Morte por doenças do coração cai na capital

Média anual de óbitos por enfarte diminuiu 3,9% e por doenças cerebrovasculares, 0,8%. Motivos da redução serão conhecidos em 2012

Gazeta do Povo | 27 de maio de 2011

O índice de pessoas que morrem por causa de duas das principais doenças cardiovasculares caiu em Curitiba, em 10 anos. Entre 1998 e 2008, a média anual de mortes por enfarte agudo do miocárdio caiu 3,9% (2,3 mil mortes a menos), enquanto o total de óbitos decorrentes de doenças cerebrovasculares – como os AVCs, acidentes vasculares cerebrais – reduziu 0,8% (número não quantificado pelo fato de a doença não apresentar característica única).

Os números fazem parte de uma pesquisa desenvolvida na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que analisou os registros do DataSus, o banco de dados do Ministério da Saúde. O estudo mostra que a redução de óbitos em Curitiba, nos 10 anos analisados, seguiu um ritmo mais acelerado do que no período anterior ao estudo. No entanto, os reais motivos que favoreceram a queda só serão conhecidos após a conclusão da segunda fase do projeto, com previsão de acabar no final de 2012.

Com base em experiências de outros países, a fisioterapeuta e doutoranda em Ciências da Saúde Cristina Baena, integrante da equipe responsável pelo levantamento, acredita que o acesso ao atendimento médico e a nova medicação oferecida foram determinantes para a redução do índice. “Em Curitiba, a atenção está mais organizada para atendimento ao enfarte”, diz. Isso também pode explicar as razões pela redução inferior de mortes causadas por doenças cerebrovasculares.

Cristina ainda aponta que o número de óbitos por enfarte na capital paranaense se aproxima a índices alcançados por países desenvolvidos. Já em relação às mortes decorrentes de doenças cerebrovasculares, a cidade se equipara a países em desenvolvimento. “O estudo serve para a estratégia de prevenção às duas causas de morte”, afirma.

Os resultados da pesquisa serão apresentados durante o Congresso Paranaense de Cardiologia, que ocorre hoje e amanhã em Curitiba. O cardiologista e presidente do congresso, José Rocha Faria, afirma que a eficácia no atendimento depende também do conhecimento dos sintomas do enfarte. “Dor no peito já é alerta”, ressalta. De acordo com ele, que também coordenou a pesquisa, os primeiros 30 minutos são determinantes para minimizar as sequelas, uma vez que a falta de irrigação do sangue não afeta várias células do corpo.

Vida saudável
Além do atendimento médico rápido, outro fator considerado importante para reduzir os óbitos causados por doenças do coração é a manutenção de hábitos saudáveis, como alimentação saudável e prática de exercícios físicos regulares. Porém, a crescente obesidade entre a população faz com que os estudiosos acreditem que este fator tenha menor representação na queda dos índices.

Assim como a prevenção, os fatores de risco também são comuns às duas doenças, mas possuem influências diferentes para cada uma delas. O estresse, por exemplo, corresponde a um risco significativo para a ocorrência de enfartes. “O tabagismo representa 33% do risco de morte por enfarte, já no AVC ele responde por 19%”, exemplifica Cristina.


“Minha vida deu um giro”
As primeiras dores no peito não foram suficientes para chamar a atenção do personal trainer Fabricio Machado, 39 anos. Com uma vida movimentada e cheia de compromissos profissionais, ele acreditou que os sintomas, que apareceram há sete anos, eram decorrentes da ansiedade. “Eu já trabalhava na área da Educação Física, praticava exercícios físicos e me alimentava muito bem. Mas estava em um ritmo muito acelerado”, lembra.

A associação entre colesterol alto e estresse fez com que Machado tivesse um enfarte aos 32 anos de idade. “Eu senti a dor algumas vezes, mas ela logo passava. No dia em que eu tive o enfarte ela não passou.” Depois da confirmação da doença, Machado decidiu mudar a rotina.

“Minha vida deu um giro. Antes trabalhava em academias onde as pessoas eram preocupadas com a estética, agora dedico a minha profissão à saúde e à qualidade de vida.” Além do acompanhamento médico, Machado investiu em uma academia direcionada a pessoas que precisam praticar atividades físicas em prol da saúde e diminuiu seu ritmo de vida.


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