selecionados.

O relatório indica também que 12 instituições ainda não começaram as aulas. Nove estão em reforma; uma está impedida pela Justiça de receber os alunos por problemas estruturais, em Cascavel; outra foi prejudicada pelas chuvas, em Paranaguá; e uma de Guaraqueçaba que procura soluções para o transporte dos professores, que precisam se deslocar de barco a uma ilha da região. “A situação está tranquila e há muito tempo não tínhamos tantos professores em sala de aula”, avalia a superintendente de educação da Seed, Meroujy Cavet. Ela estima que hoje a solução do problema deva estar próxima a 100%.

Entretanto, para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato), Marlei Fernandes Carvalho, os dados apresentados pela Seed não mostram com exatidão o problema. Com base em relatos de escolas e informações passadas por núcleos sindicais, a situação seria pior. Ela calcula que a defasagem de professores varie entre 75% e 80%. “Esperamos que, de fato, até o final da semana esse impasse esteja concluído. Ainda hoje estavam distribuindo aulas aos professores [do PSS]”, afirma.

Jogo de cintura
Mesmo com a afirmação da Seed de que a situação estaria sob controle, algumas escolas ouvidas pela Gazeta do Povo ainda enfrentavam ontem problemas com a falta de professores temporários. Poucos profissionais se apresentaram desde o primeiro dia de aula, prejudicando o andamento das atividades. Uma escola da região central de Curitiba estava com dezvagas em aberto, já que nenhum profissional temporário tinha assumido as aulas. “Estou apavorado. Não posso sobrecarregar meus professores, eles estão colaborando [dando mais aulas], mas não ganham para isso”, desabafa o diretor, que pediu para não ser identificado.

O problema também continua no Colégio Estadual Aníbal Khury Neto, na capital. Mesmo com a apresentação de 10 professores, a situação permanece complicada com a falta de 15 docentes. A alternativa encontrada foi a realização de palestras ministradas por diretores, coordenadores e pedagogos sobre orientação e apresentação do plano de trabalho.

Situação melhor
Nas escolas do interior do estado ouvidas pela reportagem, os diretores se mostraram mais confiantes. A ocupação das aulas pelos professores teve aumento significativo ontem. O diretor do Colégio Estadual Dr. Willie Davids, Paulo César Chaves, em Londrina, acredita que na segunda-feira o problema deixará de existir. “A distribuição de aulas está sendo muito rápida. Entregamos muitas aulas na segunda e terça-feira”, conta. Nos últimos dois dias o índice de aulas em aberto passou de 40% para 10% na instituição. Ainda faltam quatro professores. “Com o panorama que temos, amanhã [hoje] apenas uma turma ficará sem apenas uma aula”, prevê Chaves.

Panorama semelhante foi o apresentado pelo diretor do Colégio Tomaz Edson de Andrade Vieira, em Maringá. Do primeiro para o segundo dia de aula seis dos oito professores que faltavam se apresentaram. O diretor Reginaldo Peixoto destaca, no entanto, que todas as aulas perdidas serão devidamente repostas aos sábados ou nos períodos de contraturno. “Os alunos não ficarão no prejuízo. Já estamos combinando isso com todos os professores que se apresentam”, garante.


Concursados serão chamados
Três mil professores classificados no concurso público realizado em 2007 serão chamados em março deste ano. De acordo com a superintendente da Secretaria de Estado da Educação, Meroujy Cavet, processos burocráticos, como a apresentação de títulos e realização de exames médicos, impediram que a convocação de concursados fosse feita antes do início do ano letivo. Esse panorama levou à realização do Processo Seletivo Simplificado (PSS) neste ano para contratar 9,5 mil professores temporários. “Esperamos que em 2012 tenhamos um número muito reduzido de PSS”, afirma.

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