Onde mora a história

Imóveis que contam a origem do povo paranaense recebem obras de revitalização

Gazeta do Povo | 29 de abril de 2011

Porta de entrada para a colonização do estado, o litoral guarda em seus edifícios parte da história do Paraná. Além de Paranaguá, os municípios de Antonina, Morretes e Guaratuba possuem construções reconhecidas como patrimônio histórico e que acompanharam o desenvolvimento paranaense desde seus primeiros habitantes.

As quatro cidades acomodam cerca de 670 imóveis tombados pelo patrimônio estadual e federal. São construções importantes que ficarão preservadas, sem a possibilidade de demolição e com restaurações que apenas mantenham os aspectos originais. Além destes, outros imóveis ainda aguardam a conclusão de estudos para a concessão do título.

Em Guaratuba, são duas construções nessa categroria: a Igreja Matriz Nossa Senhora de Bom Sucesso, patrimônio estadual e federal, construída na metade do século 18, e o Casarão do Porto, em estilo colonial e reconhecido pelo estado. Morretes, com quatro imóveis tombados pelo patrimônio estadual, também vive um período de reformas. Duas grandes obras estão em andamento: a da Casa Rocha Pombo e a da Igreja de São Benedito. Possivelmente erguida em 1820, a primeira construção possui dois acessos para a residência, uma direcionada para a rua e a outra para o rio, e representa os tempos em que o Nhundiaquara era amplamente utilizado. A igreja foi construída em 1760 por escravos, como relatam os historiadores, e era utilizada pela irmandade de São Benedito, que reunia escravos e homens livres.

Todo o centro histórico de Antonina, com aproximadamente 250 imóveis, está em processo de concessão do título de patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), enquanto algumas construções já foram contempladas em nível estadual. O mesmo ocorreu com Paranaguá. A cidade concentra em torno de 400 imóveis históricos. O setor mais completo é o chamado centro pioneiro, composto por edificações com estilo luso-brasileiro neoclássicas, além de igrejas do período barroco.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, lançado em 2009, impulsionou as obras no litoral paranaense. Paranaguá foi a primeira cidade do estado a ingressar no programa e em breve irá iniciar uma série de ações no setor histórico. “Serão realizados desde programas sobre educação patrimonial, a investimentos e o plano de acessibilidade e mobilidade urbana”, acrescenta o arquiteto Luiz Marcelo Bertoli de Mattos.


Restaurar garante o futuro
Ao mesmo tempo em que preserva a história do Paraná, a manutenção dos imóveis também representa uma forma de construção da cidadania, conforme afirma o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Paraná, José La Pastina Filho. “Este é um meio de conhecer suas origens e valorizar a ação dos antepassados”, diz.

Para o historiador e diretor da Secretaria da Cultura de Morretes, Eric Hunzicker, esta também é uma garantia de futuro. “Os imóveis de época são espelhos de como a sociedade era no tempo em que foram construídos. Sem isso, não temos passado e, sem passado, o futuro não existe”, argumenta.

No entanto, para que os imóveis sejam valorizados, é necessária também a sensibilização da comunidade. “A gente só protege aquilo que gosta”, ressalta a coordenadora do patrimônio cultural da Secretaria de Estado da Cultura (Seec), Rosina Pachen. “Não adianta o imóvel ser apenas protegido por lei. É preciso que a comunidade tenha respeito e valorize. Assim ajudará a preservar”, complementa.


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