Pescaria para todos os gostos e bolsos

Paraná oferece boa geografia para a prática da pesca amadora, um filão no mercado de turismo náutico do estado

Gazeta do Povo | 29 de julho de 2011

O ditado popular é implacável: “está estressado? vá pescar!”. Neste caso, as baías do litoral paranaense são o local indicado para quem procura relaxar e se divertir ao mesmo tempo. O Paraná é considerado um dos principais estados brasileiros na técnica da pesca amadora, esporte náutico que vem crescendo em todo o país.

A geografia do litoral paranaense, com as águas abrigadas na condição de baías, atrai pescadores de diferentes regiões do Brasil e até mesmo do exterior. Há também bons fornecedores de equipamentos. “O Paraná tem vocação para a pesca esportiva. Tanto que os principais estaleiros que produzem barcos no país estão sediados em Curitiba”, conta o empresário Pedro Davi.

Além da vara e da isca
Se é bom para o pescador, também é bom para o mercado local. A pesca amadora movimenta a economia dos municípios do litoral. Durante a realização dos campeonatos, desembarcam na baía pescadores munidos de equipamentos de tecnologia de ponta, acompanhantes que geralmente passam o final de semana e consomem serviços hoteleiros e gastronômicos. Também fazem parte da lista de consumo desse público o combustível para as embarcações e os serviços de trabalhadores locais e pescadores, que fornecem iscas.

Grandes eventos, como o Campeonato Sul Brasileiro de Pesca ao Robalo, realizado em Guaratuba, operam com a capacidade máxima de inscritos, movimentando ainda mais o litoral. “Na edição deste ano – realizada no dia 9 de julho – a renda gerada estimada foi de R$ 700 mil. Isso mostra a força da pesca amadora como geradora de recursos”, diz o pescador Roald Andretta, organizador do evento. Ele compara que, em relação à pesca comercial, a pescaria de lazer rende cerca de nove vezes mais em relação ao quilo do peixe, de acordo com estudo do Ibama. “Quando capturado para fins comerciais, o quilo do peixe rende cerca de R$ 5. Já na pesca esportiva, o quilo passa a valer R$ 46, com os valores agregados”, explica.

Os investimentos em tecnologia para as provas revelam também um novo perfil do pescador. Sai de cena o homem com a camiseta curta, com uma vara de pescar artesanal à beira do rio, esperando o peixe aparecer. A figura caricata dá lugar a pescadores e pescadoras de todas as idades, que participam de competições com alto nível técnico, utilizando computadores para monitorar os peixes e varas que chegam a custar R$ 2 mil. “O nível das provas brasileiras vem crescendo muito”, avalia o capitão e guia de pesca Marcos Baldo, que trabalha na Flórida (EUA) e veio ao país especialmente para a competição em Guaratuba.

Pesque e solte
Muitos campeonatos apostam na prática do pesque e solte. Os peixes são capturados, pesados e depois devolvidos à água. Para minimizar qualquer impacto na saúde dos animais, as embarcações dos competidores são equipadas com viveiros, onde eles ficam acomodados antes de voltarem ao mar. “Os impactos são baixíssimos”, garante o consultor do ministério da Pesca, Kelven Lopes. Quando estão novamente na água, os peixes demoram até 48 horas para pegar uma nova isca. “Ele passa por um estresse causado pelo desgaste da luta e fica esse período sem se alimentar”, explica Andretta.

Nestes campeonatos, a pontuação só é validada se o peixe for pesado vivo e voltar em condições normais para a água. Para o pescador Jum Tabata, que já participou de competições na Amazônia, em Foz do Iguaçu e em represas paulistas, a prática vai de acordo com o perfil do pescador moderno. “É uma conduta de respeito ao meio ambiente, que é muito importante”, diz.


Da água para a mesa
Peixes e frutos do mar também atraem para o litoral do estado milhares de visitantes em busca de pratos tradicionais preparados com estas iguarias. Por ano, ocorrem cerca de dez eventos gastronômicos com esse perfil.

Realizadas no inverno, quando a temperatura da água aumenta a oferta do pescado, as festas animam a região na baixa temporada e movimentam a economia. “As festas divulgam as cidades, prestigiam a comida típica da região e possibilitam que os pescadores das colônias tenham uma fonte de renda extra”, avalia o presidente da Fundação Municipal de Turismo de Paranaguá (Fumtur), Luiz Fernando Oliveira. Um exemplo é a Festa da Tainha, realizada em Paranaguá: em 18 dias,: 115 mil pessoas passaram pela cidade e mais de 36 toneladas de peixe foram comercializadas.

Festas e festivais também agitam a vida noturna dos municípios e o turismo. Só a observação do ritual dos pescadores torna-se uma atração para quem visita o litoral. Quem participa da puxada da rede, na praia, ainda leva peixe para casa.

* A repórter viajou à convite da Loba do Mar Eventos.


Sem estresse
O Ministério da Pesca determina algumas condições para a realização de pesca esportiva. Veja quais são elas:

- É proibido pescar durante o período de defeso, para a proteção da reprodução natural dos peixes.

- O pescador deve respeitar a cota de pesca. Para as águas continentais, o limite é de 10 quilos mais um exemplar. Em águas marinhas, a cota é de 15 quilos mais um exemplar.

- O praticante da pesca esportiva deve possuir a Licença da Pesca Amadora, documento que autoriza a atividade e deve ser apresentado mediante solicitação. A documentação é válida em todo o território nacional.

Mais informações no site do Ministério da Pesca www.mpa.gov.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário