Do alto do morro, fieis pedem paz e trabalho

Tradicional Missa da Paz reuniu cerca de 70 pessoas no Morro do Samambaia

Folha de Londrina | 02 de maio de 2009

Mesmo com tempo nublado e forte garoa, cerca de 70 fieis enfrentaram, ontem, 1,5 quilometro de subida até o cume do Morro do Samambaia para a tradicional celebração da Missa da Paz. Realizada há 58 anos pela comunidade de Quatro Barras (Região Metropolitana de Curitiba), a missa é uma prova de sacrifício dos participantes em prol da paz e do trabalho.

Na celebração deste ano eram esperadas 300 pessoas. No entanto, o mal tempo e os fortes ventos no alto do morro fizeram com que poucos subissem o Samambaia e a duração missa fosse reduzida. No caminho era preciso cuidado com o piso escorregadio. Em média, o percurso era realizado em 90 minutos.Os que participaram da celebração tiveram um momento de reflexão. ``Parece que subir um morro como esse não é nada. Vale à pena rezar pela paz. A oração pela paz é muito necessária. Não temos mais a guerra de quando começou (a tradição), mas temos as drogas, a violência, a arrogância e a falta de afeto’’, afirmou o padre Rodinei Thomazella, responsável pela celebração.

A missa em homenagem a São José Operário também lembrou as relações de trabalho. Thomazella pediu pelos desempregados e trabalhadores. ``Oramos pela justiça e dignidade no trabalho’’, completou.

A subida do morro para a celebração da Missa da Paz faz parte de uma tradição iniciada pelas famílias de imigrantes italianos que moravam no distrito de Borda do Campo. Do alto do Anhangava, eles pediam proteção aos seus conterrâneos, que ao final da Segunda Guerra Mundial sofriam com a miséria. Há três anos, uma determinação do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) transferiu a realização da Missa da Paz para o Morro do Samambaia –que oferece um percurso de subida menos perigoso aos fieis-, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais no local, considerado como área de preservação permanente.

Há quase uma década a aposentada Maria Gerônima de Oliveira, 69, faz questão de participar da Missa da Paz acompanhada de sua família. A tradição começou com os filhos, que sempre iam ao Morro do Samambaia. ``Eles vinham caminhar e na volta eu até jogava a toalha fora, de tão suja que ficava. Um dia eles me chamaram e eu me acostumei’’, conta. Neste ano, dez pessoas, entre filhos e netos, foram ao alto do morro com Maria Gerônima. ``Quanto mais sacrifício, melhor é a missa. Enquanto eu puder vir, com 70, 80 anos, eu venho’’, garante. ``É a fé que move a gente’’, complementa a filha da aposentada, Edna Oliveira, 39.

O tombo que levou na subida do morro não desanimou a jovem Juliane Cristine Santos dos Anjos, 10, que pretende seguir a tradição. ``É legal. Quero voltar’’, conta. Além da missa, a família de Maria Gerônima aproveitou a oportunidade para fazer um lanche no alto do Samambaia.

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